segunda-feira, novembro 29, 2010

Utopia



Porque há músicas certas para determinados momentos.

quinta-feira, novembro 25, 2010

O AMOR

Comovo-me por demais sempre que os sinais do Amor me surgem diante dos olhos.
Esse mesmo, esse único que mesmo sabendo que não o consigo descrever em palavras sinto-o, vejo-o e vivo-o.
Basta-me uma centelha dessa luz para logo identificar: é isto mesmo! Isto é o AMOR.
Espreitem e digam-me se sentem o mesmo que eu.
http://vimeo.com/16473738
http://videos.publico.pt/Default.aspx?Id=5f0bddf4-86d7-4d3c-a286-3cc221e2ff27

terça-feira, novembro 23, 2010

As meias

Os dias começaram a arrefecer. Rápido demais para o meu gosto e para os meus sentidos.
Bastou dizer isto à mãe para ela prontamente resolver o meu problema."Eu faço-te umas meias quentinhas, queres?"
E, sem meias medidas, as meias apareceram prontas."Vê lá se estão bem para eu poder ajustá-las se for o caso". E lá me explicou como se faz quando o tamanho não está certo.
Tudo deveria ser assim de fácil resolução.
- Não serve? Traz cá que eu ajeito. Desmanchas aqui deste lado e acrescentas ou retiras o que for preciso. Deveria ser assim.
Sei que a minha mãe faz assim com quase tudo. Só não ajeita aquilo que é para uso dela pois para ela está sempre bem.
Mas não foi preciso. As meias estão perfeitas e bem feitinhas tanto pelo direito como do avesso. A minha mãe ensinou-me o que é a perfeição assim desta forma simples:
- Viras do avesso e está igualzinho ao direito. Se não for assim é coisa de gente trapalhona.
Eu diria antes que se não for assim é de gente trapalhona e que vive de aparências e apenas repara no que se vê pelo lado direito das coisas.
Certinhas no tamanho, com os detalhes de acabamento para não fugirem pelos pés (tantas coisas que gostava que saissem pelos pés!).
Estava gelada e só mesmo estas meias para me aquecerem os pés nestas noites frias que me gelam até a alma.
O carinho com que as fizeste para mim torna-as especialmente cómodas e aliviam até o que o coração ainda sente falta. Durmo com a companhia do carinho e amor de mãe.
E melhor que um par de meias só mesmo o que me deste a seguir: outro par, para que nunca durma de pés frios!

coisas boas e uns sapatos de verniz

Coisas mesmo boas: um pôr-do-sol à beira mar. Bem, não foi bem pôr-do-sol, o céu estava cinzento e as gaivotas descansavam nas rochas, indiciando tempestade no mar. Foi mais um entardecer a ver o mar revolto e a escutar a minha voz interior. Adoro estes momentos comigo. Sobretudo quando estou com bom humor e consigo aturar-me.
Outra coisa muito boa: um jantar em excelente companhia num restaurante italiano. Lasanha vegetariana e um jarro de sangria. Hummmm. Delicious… A seguir uma comédia semi-musical – “Encalhadas”! Hilariante, absolutamente fabulosa. Até tinha uma ex-miss Valongo (ou Balongo, como soar melhor). Ai como nos rimos… Se já estivesse na idade da incontinência iria ser complicado…
Para rematar a noite, outra coisa muito boa: um pé de dança num dos lugares do costume onde a música ainda é o que era. É sempre quando vou ao bar que me acontecem as abordagens imprevistas. Desta vez foi assim:
“Parabéns!” quase encostado ao meu ouvido. Despistada como sou, assustei-me. O homem tinha perto de 1.90m e riu-se. Perguntei-lhe porquê? Parabéns porquê, santa mãe de Deus… assustou-me a valer. Riu-se outra vez. “Pela sua beleza.” Encolhi os ombros e disse obrigada. Apetecia-me um vinho do Porto e não conversa da treta. Avancei em direcção ao bar. Pouco depois já na pista, de copo raso na mão (o barman foi muito simpático e encheu até transbordar) dou comigo a dançar menos para não entornar o precioso líquido e vejo o dito cujo a aproximar-se. Desta vez a tirada foi mais profunda: “Se olhar muito para si vou começar a ter de ler Braille…” AHAHAHA E ele continua: “Sim, porque ficarei cego.” Lembrei-me logo da outra frase: “És linda como o sol: nem te posso olhar de frente…” Enfim, os homens têm de passar por estes dramas em vários actos para poderem engatar. Costumo dizer que se fosse homem ia ser uma chatice. Jamais na vida faria uma ceninha destas. Iria acabar como o Clooney, solteiro aos 50. A mana diz que faria o mesmo que eles e muito pior, se fosse preciso. Eu cá, nem pensar. Sobretudo se levasse calçados uns sapatos de verniz, tamanho, digamos, 44,5 mais ou menos, e pior ainda, de bico. Sapatos de homem de bico são horrendos, segundo os meus ícones de beleza, mas mandam-me directamente para a cova se forem de verniz. O homem do Braille calçava um par deles do género. Deviam ser caríssimos, não duvido, mas perdi a compostura e desmanchei-me a rir. “É ainda mais bonita a rir, tem um sorriso lindíssimo…” Pronto, levantei-lhe a mão e disse: “Páre, não diga mais nada, por favor!” E lembrei-me da outra vez em que disse ao Italiano: “Parla, gosto de te ouvir!” Irra, sou mesmo mandona. Mas, quer um quer outro, obedeceram. É o que importa.

No dia seguinte, havia outra coisa muito boa: um convívio de família. Primos e primas que já não se viam há cerca de vinte anos, nalguns casos mais, resolveram juntar-se numa tarde gelada de Novembro à volta do churrasco e das castanhas e lembraram a infância e as brincadeiras, a juventude e as aventuras, os dramas, as alegrias, as conquistas, as lutas de cada um. Uns estavam quase na mesma, outros com uns valentes quilos a mais, outros ainda com menos cabelo, porque a testosterona circula em grandes doses na família e os homens não ficariam muito bem de cabelo comprido, se o tivessem. Os filhos de uns e outros que não conhecíamos, as contas de cabeça para adivinhar a idade de cada um. Ai como o tempo passa…

Carpe diem!… E muitas coisas boas, de preferência!

sábado, novembro 13, 2010

milk and toast and honey :)



Que saudades...
Porque é que tem de ser sempre tudo ou nada?

"... make it sunny on a rainy Saturday..."

quinta-feira, novembro 11, 2010

momentos do dia

CASTANHAS

Vinte e cinco anos. Rua do Ouro. Lisboa. Grávida de sete meses. Tarde fria de Domingo. Caminhávamos os dois pela rua e havia um cheiro delicioso a castanhas assadas no ar. Era um passeio de Domingo. Um jovem casal em 1996. Uma futura jovem mãe a sonhar com o seu primeiro filho. Uma futura mãe feliz por sentir que ia receber o seu tesouro dentro de dois meses. Que cheirinho tão bom a castanhas assadas! Compramos castanhas. A vendedora olha-me e diz: “Vai ser rapaz!” Eu sorri e disse que sim! Que bom, vai ser rapaz! Sempre quisera ter um filho rapaz! Parecia feliz…


AULA DE INGLÊS

Faltavam 20 minutos para o fim da aula numa turma de 10º ano. Estava tudo combinado. “O meu amigo está lá fora. Já tínhamos combinado, lembra-se Stôra?” Sim. Já tínhamos combinado. O miúdo tem uma banda. Quer cantar para mim, para os colegas… “Podemos, Stôra? Lembra-se de termos combinado na semana passada?” Claro que lembro. Porque não? Manda entrar o teu amigo. Disse mais duas ou três coisas em Inglês para a turma. Estávamos a falar de amizade! Best friends, boys and girls. Different types of friends… Um tema muito interessante, uma conversa muito animada. Mas a banda, a música, o miúdo giro que queria cantar para todos! Ok. Continuamos amanhã. Duas violas, três cadeiras. Dois tocam, cantam três. As letras na mão do do meio, que só canta. Os outros levantam-se e colocam-se em círculo à volta deles.
Silêncio. Começam a cantar em Inglês. A turma acompanha nos refrões. São covers de músicas muito conhecidas de todos. Vinte minutos em Inglês. Com música. “Esta é a minha canção preferida. É minha e do meu melhor amigo!”, disse-me uma miúda ao ouvido, quinze anos muito bonitos, com um enorme sorriso na cara! Sempre em Inglês, com muita amizade, cantaram até tocar para sair. Acho que foi uma boa aula sobre amizade, no dia de S. Martinho!

“The smile on your face, lets me know that you need me. There’s a truth in your eyes saying you’ll never leave me. The touch of your hand says you'll catch me wherever I fall…”

monólogos


Tímido, educado, cuidadoso.
Nem ele sabe bem explicar como é. Ela também não. Ocorrem-lhe estas palavras, mas parecem-lhe imperfeitas para o caracterizar. Sorri bastante quando fala com ela. Não é costume. É poupado em sorrisos. E avarento nas palavras. Ela enerva-se com isso. Ele diz que sofre de um problema com a tecla do “backspace”, o que o leva a hesitar, a apagar os registos quer escritos, quer falados. Volta atrás no pensamento, reformula, hesita de novo, escolhe as palavras mais uma vez, perscruta o olhar dela, reflecte de novo na escolha das palavras, tortura-se com a forma como as vai dizer. E ela aguarda. A paciência não é o seu forte. A impaciência lê-se nos olhos dela. Ele fala baixo, muito baixo. Por vezes ela não o entende. Esforça-se por ouvi-lo, mas ele não se apercebe.
“Whatever…”, diz para si mesma. “Fine…”, pensa às vezes. Ela pensa muitas vezes em Inglês. Deformação profissional. Discorre em Português e ele escuta. Por vezes ele diz coisas incompreensíveis.
“Lembro todas as roupas que ela usou, em todos os poucos encontros que tivemos.”
“Quando foi a última vez que se encontraram?”, pergunta alguém.
“ Há uns meses, mas posso dizer-lhe quantos dias passaram até hoje…”
Não fala de sentimentos. Diz que não gosta da solidão. Procura refúgio nos montes e corta sem piedade uma rosa do jardim para lhe entregar. Ela não entende, mas agradece.
Diz que falará, que lhe contará tudo. Ela não sabe o quê, nem do que é que ele está a falar. “Mas tem de ficar ao meu lado.” Outra frase incompreensível. Outro mistério. Oferece-lhe uma segunda rosa, num outro encontro fugaz; outra rosa impiedosamente cortada com a tesoura de poda do seu jardim. Diz-lhe que aquela tem um nome: chama-se rosa e ela não entende. Agradece-lhe várias coisas que ela não se apercebe de ter feito. Agradece-lhe estar melhor. E as gargalhadas que dá com ela. E ela fica feliz, porque ele sorri mais que habitualmente. E ele no fim diz “Obrigado.” E ela encolhe os ombros e pensa que nunca o entenderá. E ele diz que ela está diferente desde a última vez, o cabelo está diferente, mais encaracolado, mais comprido. Ela fica sem saber se ele gostou, se gosta mais, mas isso não parece importar. Ele pede-lhe para ela continuar assim. Ela não sabe bem como é que tem de continuar. Ela só sabe que ele fez um enorme poster com o rosto dela a sorrir, um poster a preto e branco, um retrato feito de números e ele diz que tem outro feito de palavras. Sempre o rosto dela a sorrir, para ele, para todos. Passaram dois meses, muitos dias sem vê-la. Ele diz que tinha de fazer alguma coisa. Ela dá uma gargalhada e diz-lhe que ficou confusa. Ele diz que não há confusão nenhuma, que o retrato é para lhe oferecer. E ela pensa que ele é um louco adorável e surpreendente e que nunca o entenderá.

domingo, novembro 07, 2010

O Italiano


É preciso inspiração para escrever seja o que for. Mesmo uma carta de reclamação que seja. Posso dizer que na noite passada tive a minha inspiração alimentada pela realização de um velho sonho: ter um belo Italiano a falar-me ao ouvido.
Costumava dizer como brincadeira que sonhava ter um belo ragazzo di parlare solo per me, de preferência ao ouvido. E foi o que aconteceu, sem que tenha tido necessidade de sair de Portugal, ou como no filme Eat, Pray, Love tivesse de me meter num avião e ir à procura de um tradutor em Itália onde aprenderia essa amorosa língua enquanto saboreava um saboroso gelado de café. E ele teve de me falar ao ouvido mesmo, pois a música do bar estava, como habitualmente, muito alta. Com imensa pena minha, não sei parlare a língua de DaVinci, mas fascina-me a sua musicalidade. Não me interessa muito o que é dito, desde que seja em italiano, tudo me parece romântico, até a ementa de um restaurante.
O bello Morris (espero que seja assim que se escreve o seu nome), com ar de James Dean, começou por brindar no meu copo à minha passagem. Assustei-me e afastei instintivamente o braço. Ele perguntou em Inglês:
Do you speak English?
Yes, I do. Respondi com um sorriso a meio gás. Já é costume os Ingleses virem falar comigo. Devo ter um ar… internacional.
I’m Italian. O sorriso alargou-se mais um pouco e percebi que ele já devia estar habituado a esta popularidade entre as mulheres nacionais.
Espantoso, pensei. Venho ouvir uma musiquinha revivalista num barzinho para cotas de meia idade como eu, ou mais entradotes até, e encontro… um ITALIANO! Eram vários, na verdade. Um grupo de seis ou sete, mas o Morris era o mais bonito. Muito atraente numa camisa branca desabotoada nos dois primeiros botões. Alto e… de olhos azuis. O meu Italiano, o da minha imaginação, era mais moreno e de olhos escuros, mas pronto, não é por isso que vou reclamar.
Apresentou uma série de pessoas, todas muito simpáticas (amigas Portuguesas incluídas) e ficou a olhar para mim. Fez-me perguntas em Italiano, mas eu falava pouco. Ele perguntou se eu não gostava de falar. É óbvio que gosto, mas não sei falar italiano, por isso disse-lhe:
Parla, gosto de te ouvir! Assim mesmo, em tom de ordem. Mal sabia ele que era só o que eu queria, que era esse um dos meus desejos mais secretos!
La ragazza più bella del bar ; il tuo sguardo mi affascina; il mio cuore batte più forte; Sono innamorato di te... etc, etc
Falou sim, muito. Tantas coisas que os meus ouvidos entraram em êxtase! Tinha vinte e sete anos, mas parecia ter mais. Perguntou se eu tinha vinte e oito. Nada mau, para quem tem mais onze. Perguntou se queria fugir com ele. Disse-lhe que sim, que podíamos fugir para Roma logo a seguir à canção Billy Jean do Michael Jackson. (Curiosamente, o perfume que eu escolhi para essa noite chamava-se Roma e já não o usava há vários meses… Outras histórias que não cabem aqui…)
Dançamos bastante, rimos bastante, escutei-o bastante e, por fim, aproveitei uma distracção dele para escapar. Deve ter ficado a pensar que eu era maluca, quando deu pela minha ausência, mas eu só pensei que tinha de fugir antes que ele me apanhasse, pois a frase que me ocorria mais vezes, enquanto apressadamente me dirigia ao carro, era aquela bem conhecida: Oh God make me good, but not yet!

 
(Now I think I have inspiration to write a book!)

sábado, novembro 06, 2010

as cores do dia




Às vezes é preciso tão pouco para se ser feliz.
Às vezes basta uma nuvem dissipar-se, basta encontrar uma resposta, basta uma palavra, um sono reparador, uma convicção interior...
Adormeci sem respostas, acordei com uma decisão e as cores do dia são tão mais quentes, agora! Agora há um sol intenso, doce, luminoso, lá fora. Agora respiro. Agora as horas não custam e a poeira da embriaguês momentânea que entorpeceu a lucidez dissipou-se.
Sempre me soube tão bem a liberdade! Sou um ser estranho: amo mais a liberdade que tudo o que é material. O embalo suave da paz interior que enche o coração de alegria, pintou as cores deste dia... O azul e o dourado enchem a manhã lá fora. E eu respiro este Outono morno e suave por dentro...

quarta-feira, novembro 03, 2010

you give me something...




"You're AMAZING just the way you are..."