sábado, setembro 29, 2007

Euromilhões

Não... não me saiu o euromihões (mas vai sair!!).

Mas saiu-me sim o euromilhões em tudo o resto.

Tenho a minha querida familia, os meus amigos e os meus amores. Um jackpot do melhor que há.

Um dia quando tinha apenas 18 anos, em plena A.v da Liberdade na fabulosa cidade do Porto um monge... penso que seria budista abordou-me e disse-me que eu tinha um coração grande... Assustei-me e respondi-lhe de imediato que o meu coração era do tamanho do de toda a gente. Ele insistiu que eu tinha um coração grande!
Hoje acredito que sim. O meu coração tem mesmo que ser enorme para ter lá dentro todas estas pesssoas fantásticas que completam a minha vida...


Uns fizeram-se chegar por carta, outros por email, outros ainda por telefone...e ainda há os que aqui estão até e para reforçar a sua presença fisicamente. Estendo a minha mão e consigo tocar-vos... Estou maravilhada... o meu coração é vosso!!

Adoro-vos a todos!


"My dream is to fly over the rainbow so high..." vamos juntos

terça-feira, setembro 25, 2007

Hoje estou melhor...


Os olhos húmidos, as mãos calejadas e frias, a pele baça e branca, a boca seca...
"Tenho frio nos pés. Calças-me umas meias?" Levantei o lençol e calcei as meias. Os pés gelados e ásperos. O lençol branco, as paredes brancas, as caras brancas....
Os últimos raios de sol penetram pela janela. Tons de amarelo pintam o quarto do hospital. Chegou a hora de conhecer o desespero de não saber o que fazer, da total impotência perante a doença, perante o bicho que corrói e mortifica. A esperança ainda luta para vir ao de cima.
"Pode ser que não tenha metástases. Pode ser que fique bom..." Sussurram-se previsões.
A lembrança do que passou serve para alimentar as tuas horas, para ajudar a passar os minutos. O que recordas enquanto aí estás deitado? Que passagens da vida te fazem agarrar à vida? Os tempos de criança, os namoricos e aventuras de solteiro, a vida de casado, o nascimento dos filhos, a última visita da mulher?...
"Era melhor que cá não viesse. Para sair logo a correr, era melhor não ter vindo. Não precisas de vir mais, estive quase para lhe dizer..."
E há um abismo entre eles. Não um fosso, nem sequer um muro. Há um mar infinito, um abismo imenso que os separa. Nem mesmo na dor os corações se unem. O que poderá dividir tanto, o que poderá originar tanto ressentimento, tanta mágoa, tanto rancor dissimulado em gestos secos e olhares de reprovação?
Arranjo os tubos para que se possa voltar um pouco.
"Dói-me tudo. As costas, a barriga, as pernas... Disseram-me que não posso comer. Tenho tanta fome. Ainda bem que vim a tempo. Ainda bem... Se esperasse mais, podia ter morrido..."
Ainda bem que aqui estamos todos, para podermos também ainda emendar alguma coisa, sanar algum mal, aconchegar os lençóis, molhar os lábios, contar uma piada, falar de trivialidades (do campo, dos animais, do trabalho, do trânsito para chegar e para voltar, do futebol, do apetite voraz que tinha quando era mais novo e tudo lhe sabia bem, dos intermináveis dias em que trabalhava e nunca folgava para ganhar mais)... Tudo é um bom tema para conversar "porque hoje já não estou tão cansado... Hoje estou melhor..."

quarta-feira, setembro 19, 2007

Procurar onde não há...

Perante a desilusão, procuram-se novas cores para a vida... Vasculham-se ideais passados, esperanças longínquas, escavam-se atalhos para encontrar o caminho, recomeça-se com alguma nostalgia como se tudo não tivesse passado de um sonho mau. Ainda que prostrados pelo desencanto, recolhemos no orvalho da manhã as gotas de água que fortalecem o corpo e aceitamos o olhar condescendente, solícito, apaziguador de quem pensa que compreende. Procura-se nos outros o ânimo para sorrir... Esquecemos que o sorriso vem da alma... Procuramos nos braços dos outros as forças que nos faltam... Esquecemos que é de nós que surge o primeiro passo, que é de nós que tem que vir o primeiro alento...


Procurar... Porquê procurar onde não há?...
Não posso caminhar com os teus músculos, não posso ver com os teus olhos, não posso sorrir com os teus lábios, não posso tocar com os teus dedos, não posso amar com o teu coração...

segunda-feira, setembro 17, 2007

O tempo das memórias



Perdemo-nos tantas vezes nas memórias daquilo que passou...

Revolvemos o espírito e procuramos razões para ter sido desta forma e não daquela...

Questionamos o que nos levou por certo atalho de bruma e escuridão e não por caminhos de céu claro e brisa suave...

Valerá a pena este diálogo com o passado que nos prostra e revolve o coração?
Talvez a verdadeira sabedoria esteja unicamente em não perguntar nada e aceitar que caminhamos numa direcção mais sábia e com mais significado. Aceitar que a nossa lenda pessoal tem que ser cumprida para que tudo possa fazer mais sentido, olhando em frente sem nos extenuarmos a analisar o que passou.
O presente é para viver na plenitude e o futuro foi um presente que nos foi oferecido para o escrevermos sempre como se fosse a primeira vez. Temos esta oportunidade garantida. Não mudaremos as memórias, mas é tempo de mudar o futuro das memórias que virão!...