sexta-feira, fevereiro 26, 2010

o belo


o belo chega até mim em golfadas de ar ameno
chega-me nas tuas palavras de papel de carta escolhido com amor
chega-me nas cores incendiadas do por do sol em tardes de verão
o belo chega-me no sono calmo da noite cansada de não ter serão
o belo chega-me em sorrisos imaginados no dia em que ainda não te vi
chega-me suave e surpreendente como um beijo
apaixonado e saudoso e eterno e tão nosso
chega-me nas flores que salpicam a existência em todas as primaveras
as primaveras que nunca se demoram
que chegam sempre a horas com as cores de uma vida inteira
o belo chega até mim nas manhãs luminosas de um futuro por viver
de um dia inteiro por viver
o belo chega-me numa escada em direcção ao teu olhar
numa ponte que nos une num rio sem margens para lamentar

segunda-feira, fevereiro 22, 2010

Mais um miminho ao Acontece!

A Beatriz, uma linda princesa que escreve no blogue The colours of my rainbow, ofereceu ao Acontece um miminho doce como ela! E fez um desafio...

Regras do desafio:
1. Indicar o selinho para os blogs cujos posts considere mais interessantes e cheios de significados, não levando em conta o layout ou a organização de widgets do blog.

Marianinha:http://peaceandmelodies.blogspot.com/
A senda:http://a-senda.blogspot.com/
Trilhos Secretos: http://trilhosecretos.blogspot.com/
Inêsdepapel: http://www.inesdepapel.blogspot.com/

2. Responder a esta pergunta : " Acha que a beleza está nos olhos de quem vê ou isso é só uma desculpa de pessoas feias?"
A beleza não se compra nem se vende, mas... sente-se! Sente-se no olhar, nas palavras, no coração, na alma, na luz que vem até nós!

3. Avisar quem indicou.
Muito obrigada Beatriz! Um beijinho colorido como o teu arco-íris!

sábado, fevereiro 20, 2010

poesia a sorrir!

um dia quando a ternura for a única regra da manhã


um dia, quando a ternura for a única regra da manhã,
acordarei entre os teus braços. a tua pele será talvez demasiado bela.
e a luz compreenderá a impossível compreensão do amor.
um dia, quando a chuva secar na memória, quando o inverno for
tão distante, quando o frio responder devagar com a voz arrastada
de um velho, estarei contigo e cantarão pássaros no parapeito da
nossa janela. sim, cantarão pássaros, haverá flores, mas nada disso
será culpa minha, porque eu acordarei nos teus braços e não direi
nem uma palavra, nem o príncipio de uma palavra, para não estragar
a perfeição da felicidade.

José Luís Peixoto
A criança em ruínas

domingo, fevereiro 14, 2010

S.Valentim


Gifs Animados

"Agora, voltei. Não sei por quanto tempo, mas isso pouco importa. Agora, estou aqui." José Luís Peixoto

Feliz Dia de S. Valentim!


quarta-feira, fevereiro 03, 2010

Outros corações

Nem imagino como seria viver sem estes corações!...
Por cada coração de gelo que encontro, conheço uma centena de outros corações palpitantes de calor, em cujo fogo de doçura sabe bem adormecer! Limpam a alma de amarguras, fazem esquecer o lodo de outros espaços poluídos pelo narcisismo e egoísmo descoloridos, fazem acreditar que por baixo da pele existem laços, existem afectos que embalam os dias. São autênticos spas da alma, massajam com ternura as nossas dores e aliviam as horas de esforços pesados e inevitáveis, de cansaços diários e incontornáveis. São livros que ensinam, são canções que encantam, são mãos que aconchegam, são sorrisos que libertam, são palavras que preenchem espaços deixados por silêncios desconfortáveis e dolorosos.
Por cada coração de gelo que conheço, há uma centena de outros corações de fogo que me alentam e aquecem neste “Inverno demasiado longo”… São pórticos de acesso a um mundo suave e mais leve que as horas dos dias sem sol…

Obrigada a todos esses outros corações !

segunda-feira, fevereiro 01, 2010

Gelo no coração


Há manhãs geladas de um Inverno demasiado longo que me fazem sentir demasiado viva, porque o frio invade os ossos e entranha-se nas moléculas da pele, fazendo com que eu sinta bem fundo as temperaturas quase negativas do ar e da natureza…
Há dias gelados de um Inverno demasiado longo em que certas pessoas me fazem sentir quase demasiado morta para ter vontade de respirar, para ter vontade de me revoltar, de me indignar. Há pessoas tão más, de carácter tão obscuramente egoísta e maldoso, que me fazem sentir revoltada e ao mesmo tempo sem forças para reagir. São pessoas egocêntricas e puídas como a roupa velha e sem utilidade alguma que não seja servirem para limpar o chão ou para serem encharcadas em lixívia com o objectivo de desinfectar os azulejos da casa de banho. São pessoas desse tipo, do tipo gasto, estragado pelo tempo e pela maldade, pelo materialismo do ambiente estéril em que cresceram, pela corrupção dos afectos e pelo vazio da alma, que vivem com o único objectivo de se servirem do coração dos outros, de sugarem a vida dos outros, de se alimentarem do afecto dos outros para sobreviverem, que me deixam ainda mais cansada que o frio deste Inverno demasiado longo.
Elas, que nada carregam dentro de si que não seja o seu ego exacerbado e cego, apontam o dedo a quem lhes exige dignidade e respeito e sentem-se ofendidas quando, no fim de um caminho demasiado penoso, os outros lhes pedem apenas respeito. Sim, não é amor nem entrega, é apenas respeito. Nesse momento final é só o que pedem e essas pessoas gastas como os dias sem sentido, essas pessoas que me retiram até a força para reagir, que me gelam a alma como estes dias demasiado gelados de um Inverno demasiado longo, impregnadas de egoísmo estéril insurgem-se contra quem lhes deu sempre tudo gratuitamente e quem as amou sem exigências, respeitando até as regras mais absurdas. Insurgem-se, porque se apercebem que quem tudo lhes deu se cansou, finalmente, de ser tratado como um pano de limpeza para limpar o coração de pedra, um coração feito apenas de veias e artérias e matéria e sangue, mas desprovido do calor e do sentimento que o distingue do dos animais…
Quando tropeço em seres destes ao longo da vida, não consigo deixar de pensar que há almas que estão ainda tão longe da ansiada paz existencial e que o seu caminho será certamente longo e espinhoso e que muitos outros seres inocentes serão trucidados no percurso, enquanto elas se purificam.
Há manhãs geladas como a deste dia que me deixam assim, amarga e desencantada