domingo, novembro 30, 2008

Super mulher



Habituei-me a ver-te, mãe, a sair apressada pela manhã, ainda antes das oito e a acordar-me antes de ir com um recado sempre importante para o dia. Sabia que estavas já acordada há muitas horas, pois o cheiro a comida acabada de fazer, àquela hora já me havia entrado pelas narinas, vindo da cozinha, passando o corredor gelado em direcção ao pobre quarto enegrecido pela humidade nas paredes e no tecto, onde dormíamos as duas, as duas irmãs com dois anos de diferença, aquecidas por quilos de cobertores, pesados em cima de nós, aquecidas pelo corpo uma da outra, por falta de dinheiro para aquecedores e electricidade.
Lembro que saías sempre apressada, com o almoço do pai numa marmita embrulhada em jornais e que deixavas escritos os recados num papel, em cima da mesa da cozinha, caso eu não tivesse ouvido tudo por estar ainda meio adormecida. Saías apressada para trabalhar a duas horas de distância, para apanhar por vezes três transportes até lá chegar e, depois de oito ou mais horas de trabalho, regressar pelo mesmo caminho e chegar já tarde a casa, por vezes depois das oito, para repetir tudo de novo e seres a última a deitar-te.
Pergunto agora, mãe, já adulta e mãe também, porque nunca tiveste férias. Pergunto porque nunca sentiste falta de uma viagem, de um cinema, de um concerto, de um teatro, de um vestido novo, de maquilhagem, de uma massagem, de um spa, de um creme novo, de uns sapatos a combinar com a carteira.
Pergunto, mãe, como conseguiste viver toda uma vida sem saber o que era uma noite romântica, um jantar a dois à luz das velas, sem saber o que era receber um presente (“É para ti. Comprei-o, porque pensei em ti, porque reconheço que tenho uma grande mulher ao meu lado, porque te admiro, porque sou um felizardo por te ter a meu lado.”) Pergunto, mãe, como pudeste pensar só nos outros, nos filhos, no marido, na família e te esqueceste completamente de ti.
“Só quero descansar um bocadinho. Dói-me tanto a cabeça.”
Recordo estas palavras recorrentes que entraram, também, por mim dentro como o cheiro dos teus cozinhados pela manhã, bem cedo. Habituei-me a ver-te cansada, mas nunca desanimada. Habituei-me à tua mão áspera que raramente me fazia uma festa no rosto (talvez porque também nunca o tenhas recebido em criança), mas que me aconchegava a roupa da cama antes de dormir e para mim isso era carinho, isso era segurança.
Recordo que cresci sem medo. Ainda hoje não o tenho. Sabia que tu, mãe, resolverias tudo. Arranjarias sempre solução para as rasteiras que a vida nos preparasse. Habituei-me a ver-te a cair e a não chorar, mesmo grávida, com quarenta anos, aflita por dentro por não saber se tudo estava bem… Grávida aos quarenta, porque o amor era maior, maior que a desilusão, maior que o deserto no peito, maior que a dor nos ossos que já moía a doçura do sono.
Habituei-me a ver-te, mãe, como uma super mulher…
E para todas as super mulheres como tu, não existem palavras nem canções suficientes para dizer o quanto valem…


What a lovely song!...






quarta-feira, novembro 26, 2008

Tinta, escrita, vida permanente

Sempre me incomodou a escrita das canetas de tinta permanente… são aquelas com uns bicos muito bem desenhados e cuja elegância das canetas me fazem por vezes desejar escrever com elas. Mas eu não lhes consigo dar a correcta utilização e até sou capaz de furar o papel quando me atrevo a usá-las.

Perturbam-me as pessoas que não conseguem viver de forma vincada o que sentem ou o que são, seja isso bom ou mau aos olhos do mundo. Vivo de forma Permanente, sinto de igual forma e sou assim mesmo. Mesmo que o que fique registado seja apenas com uma caneta simples e sem aparente beleza mas que cumpre em tudo o objectivo para o qual a escolhemos.

Mas porque estou a dizer isto tudo agora? Apenas porque, uma vez mais, me dou conta que muita gente gostaria de poder viver apenas como se a vida fosse assim como uma escrita de lápis: assim leve e supérflua e que uma simples borracha facilmente teria o poder de apagar os momentos.

Registo cada instante de cada rosto, cada emoção que me faz sentir viva, a cor de cada pedaço de ar que rodeia o instante… mais um instante de alegria e felicidade. Guardo-os de forma permanente no baú do meu coração.

sexta-feira, novembro 14, 2008

Já agora, a letra da canção!

É, de facto, um hino à nossa força interior!


HERO, Mariah Carey

There's a hero if you look inside your heart.
You don't have to be afraid of what you are.
There's an answer if you reach into your soul
and the sorrow that you know will melt away.
And then a hero comes along
with the strength to carry on
and you cast your fears aside
and you know you can survive.
So, when you feel like hope is gone
look inside you and be strong
and you'll finally see the truth
that a hero lies in you.

It's a long road
when you face the world alone.
No one reaches out a hand for you to hold.
You can find love
if you search within yoursel
fand the emptiness you felt will disappear.

And then a hero comes along
with the strength to carry on
and you cast your fears aside
and you know you can survive.
So, when you feel like hope is gone
look inside you and be strong
and you'll finally see the truth
that a hero lies in you.

Lord knows dreams are hard to follow,
But don't let anyone tear them away.
Hold on, there will be tommorow.
In time you'll find the way.

And then a hero comes along
with the strength to carry on
and you cast your fears aside
and you know you can survive.
So, when you feel like hope is gone
look inside you and be strong
and you'll finally see the truth
that a hero lies in you.
That a hero lies in you,
that a hero lies in you.

Fundir lâmpadas


Acontece-me muitas vezes... ponho a mão e pummm... foi-se!! A lâmpada não se funde apenas, estoura mesmo! Desta vez dei comigo a rir... à gargalhada.
Eu sabia... trazia comigo ou ainda trago uma tal força que não há lâmpada que resista. Vai-se embora de vez, estoura e apaga-se para sempre.
Não sei se vos acontece o mesmo...mas quando estou assim, a não conseguir manter dentro de mim toda esta força é uma lâmpada ou um aparelho qualquer que recolhe a energia e não resiste e lá entro eu em despesas!
Penso que é o mesmo que acontece com as pessoas... não me aguentam por muito tempo: primeiro encantam-se, depois têm medo da força e depois têm que partir para um sitio mais apático, com menos energia!!
Neste caso as despesas não são materiais mas também deixam a sua marca...

HERO

http://www.youtube.com/watch?v=9KojptKmhvM

Ainda me surpreendo quando uma música antiga me recorda algo do passado... No caso ouço uma musica que relembra-me os tempos felizes que tu viveste quando ainda estavas no meio da ilusão do amor. Recordo o teu rosto e a leveza que trazias porque estavas entregue e porque, mesmo sem pensar nisso, vivias o amor da tua vida: tal qual uma princesa, tal e qual como a princesa que és!! Mas isso só se vive uma vez porque quando esse amor entra no abismo nunca mais voltamos a acreditar nem a entrega é igual outra vez.

Era o dia do teu casamento e mais tarde seria o dia de uma visita minha onde tudo ainda era real.

Como me entristece pensar que não foi possivel, o teu, ser um amor eterno com toda aquela magia! Aproveito as palavras da musica seguinte: "não deixes que este amor morra assim..." mas morreu.
Porque é que tem que ser assim?

terça-feira, novembro 11, 2008

Portas



"Se você abre uma porta,
você pode ou não
entrar em uma nova sala.
Você pode não entrar
e ficar observando a vida.
Mas se você vence a dúvida,
o temor, e entra, dá um grande passo:
nesta sala vive-se!
Mas, também, tem um preço...
São inúmeras outras portas
que você descobre.
Às vezes curte-se mil e uma.
O grande segredo
é saber quando e qual porta
deve ser aberta.
A vida não é rigorosa,
ela propicia erros e acertos.
Os erros podem ser transformados
em acertos quando com eles se aprende.
Não existe a segurança do acerto eterno.
A vida é generosa,
a cada sala que se vive,
descobre-se tantas outras portas.
E a vida enriquece
quem se arrisca a abrir novas portas.
Ela privilegia quem descobre seus segredos
e generosamente oferece afortunadas portas.
Mas a vida também pode ser dura e severa.
Se você não ultrapassar a porta,
terá sempre a mesma porta pela frente.
É a repetição perante a criação,
é a monotonia monocromática
perante a multiplicidade das cores,
é a estagnação da vida...
Para a vida,
as portas não são obstáculos,
mas diferentes passagens!"
(Lçami Tiba)

segunda-feira, novembro 10, 2008

Amigos dos meus amigos


Há uns tempos atrás estava num restaurante e dei por mim a observar a mesa ao lado.
Só homens compunham a dita mesa e das baboseiras ditas alto e em bom som retive uma:
“Eu cá sou amigo dos meus amigos”.
Ora aqui está um pensamento profundo, sim senhor!
É que eu cá também sou amiga dos meus amigos, o problema é quando tomamos por amigos aqueles que já há muito deixaram de o ser. Mas isso é apenas um à parte.
Na realidade o busílis da questão prende-se com o facto aqui desta mocinha não conviver lá muito bem com facto de alguns amigos dos meus amigos acharem que também são meus amigos. Parece confuso? Mas não! É que esses novos amigos prodígio sabem tudo acerca de mim e são mesmo muito a frente. Vá de opinar, de combinar programas etc. Isto a malta é toda muita fixe! Já nos conhecemos há bué, até já trocamos uns mails, já comentei o teu blog e tal, afinal somos mesmo super amigos!
Vale-me o facto de ser moça bastante condescendente e com infinita paciência ….

sexta-feira, novembro 07, 2008

Luxúria

Sei que a luxúria é um dos sete pecados mortais, mas hoje atrevia-me a:

Pegar no carro ...

Chegar a casa ...



Tomar um banho ...



Vestir uma coisinha simples ...



Jantar a dois ...


E como já dizia a outra: ”E se eu não gostar de mim, quem gostará?”

Beijinhos e Bom fim de Semana !

quarta-feira, novembro 05, 2008

Quem esta pessoa que está ao meu lado?


Li recentemente a seguinte frase: "É necessário uma dose homeopática de masoquismo para viver em sociedade e tolerar aquele estranho que temos ao lado no metro, na fila do cinema, no trabalho e na cama".
Já muitas vezes ouvi comentar que era muito dificil estar ao lado de certas pessoas - isto já para não falar de conviver - quando não somos nós que as escolhemos para ali estar... mas hoje faz-me muito mais confusão estar ao lado de pessoas que escolhi erradamente e mais ainda quando é difícil, senão mesmo impossível, afastá-las de vez do meu caminho.
Um destes dias fiz um exercício que durante muitos anos o repeti sem nunca ter pensado desta maneira: por força das circunstâncias estive numa igreja em comunidade, a rezar ao lado de tanta gente que eu não escolhi (nestes locais nunca escolhemos as pessoas que ali estão). Achei muito estranho rezar, e ainda por cima em voz alta, em unissono com aquelas pessoas. Senti que foi muito dificil pois sentia cada frase que dizia de uma forma autêntica (as plavaras entravam em mim e faziam eco no meu coração) e estava a partilhar isso com todos os presentes.
Saí dali a questionar tudo o que se faz numa oração em comunidade, o seu sentido ou a falta dele do ponto de vista de tanta gente...e não pude deixar de me questionar sobre esta homeopatia de viver em sociedade.

domingo, novembro 02, 2008

Gosto de ti!...




gosto de ti desde aqui até à lua
gosto de ti desde a lua até aqui
gosto de ti simplesmente porque gosto
e é tão bom viver assim...

André Sardet, Adivinha o quanto gosto de ti


sábado, novembro 01, 2008

Pensamentos... Ou várias formas de amor...


(autor desconhecido)


" Também de meu amor precisas para ser feliz, desse amor de impurezas, errado e torto, devasso e ardente, que te faz sofrer."

Jorge Amado, Dona Flor e Seus Dois Maridos



"Por vida desse amor mágico que desafiava o poder da morte, conhecíamos todo o passado habitado pela espera do nosso encontro, trocávamos recordações dos lugares onde nunca estivéramos, emoções dos corpos que já não éramos, (...)"

Álvaro Guerra, No Jardim das Paixões Extintas



"Minh'alma de sonhar-te anda perdida

Meus olhos andam cegos de te ver!

Não és sequer a razão do meu viver,

Pois que tu és já toda a minha vida!"

Florbela Espanca, Poesia Completa