quinta-feira, fevereiro 26, 2009

Looking for...

um amor que dança harmoniosamente com o meu corpo
que enebria os meus sentidos
e desperta o que há de mais suave e belo em todo o meu ser
como uma melodia que não me canso de ouvir
a sussurar nos meus ouvidos
e entra pelo meu ser sem ferir nenhum dos sentidos
e me enrola nos seus fortes abraços
e se mistura com a minha pele
e me apresenta novos sentidos para a felicidade
novos sentidos de prazer
junta a beleza do silêncio da noite e a cor de um dia radioso de sol
nesse lugar sem receio de deixar ficar tudo o que sinto
sem reservas pois nada será descuidado
esse sentimento sem lugar onde se guardar
arrepio todo o sentir
esqueço tudo o resto


sábado, fevereiro 21, 2009

Como Peter-Pan!

Por breves momentos, mas mais frequentemente do que (se calhar) desejável, dou comigo a pensar se não seria possível parar o tempo, de tal forma que continuaríamos o percurso da vida, mas não envelheceríamos. Não nos tornaríamos imortais, isso seria terrível. Mas manteríamos a juventude até à morte e não murcharíamos como a bela flor…
Penso nisso e sorrio… É que, por estranho que pareça, não sinto que o tempo passa por mim, que o tempo me envelhece, que o tempo me retira forças ou faz fazer coisas que antes não faria apenas por ser mais velha. Pelo contrário. Sinto, antes, que dentro de mim há uma alegria e uma energia maiores do que quando tinha 15 anos. Parece-me que a vida vai passando esquecendo-se de me avisar que os anos contam, que as rugas vão chegando (já chegaram?), que a maturidade pesa e a responsabilidade também, que as mini-saias são só para as adolescentes, que as calças de ganga e as sapatilhas também (gostava de as usar mais vezes do que as que uso!), que os ganchos no cabelo são para as menininhas e que rir, rir muito, com vontade e muitas vezes é sinal de pouco siso.
A minha sorte é que conheço pessoas parecidas comigo e, assim, não me sinto uma excluída! Não muitas (infelizmente), pois se fossem mais, o mundo seria bem mais colorido. Mas conheço alguns adultos que também têm esta síndrome de Peter-Pan! Tenho um amigo a quem, por vezes, gosto de chamar esse nome! Sendo ele tão especial, acarinhou logo a designação (ou título!)! Traz nos olhos a luz da eterna juventude e no coração a alegria de uma criança! Para mim é uma inspiração e faz-me querer continuar a ser pequenina!... Sempre assim - criança por dentro para que por fora a vida se veja num olhar límpido e cintilante…

(Beijinhos Peter-Pan!)

("Toda a criança que nasce é Artista. Difícil é permanecer Artista depois de crescer." Picasso)

sexta-feira, fevereiro 20, 2009

Raio de sol!



Embala-me o sol que me revisita todas as manhãs… Sorrio para dentro, porque de dentro me vem a lembrança do teu sorriso, sempre espontâneo a brincar nos lábios, num simples reflexo, quase involuntário, que não consegues evitar. Sorrio para fora agora, porque me ocorre a tua paz nas palavras, a caminho de um qualquer pensamento, em direcção a uma qualquer ideia quase sempre solta e encadeada em mim, uma ideia que parte de ti e vem ao meu encontro num abraço. Sem esforço, sem qualquer esforço fazes chegar a mim as mais belas palavras que já ouvi… Sabes porque é que és assim? Sabes porque é que a tua voz está em mim como o som do mar, como o som do vento na folhagem, tão natural em mim como o sol, como este raio de sol que me aquece as mãos e me faz sentir viva, que me ilumina os cabelos soltos e me rejuvenesce? Sabes porque é que é natural lembrar-te e compreender que o sol e a lua juntos, afinal, é algo tão natural?...
Os lugares, por vezes, estão separados. Os minutos, quase sempre, estão em relógios diferentes. Mas lembrar-te traz a mim a certeza de que o sol me embalará todas as manhãs, mesmo em manhãs não tão belas como esta, mesmo se menos encantadas e perfumadas que esta… Estás em mim, porque, afinal, és um raio de sol no mundo e na minha paz... E não consegues evitá-lo!...


quarta-feira, fevereiro 18, 2009

A Avaliação


Vocês sabem que eu não perco uma única oportunidade para vos contar algumas das conservas do meu garoto.
Aqui vos deixo uma conversa tida ao fim do dia no trajecto escola/casa, que eu achei no mínimo hilariante.

Gonçalo: Sabes mãe hoje fui avaliado!
Mimi: Ai foste? Avaliado a quê?
Gonçalo: A musica
Mimi: E como correu?
Gonçalo: Tive de cantar uma canção, queres ouvir?
Mimi - Sim, claro !
(Gonçalo canta a canção)... e quando acaba
Mimi: Que linda canção, cantas mesmo muito bem!
Gonçalo: Pois cantei ...
Mimi: E então, o que disse a professora?
Gonçalo: E então?? E então que foi uma brutalidade!
Mimi: Uma brutalidade?!?!
Gonçalo: Sim! Levantei-me, cantei, os meninos bateram palmas, a professora escreveu e eu fui sentar-me!

sexta-feira, fevereiro 13, 2009

Valentim


Quando o amor vos fizer sinal, segui-o; ainda que os seus caminhos sejam duros e escarpados.
E quando as suas asas vos envolverem, entregai-vos; ainda que a espada escondida na sua plumagem vos possa ferir.
(Khali Gibran)

domingo, fevereiro 08, 2009

Tangerinas

Em criança tive o privilégio de ter uma ama. Não fui para o jardim-de-infância, não tive uma educadora, não fiz actividades extra-curriculares. Não soube o que era brincar com plasticina ou pintar em guache, não tive lições de música, nem de natação. Muito menos de Inglês! Fui uma privilegiada! Corria pelo quintal da Sr.ª Linda, a minha ama de todas as horas, enquanto a minha mãe trabalhava, durante a semana e aos fins-de-semana. Brincava livremente na terra, com as plantas, com as flores, com as pedras, com os outros miúdos. Às vezes enfastiava-me, não ter nada para fazer, outras vezes sentia saudades da minha mãe, sobretudo ao domingo, se ela trabalhava e eu não podia estar em casa. Não eram saudades de brincar com ela, pois ela não brincava comigo. Não tinha tempo… Eram saudades da sua presença, do seu calor ali perto, da sua comida.
A casa da Sr.ª Linda era velha. Tinha o rés-do-chão e o primeiro andar. No rés-do-chão havia a sala de costura e as arrumações de tralha antiga, o local para as batatas, as cebolas, o vinho, as enxadas, as pás e outros utensílios para trabalhar a terra. Eu não ía muito para esses lados, atrás da casa. Cheirava a animais, a cães e a mosto. Porém, havia um terraço na frente da casa, com chão em lousa que aquecia no Verão ou nos dias curtos de sol de Inverno. Sentava-me no chão de lousa quente e sentia-me melhor… De tarde, lanchávamos na cozinha, cevada e pão com manteiga. Às quatro da tarde a Sra. Linda acendia a lareira na cozinha e punha a água a aquecer. A grande panela da sopa também já lá estava. Tudo era feito com tempo, sem correrias, sem pressas, sem horários apertados e asfixiantes. No tempo das tangerinas, a árvore em frente à casa, carregadinha, deixava cair algumas ao chão e eu, sentada no chão de lousa, descascava-as calmamente e comia as que me apeteciam.
Veio-me à memória tudo isto, porque na vila onde vivo agora, há um mercado municipal, o único sítio onde encontro dessas tangerinas… Não são clementinas artificiais, de casca fina, avermelhada, sem pevides e sem sabor. As tangerinas que a Dª Lurdes vende no mercado são tangerinas com sementes, de casca levemente alaranjada, que se solta facilmente dos gomos, cujo sabor a tangerina pura me remete sempre para a infância, para a casa da Sr.ª Linda e para o chão em lousa quente, numa tarde de sol de Inverno…

terça-feira, fevereiro 03, 2009

Declaração de amor

"Unidos por algo que não é deste mundo..."


Nem de propósito, na sequência do post anterior... Hoje recebi a mais bela declaração de amor!

“Vês, consigo soltar a minha mão da tua”, disse, tirando a (ainda) pequena mãozita de 12 anos da minha.
“Mas cá dentro não consigo soltar-me de ti! É como se isso fosse impossível. Quando te zangas comigo fico fraco. Enfraqueço como um menino Africano que está um ano sem comer. A única coisa que me interessa é se tu gostas do que eu faço, se gostas do que eu digo, se gostas da minha vida… Os outros não me interessam. Não estou interessado em agradar às outras pessoas. Desde que a minha mãe goste do que eu sou, isso basta-me! Se tu te ris para mim, tudo está bem! Só isso importa!”

Muitos filhos podem sentir tudo isto, mas talvez poucos consigam pôr em palavras toda esta intensidade!...
(Este cordão umbilical adivinha-se muito difícil de romper!...)