segunda-feira, maio 31, 2010

quinta-feira, maio 27, 2010

Acordo de noite subitamente ...


Acordo de noite subitamente,
E o meu relógio ocupa a noite toda.
Não sinto a Natureza lá fora.
O meu quarto é uma cousa escura com paredes vagamente brancas.
Lá fora há um sossego como se nada existisse.
Só o relógio prossegue o seu ruído.
E esta pequena cousa de engrenagens que está em cima da minha mesa
Abafa toda a existência da terra e do céu...
Quase que me perco a pensar o que isto significa,
Mas estaco, e sinto-me sorrir na noite com os cantos da boca,
Porque a única cousa que o meu relógio simboliza ou significa
Enchendo com a sua pequenez a noite enorme
É a curiosa sensação de encher a noite enorme
Com a sua pequenez...
Alberto Caeiro, in "O Guardador de Rebanhos - Poema XLIV



domingo, maio 23, 2010

Quando a vida dói cá dentro...


Hoje há um sol magnificente e carregado de vida, lá fora. No sol deste dia, ao sol reconfortante e pleno de vida, torna-se difícil acreditar que alguém está a sofrer. Parece inverosímil que a intensidade de uma vida, o significado de uma vida, o valor de uma vida é infinitamente maior que a intensidade deste sol regenerador e também ele prenhe de vida. Não se esquece, porém, nem se consegue imaginar o quanto a vida dói a outros, a alguém que vive momentos de dor intensa, uma dor perfurante, paralisadora, desesperante, inutilmente assustadora, porque tão verdadeira e dolorosamente incontornável...
Resta aceitar que passamos por esta vida como uma luz e que o nosso caminho continua, numa outra, já tão próxima, onde nos encontraremos de novo e de novo ainda sentiremos o sol quente e aconchegante a embalar o coração...

Um beijo enorme para ti, Mimi...
Um beijo de LUZ para a tua Mãe...

sexta-feira, maio 07, 2010

Apetece-me... o silêncio...


O silêncio para ouvir o murmurar da saudade dentro de mim
O silêncio para ver a palavra que nasce de cada sílaba por dizer…
Apetece-me o silêncio do vento no rosto por descobrir no meio da multidão
Aquele silêncio que vem quando estamos a falar com a nossa própria alma…
O silêncio de tudo o que não disse mas que foi dito tão alto
O silêncio de tudo o que não escrevi porque foi tudo tão sentido…
Apetece-me o silêncio de um violino que não toca porque existir basta
Apetece-me o silêncio de uma música eterna suspensa no tempo
O silêncio de um sorriso que agarro porque em cada camada de silêncio
há uma enorme sinfonia
a acompanhar todo o sentimento
indizível e dito
em silêncio

quarta-feira, maio 05, 2010

Apetece-me... música e poesia!




Pedro Barroso, em Sensual Idade

Como que a lembrar que somos feitos disto... também: corpo, alma, emoção, sentimento...

segunda-feira, maio 03, 2010

Apetece-me... poesia!



Eternamente, Florbela Espanca!...
Porque o amor, o amor apetece sempre!...
E na poesia há a alma e o coração e a pele e a emoção e o amor dos poetas e o amor... tão nosso, também!