sexta-feira, novembro 16, 2007

Proteger

Quando amamos alguém e vemos que o caminho escolhido leva ao precipício, devemos intervir, alertar, fazer compreender... Mas o que custa, não é esta intervenção, esta orientação que pensamos ser a melhor para a pessoa a quem queremos bem. O difícil é proteger sem sufocar, é ajudar, orientar, esclarecer sem impôr uma alternativa. O que é penoso é dar apenas a mão sem arrastar o outro connosco. O que custa verdadeiramente é dizer a alguém que nos é querido e que amamos com todo o coração: "Sei que estás no caminho errado, mas deixo-te ir porque tu queres que assim seja, porque TU é que decides o teu destino e eu só posso ficar a assistir..." O que temos de mais sagrado é esta liberdade individual para podermos fazer com a nossa vida o que quisermos, mesmo sem escutar ninguém, sem ouvir os outros, esta liberdade para errar e crescer com os erros (ou ser destruido por eles). Mas também uma das coisas que mais custa é assistir ao desabar do mundo de alguém que amamos infinitamente e não ter podido fazer nada, precisamente devido a essa liberdade.
Não puder guardar todos os que amamos numa redoma de vidro e protegê-los dos precipícios da existência!...

quarta-feira, novembro 07, 2007

Como um rio

Pesam-me os braços, as pernas, todo o corpo que está a mim agarrado me pesa como um fardo absurdo e incontornável. Cansaço, cansaço....
E a cabeça como um rio que leva, que escorre a sanidade, que arrasta para longe o fio de lucidez…
A cabeça como um rio que arrasa a calma, que exaure a serenidade, que me deixa de olhar inerte, presa ao ruído, à alucinação. Sem nada lá dentro, só o absurdo resta. Não entendo o que me leva e traz, o que me empurra, o que me arrasta.
Um peso no peito, uma fadiga brutal instalada em todas as células do meu corpo. Deixo-me compelir pelas horas, pelos minutos, pelas obrigações que me chamam, pelo paradoxo de saber da inutilidade das coisas, do sem sentido dos compromissos, da iniquidade da rotina que mata tudo o que tem significado.
E a cabeça como um rio, sempre, todos os dias igual. Um rio sem margens, sem princípio nem fim, um rio que tudo arrasta, que tudo leva, só não leva este cansaço de mim.

terça-feira, novembro 06, 2007

O segredo do futuro


O segredo do futuro,
é o Amor.
Um Amor sublime e puro,
o belo Amor.
Só o Amor
Resolve tudo numa esperança maior.
Sem Amor
o que era grande é já menor
Sem Amor
o que era bom ficou pior
Só o Amor
Resolve tudo e traz a esperança até nós.
Eu vejo o tempo a passar muito depressa
E ao longe essa esperança
Que sinto apagar
Chamou por mim
Para eu a chamar.
A idéia do Amor
Aconteceu
na estrada da Terra até o Céu.
A idéia do Amor nao se perdeu
E devolveu tudo o que se deu.
A chave do futuro é dar de novo Amor
A todo o "outro"
O "outro" que és tu, e ele, e eu,
A sós neste mundo.

(Pedro Ayres Magalhaes / Fernando Jódice - cantado por Madredeus)