quinta-feira, julho 29, 2010

Madrid?... No me encanta...


Madrid poderia ser tanta coisa...
Mas foi apenas mais uma cidade, nem por isso fascinante, nem sequer apaixonante... Cidade de grande diversão nocturna, cosmopolita, descontraída, não fossem as pessoas, os nativos, os Espanhóis mesmo, pouco simpáticos, mal encarados, pouco hospitaleiros, desagradáveis, estragarem grande parte daquilo que poderia até ser uma cidade europeia algo bonita...
Os jardins são o que de melhor a cidade oferece, belíssimos, sobretudo o Parque Del Retiro e Casa de Campo. Os monumentos são únicos (não fosse a Espanha a terra natal de grandes nomes da pintura e escultura). A arquitectura não impressiona, nem mesmo os edifícíos da Gran Via, zona moderna e ampla, se tivermos em mente as avenidas de Paris repletas de luz e a imponência das construções londrinas nas margens do rio Thames. Os Museus são interessantes (mas Paris e Londres ficaram com o melhor... temos pena!)...
A comida tradicional resume-se a tapas, bocadillos, tortilla e... pouco mais, sempre acompanhada de pão duro, pobreza gastronómica que enjoa os visitantes e surpreende os turistas que procurarem ingerir o mesmo tipo de comida que os nativos, durante vários dias. E a água engarrafada é literalmente desconsolada e sem sal... 
E a noite? A famosa noite madrilena? Para a maioria dos jovens que não podem gastar 50 euros ou mais para se embebedarem nos bares e discotecas da cidade, a noite inicia-se cedo e passa por começarem a beber por altura da siesta, a meio da tarde. Vê-se grupos de jovens com garrafas de whisky, rum, vodka e cerveja, deitados à sombra das árvores dos frondosos jardins do centro da cidade e a maratona etílica continua até de madrugada, acompanhada de outras substâncias ainda mais excitantes (?). À noite, para gáudio dessa juventude alienada, há chineses, indianos e outros imigrantes a venderem cerveja a 1 euro, bem fresca nas ruas e jardins... A cerveja, que num bar custa 5 euros, é recebida de braços abertos.
Nos bares, a droga circula quase livremente... Algo que nunca tinha visto na noite do Porto ou em Braga ou noutras cidades. Os que já estão mais "alegres" metem conversa e oferecem um charro de marijuana, uma linha de coca, só para socializar, para fazer "amigos"... A surpresa é total quando mostro o meu copo de Ginger Ale e digo que não fumo, logo, muito menos consumo dessas substâncias psico-trópicas... (Devo ser extra-terrestre!) Nem me dou ao trabalho de explicar que tenho outras formas muito mais saudáveis de ficar zen, mas entristeceu-me o olhar vazio da juventude que a cidade absorve e destrói, lentamente, sem eles darem por isso...
Coisas boas: os Portugueses que por lá se encontram; o tinto de verano (sangria), a música latina que sempre me apaixonou, nos bares dedicados à mesma;  o calor e o sol, as árvores, os lagos e os jardins e o mercado de domingo, o El Rastro! Ah, e uma ópera de Verdi com Plácido Domingo no Teatro Real ouvido e acompanhado num écran no Jardim Real, no lado de fora do teatro, sentados na relva, seguida de 27 minutos de palmas consecutivas na presença da Reina Sofia e um espectáculo de flamenco, de nome Carmen, com bailarinos profissionais.

Saudades de Madrid? Talvez... Lá para os setenta, quando já não me lembrar bem do que vi e senti...

quarta-feira, julho 14, 2010

Lágrimas na minha alma


Faz hoje um mês que estivemos juntas pela última vez. Que te beijei, que me despedi com a promessa de voltar no dia seguinte. Abanaste a cabeça em sinal afirmativo.
Mas não houve amanhã …

Faz hoje um mês que uma parte de mim morreu. Morreu e eu de mãos atadas nada pude fazer para te salvar.

Faz hoje um mês que te trago a cada instante no meu pensamento.

Faz hoje um mês que percebi o significado de para sempre, do eternamente, do nunca mais, da injustiça e da crueldade.

Faz hoje um mês que caminho para o cemitério na ilusão de te encontrar, de te sentir mais perto.

Faz hoje um mês que as saudades crescem a um ritmo alucinante no meu peito.

Faz hoje um mês que as nossas conversas silênciosas, os nossos olhares cúmplices, tiveram um fim.

Faz hoje um mês que há lágrimas na minha alma.

quinta-feira, julho 08, 2010

Bonita



Para ti querida Mimi que és, sem dúvida, um dessas pessoas! Beijinho.

terça-feira, julho 06, 2010

O valioso tempo dos maduros




Contei meus anos e descobri que terei menos tempo para viver daqui para a frente do que já vivi até agora.
Tenho muito mais passado do que futuro.
Sinto-me como aquele menino que recebeu uma bacia de cerejas.
As primeiras, ele chupou displicente, mas percebendo que faltam poucas, rói o caroço.
Já não tenho tempo para lidar com mediocridades.
Não quero estar em reuniões onde desfilam egos inflamados.
Inquieto-me com invejosos tentando destruir quem eles admiram, cobiçando seus lugares, talentos e sorte.
Já não tenho tempo para conversas intermináveis, para discutir assuntos inúteis sobre vidas alheias que nem fazem parte da minha.
Já não tenho tempo para administrar melindres de pessoas, que apesar da idade cronológica, são imaturos.
Detesto fazer acareação de desafectos que brigaram pelo majestoso cargo de secretário-geral do coral. 'As pessoas não debatem conteúdos, apenas os rótulos'.
Meu tempo tornou-se escasso para debater rótulos, quero a essência, minha alma tem pressa...
Sem muitas cerejas na bacia, quero viver ao lado de gente humana, muito humana; que sabe rir de seus tropeços, não se encanta com triunfos, não se considera eleita antes da hora, não foge de sua mortalidade, Caminhar perto de coisas e pessoas de verdade, O essencial faz a vida valer a pena.

E para mim, basta o essencial!


Mário de Andrade (1893-1945)

sexta-feira, julho 02, 2010

Eu acreditava...


"Eu acreditava mesmo que o amor é o sangue do sol dentro do sol. A inocência sincera de desejar que o céu compreenda. Eu acreditava que se levantam tempestades frágeis e delicadas na respiração vegetal do amor. Como uma planta a crescer da terra. O amor é a luz do sol a beber a voz doce dessa planta. Algo dentro de qualquer coisa profunda. Eu acreditava que o amor é o sentido de todas as palavras impossíveis."

Assim escreve José Luís Peixoto em "Uma Casa na Escuridão"

Quem não fica com vontade de ler um escritor assim?...

(Eu também acreditava que o amor era o sentido de todas as palavras impossíveis. E ainda acredito!)