sábado, maio 24, 2008

Oficialmente a envelhecer...

foto de Graça Loureiro - internet

É certo que envelhecemos desde o dia em que nascemos. Mas quando é que envelhecer começa a ser algo oficial? Será quando surgem os primeiros cabelos brancos? Será que é quando os ossos começam a doer, adivinhando mudança de tempo? Será quando as linhas do rostos se tornam mais fundas e a pele vai perdendo firmeza? Será quando já não conseguimos correr como dantes atrás de uma criança sem perder o fôlego? Será quando olhamos os jovens à nossa volta e dizemos "No meu tempo não era nada disto..."? Será quando vemos uma mini-saia e dizemos "Isto não é para a minha idade..."
Eu não sei, mas parece-me que é quase tudo isto à mistura, uma coisa de cada vez, claro, mas todos os dias é uma coisa... A cintura alargou, o peito está menos firme, os olhos estão mais fundos, as rugas mais marcadas... Diabo, só a celulite não desapareceu!
Talvez esteja a atravessar uma petite crise pré-aniversário, para estar a pensar nestas coisas...
Raios partam os aniversários: só existem para nos lembrar que os anos estão sempre a passar e que a frescura da idade se está a transformar na sabedoria da maturidade! Vamos chamar-lhe antes maturidade, para tornar as coisas menos difíceis!...


imagem retirada da internet, autor desconhecido

sexta-feira, maio 23, 2008

Angels




I sit and wait
Does an angel contemplate my fate
And do they know
The places where we go
When we're grey and old
'cos I have been told
That salvation lets their wings unfold
So when I'm lying in my bed
Thoughts running through my head
And I feel the love is dead
I'm loving angels instead

And through it all she
offers me protection
A lot of love and affection
Whether I'm right or wrong
And down the waterfall
Wherever it may take me
I know that life won't break me
When I come to call she won't forsake me
I'm loving angels instead


When I'm feeling weak
And my pain walks down a one way street
I look above
And I know I'll always be
blessed with love
And as the feeling grows
She breathes flesh to my bones
And when love is dead
I'm loving angels instead

And through it all she
offers me protection
A lot of love and affection
Whether I'm right or wrong
And down the waterfall
Wherever it may take me
I know that life won't break me
When I come to call she won't forsake me
I'm loving angels instead

And through it all she
offers me protection
A lot of love and affection
Whether I'm right or wrong
And down the waterfall
Wherever it may take me
I know that life won't break me
When I come to call she won't forsake me
I'm loving angels instead



Uma aula desta semana, às 8.30 da manhã, começou assim:
- Hoje não vamos fazer nada. Faltam 3 aulas para acabar o ano.
- Nem trouxe caneta, nem caderno...
- É. Stora, hoje não vamos fazer nada. Acabaram-se as fichas.
- Estamos cansados.
9 alunos na turma. Eram 17, inicialmente, abrangidos pelo programa. Alguns nunca apareceram, outros foram trabalhar a meio do percurso. Turma PIEF (Plano de Integração, Educação e Formação). Turma de alunos problemáticos, oriundos de famílias com rendimento mínimo, famílias carenciadas, com problemas de álcool, prostituição, droga e maus tratos à mistura, abrangidos num projecto de prevenção de trabalho infantil e integração social.
- Hoje não vão fazer fichas. Vamos ter uma aula diferente, mas em Inglês, claro!
- Oh, já sei. Palavras cruzadas, sopa de letras... Não me apetece...
- Não é isso. Hoje só vamos ouvir música e entender a letra.
(Comigo não costumam regatear muito... Acabam por colaborar, desde que lhes diga que no fim jogamos um jogo. "Um jogo viciante: nomes, países, cidades, animais, marcas... A ver quem ganha!")

Fizeram três "listenings". A última era esta: "Angels"... A música começou.
A sala ficou em silêncio. Ouviram e tentaram escolher as palavras que faltavam das opções apresentadas. E a música, por alguma razão, pareceu acalmá-los... Verificamos as palavras e o exercício e fomos traduzindo a letra toda, para perceber a mensagem... Quiseram ouvir de novo e cantaram ao mesmo tempo na sua rude pronúncia, acompanhando com dificuldade algumas partes e, no fim, ficaram em silêncio. E pediram para ouvir outra vez e parece-me que dessa vez as vozes deles ouviram-se por todo o corredor do bloco E ( a turma só tem uma menina!)... E eu observava-os, cantarolando (gosto muito da música!) e pareceu-me que aqueles miúdos, por breves instantes estavam também a ser tocados por anjos!
- O Robbie Williams é fixe!- disse um...


Não será necessário dizer que nessa aula não houve tempo para fazer o tal jogo "viciante"!...

quarta-feira, maio 21, 2008

Ídolos, ou também não? Heróis, ou nem por isso?

Um tema actual: professores há muitos! E este mundo está carregado de maus e bons professores. Bom, talvez mais maus que bons, ou talvez mais assim-assim que bons e que maus!
É chegado o momento de deixar aqui a minha declaração de interesse: sou professora.
Após isto, posso falar à vontade!
Tive poucos bons professores e as coisas não devem ter mudado muito desde os meus tempos de estudante, já lá vão uns bons 15 anos. Referências para mim, não tive muitas. Talvez por isso tenha decidido ser diferente, mudar o mundo (santa ingenuidade)...
Decidi ser professora no 12º ano apenas, embora se notasse já antes uma forte inclinação para ensinar, para explicar aos colegas as coisas que eu entendia melhor.
Posso dizer, então, que decidi ser professora por vocação. Hoje arrependo-me. Por tudo. Pela frustração que esta carreira me tem trazido, pelas expectativas defraudadas, pelas medidas governativas dos últimos anos que visaram deteriorar a imagem dos professores e achincalhá-los publicamente, pela nova geração de alunos irresponsáveis e sem objectivos, pelo facilitismo que se instalou como consequência dessa desmotivação generalizada e pela ambição política em apresentar números, enfim, pelo desgaste que a educação em Portugal tem sofrido nos últimos tempos.
Ainda me lembro da alegria que sentia quando entrava na escola e no prazer que sentia quando acabava uma aula e percebia que os alunos tinham chegado mais longe através de mim, naquele dia! Ainda me lembro da saudade que sentia dos alunos durante as férias! Ainda recordo os sorrisos deles a comemorar a lição 100 com fotos, flores e bolos...
Hoje há desencanto na escola.
Hoje sinto a escola como um local de trabalho, um local burocrático e impessoal, um local onde há alunos que têm que passar ainda que nada saibam, onde os alunos vivem fechados dentro de salas de aula quer haja aula ou não, um local sem alegria.
E, de repente, sinto-me uma professora cinzentona, funcionária pública que tem que mostrar relatórios e mais relatórios, que quase não tem tempo para criar aulas diferentes e interessantes, para pesquisar, para inovar, uma professora igual a tantas outras que tive quando era aluna. Uma professora desmotivada e cansada.
Confronto-me com uma geração do prazer imediato, que não encontra qualquer motivação na escola, que encara qualquer actividade com fastio e indiferença... Confronto-me com uma crise de valores no dia-a-dia. Dizem os pais: "Já não sei o que lhe hei-de fazer... Não o/a posso matar com porrada. Já lhe tirei tudo, mas não muda, não quer saber..."
Quando uma mãe ou pai me diz isto, o que posso EU fazer?...
Parece-me que a sociedade está a atravessar uma enorme crise. Sinto que os professores estão no meio dela e, talvez, a sintam mais na pele que os outros. Eu, pelo menos, sinto-o.
Quando era estudante tinha objectivos, sabia que a educação seria o passaporte para uma vida melhor, para a minha realização pessoal. Hoje, nada falta aos jovens, não têm que lutar por nada. Foram os pais que lutaram por eles, daí a passividade, a letargia...
Salvam-se poucos desta corrente de pensamento e atitude. Para esses poucos que lutam contra a corrente, pelo menos, o professor ainda é um herói! Por esses é que ainda procuro forças e vontade para ser algum tipo de inspiração!...
"A teacher affects eternity; he can never tell where his influence stops." Henry Adams

quinta-feira, maio 15, 2008

Canela ou não? Eis a questão!


Ontem estive entretida a tentar dar-vos uma aula de etiqueta.
Pois bem, hoje quem precisa de uma aula sou eu! Não é de etiqueta, mas sim de culinária!
É que ontem ao jantar o meu franganote, o Gonçalo (com 5 anos), fez-me uma pergunta a qual eu não lhe soube responder.
Se alguém me puder ajudar fico grata!

Gonçalo - Oh mãe eu hoje comi uma sobremesa lá no colégio que estava mesmo boa!
Era um arroz doce, mas não tinha arroz.


Mimi - Se não tinha arroz não era um arroz doce…

Gonçalo - Ai não?? Então porque é que tinha canela, hein?

Mimi – (até hoje sem resposta!)

quarta-feira, maio 14, 2008

Uma aula de Etiqueta !



A minha profissão tem-me proporcionado ao longo dos tempos diversas aprendizagens.
Desse crescimento e dessas mesmas aprendizagens diria que a de maior relevância é de facto o contacto com pessoas.
Diversos projectos, varias áreas funcionais, vários clientes em diferentes pontos da cidade, com inúmeras pessoas.
Gosto desta profissão e desta dinâmica!
Trabalhando na área de informática como consultora, esta capacidade de mutação e de adaptação a novos ambientes é imperativa.
Com o passar do tempo fui ganhando ou refinando determinadas características, e hoje, posso afirmar que ao fim de pouco tempo de inserção num novo ambiente é-me fácil radiografar os outros e traçar de uma forma precisa as vicissitudes de cada um.
Gosto de passar de uma forma discreta, e assim sendo, aprendi a concentrar-me no que há de mais importante, dando menos ênfase as particularidades que menos me agradam.
Ao longo destes anos tenho feito verdadeiras amizades, guardo saudades e lembranças de alguns desses projectos...
Mas tenho de confessar que pela primeira vez estou a atravessar uma crise e na maior parte dos dias sinto-me como se estivesse num Big Brother.
Não por me sentir observada ou vigiada, mas sim, pelo facto de ser obrigada a conviver e partilhar o meu tempo com quem não tenho a menor afinidade.
Passo a explicar...
Nas horas do café, do almoço ou lanche deparo-me com conversas que eu chamaria de surreais e fúteis, tal é a distancia da orbita em que situam.
Deixo-vos com algumas partes dessas fantásticas conversas, na esperança que ao menos por ai alguém se consiga divertir:

- Despede-se a empregada doméstica porque ela não lava o chão de joelhos,
- Compram-se toalhas de plástico a 60 euros o metro quadrado,
- Metem-se os filhos em colégios onde eles são servidos ao almoço com um empregado de fato e gravata, com toalhinha de pano no braço,
- Não se comem camarões com as mãos porque isso é um nojo,
- Repreende-se quem diz "casa de banho das mulheres" porque o que é mesmo chique e de bem é dizer "casa de banho das senhoras",
- Casa de 300 mil euros é uma verdadeira pechincha,
- As mãos devem ser arranjadas pelo menos duas vezes por semana,
- Não se consegue comer peixe com talheres de carne,
- Laranja só é comestível se for descascada e cortada as rodelas, por causa do cheiro nas mãos,
- Se alguém espirra não se deve dizer saúde (não me perguntem porquê porque nesta fase eu já tinha desligado),
- Cães em casa só com Pedrigree ...rafeiros não dá,
- Uma menina só pode usar biquini a partir dos 8 anos, antes disso, só fato de banho,
- Não de deve limpar a cara em tolhas que não sejam brancas.

Bem, um dia ainda vou escrever um livro e fazer concorrência a Bobone com tanta etiqueta. Enquanto este dia não chegar, vou tentando passar o que apreendo aqui diariamente, que como podem verificar, é de uma importância absolutamente vital!
Se por ventura me encontrarem um dia destes a almoçar sozinha não estranhem.
É que há dias em que me falta a paciência para estas aulas de etiqueta...

segunda-feira, maio 12, 2008

Sapatos apertados

Quando os sapatos são apertados…dói andar, doem os pés…mas o que dói mais é o aperto que provocam na nossa vida e na nossa alma. No existir e no sentir.
Quando algo que dizes me aperta o coração… quando o que se vive é sempre muito pouco… quando fico só e no meu pensamento estão todas estas coisas...vejo que trago nos pés uns sapatos apertados.
Quanto desconforto nos causa trazer nos pés uns sapatos que apertam…É terrível o que se sente… os pés doem mas essa dor e desconforto passa desde as extremidades que são os nossos pés e chega à alma.
Uma certeza eu tenho: enquanto caminhamos com esse calçado nada é bom pois esse desconforto não nos deixa sentir o que de bom nos rodeia. Até podemos estar num sítio maravilhoso, num lugar encantado mas logo depois dos primeiros passos os pés… e o resto do corpo atrofia. Nada mais ocupa a nossa cabeça a não ser a ideia de os descalçar e libertar-nos desse aperto.
Por muito tristes que isso nos deixe… há sapatos que só são bonitos na prateleira!

quinta-feira, maio 08, 2008

MAYDAY




Todos com certeza já ouviram a famosa palavra MAYDAY.
Por definição significa :
"Mayday é a chamada radiotelefônica de emergência ou socorro, versão anglicizada do francês m'aidez,
"ajude-me". Utilizada principalmente nas navegações marítimas e aeronáuticas, faz parte do Código
internacional de sinais e do Código Fonético Internacional."
Pois bem, hoje não pretendo fazer nenhuma chamada radiotelefónica mas sim uma chamada radioplanetária.
Vou chamar a minha nave e pedir-lhe encarecidamente para me levar de volta para o meu planeta, porque a minha missão por aqui já teve melhores dias.
Sei que nem todos vêm para este planeta com a mesma missão, e enquanto a uns a vida lhes corre de feição no que eu chamaria de um circulo perfeito, os outros têm de caminhar por caminhos íngremes e bem mais tortuosos.
Uns chamam-lhe karma, outros sorte, outros sei lá o quê!
Para quem não me conhece o meu nome é Mimi e sou do signo peixes.
Pois bem, parte da minha incapacidade de adaptação está precisamente ai, nos 2 peixes que compõem a minha personalidade.
Se por um lado um dos peixes é sensível, frágil, doce, ingénuo e por vezes infantil, o outro é uma verdadeira fera, refilão, teimoso, ansioso, sem paciência e muitas vezes inflexível.
Diria mesmo que um dos peixes é tipo Nemo e o outro é um tubarão, o tubarão mau!
Pois bem, sabendo os meus criadores de antemão que sofro com esta falta de entendimento entre os meus dois peixinhos, não se percebe como é que me puseram justamente numa missão tão complexa.
Tenho os meus 2 meninos oprimidos e tristes... e se eles andam insatisfeitos, eu, não por consequência mas por solidariedade, também fico!
É que nós lá no meu planeta somos todos muito solidários!
Mandei um fax ao meu criador e expliquei-lhe que se por um lado o meu Nemo gosta de uma vida pacata, calma, sem sobressaltos e sem conflitos, o meu tubarão mau tem mesmo um génio difícil e muita falta de paciência principalmente quando se cruza com determinados espécimes da raça humana.
E digo-vos uma coisa, espécimes raros nesta minha missão é o que não me tem faltado!
Tropeço em alguns quase todos os dias e não encontro forma de os conseguir afastar.
Se por sorte um se afasta aparecem mais dois ou três.
É como os cabelos brancos, arranca-se 1 nascem 7!
Como devem calcular hoje nem ouvi o meu Nemo piar, o protagonismo foi todo para o meu tubarão mau que só não arrancou o braço a alguém porque o meu Nemo não deixou.
Infelizmente fui informada que um dos sensores da minha nave está avariado e como tal terei de prolongar a minha estadia no planeta terra por mais algum tempo.
Resta-me tentar conviver e conduzir da melhor forma o que me resta desta minha missão por aqui e nos dias mais nublados subir ao cimo de um monte e gritar de plenos pulmões:
MAYDAY, MAYDAY, MAYDAY !!

segunda-feira, maio 05, 2008

Diário de uma mãe - 2 (no dia da mãe)

O príncipe desta história!...

Quando eu nasci,

Quando eu nasci,
Ficou tudo como estava
Nem homens cortaram veias
Nem o sol perdeu raios de fileiras...
Somente,
Esquecida das dores
A minha mãe sorria...
Quando eu nasci,
As nuvens não espantaram,
Não enlouqueceu o poeta que cantava...
Para que o dia fosse grande e faustoso
Bastou o riso amoroso
Da minha querida mãe!



Edgar Filipe, 11 anos
4 de Maio de 2008
Beijinhos para todas as mães, em todos os dias!...