quinta-feira, dezembro 23, 2010

Adagio




Non so dove trovarti
Non so come cercarti
Ma sento una voce che
Nel vento parla di te
Quest' anima senza cuore
Aspetta te
Adagio

Le notti senza pelle
I sogni senza stelle
Immagini del tuo viso
Che passano all' improvviso
Mi fanno sperare ancora
Che ti trovero
Adagio

Chiudo gli occhi e vedo te
Trovo il cammino che
Mi porta via
Dall' agonia
Sento battere in me
Questa musica che
Ho inventato per te
Se sai come trovarmi
Se sai dove certami
Abbracciami con la mente
Il sole mi sembra spento
Accendi il tuo nome in cielo
Dommi che ci sei
Quello che vorrei
Vivere in te

Il sole come sembra spento
Abbracciami con la mente
Smarrita senza di te
Dommi chi sei e ci credero
Musica sei
Adagio

Será possível melhor?...
Quatro homens assim, a cantar desta maneira?...

terça-feira, dezembro 21, 2010

All I want for Christmas!...



Musiquinha leve para animar este blogue que anda um pouco tristonho, com uma Mariah Carey ainda sem airbags e muito gira!

Eu até explicava melhor... O que quero para este Natal e tal, mas, como diz um primo que eu gosto muito: fica assim!...

sexta-feira, dezembro 17, 2010

Esperança

Acorda todos os dias com uma esperança.
Com a esperança que o dia de hoje seja melhor que o de ontem e pior que o amanhã.
Inventa maneiras de superar aquilo que sente.
Um vazio e uma dor como nunca antes sentira...
Todos lhe dizem que é forte e que o tempo, esse bendito, apaga tudo, suaviza e ajuda a aceitar e a entender aquilo que hoje não tem qualquer explicação.
Não acredita,ouve, mas não responde.
Sente-se amputada todos os dias. Parte de si morreu e debate-se por seguir em frente com essa limitação.
E engole em seco muitas vezes durante o mesmo dia. E chora em silêncio outras tantas.
Por um cheiro, por uma expressão, por uma memória, mas principalmente pela saudade.
Nunca gostou que os outros sentissem pena dela, que os olhares lhe recaíssem.
E por isso mesmo não fala do assunto com ninguém a não ser com ela própria.
Até porque já nada há para dizer e já ninguém a pode ajudar.
É definitivo,sem solução,sem retorno. Para sempre.
Perguntam-lhe diversas vezes o que queria este Natal.Apática, responde sempre o mesmo: nada...
Porque o seu desejo mais profundo era tão somente colocar mais um prato na mesa... e esse desejo, nem a estrela mais iluminada deste Natal, lhe irá conceder.

quinta-feira, dezembro 16, 2010

conto de Natal - epílogo



No dia de Natal, todos dormiram um pouco mais. Tudo passa, até a noite de Natal. A noite, afinal, fora curta.
Jantaram tarde. A mãe estava cansada, mas fez as batatas cozidas com o bacalhau. E havia bolo-rei e rabanadas e formigos. Os pais zangaram-se, como de costume, e depois da meia-noite as filhas receberam uma camisola rosa bebé, em algodão, que usariam quando fossem à missa. As camisolas eram iguais, mas de tamanhos diferentes. Lisas, da mesma cor e iguais. A mãe comprava muitas vezes roupa assim. Igual para as duas. Os pais não recebiam presentes. Por isso, o ritual de rasgar embrulhos era rápido. O pai saiu, a mãe foi dormir e as filhas viram um pouco de televisão no único canal que existia na altura. E havia um aperto no coração, uma esperança frustrada de que a imaginação não tivesse falhado tanto.
Cada um no seu mundo, viveu um Natal diferente. O do pai teria sido mais animado, o da mãe bem mais triste, o da irmã mais nova intenso, gravando cada segundo na memória para nada esquecer, para guardar dentro de si aquilo que quereria tanto apagar ao longo da vida e o da filha mais velha teria sido inventado, imaginado na sua cabeça, bem diferente do que era, alienado pelo poder da criação que tantas vezes a levaria para lugares recheados de cor e alegria, repletos de afecto e iluminados pelo calor de um abraço.
Tudo passa, tudo acaba, até a noite de Natal.

segunda-feira, dezembro 13, 2010

conto de Natal... ainda


Na véspera de Natal, o presépio era o mesmo. As palhinhas da manjedoura onde o menino Jesus estava deitado também tinham sido coladas. Estavam a desprender-se. O pai colara-as nessa semana, enquanto as duas tinham ido arrancar musgo aos muros para arranjar o presépio. Depois, quiseram levar ao mesmo tempo o menino Jesus para a sala e durante a bulha, deixaram-no cair nas escadas. Dizem que o pai ralhou muito e lhes bateu. A mais velha não se lembra. A mais nova garante que foram umas palmadas pesadas. A mão do pai sempre foi de temer. Raramente batia, mas quando o fazia ninguém mais esquecia. Excepto, talvez, a filha mais velha que costuma esquecer quase tudo. Nunca mais voltaria a procurar musgo, depois de sair da casa dos pais. O presépio não voltaria a ter peças coladas e as luzes não estariam fundidas. Haveria de ser tudo diferente.
Na véspera de Natal, acordou cedo com o cheiro da comida adiantada. A mãe fora trabalhar e chegaria de noite. O pai trabalhava sempre, todos os dias do ano, excepto no dia de Natal e de Ano Novo, porque saía a seguir ao jantar para tocar as Boas Festas e regressava já quase a raiar o dia. Raramente tinham folgas, naquele tempo. A mãe deixava sempre o almoço feito, ou quase, antes de ir trabalhar, mesmo que tivesse de estar na paragem da camioneta às 7h da manhã. O cheiro a sopa, a calda para o arroz, véspera de Natal…
Ela costumava meter a roupa debaixo dos cobertores para a aquecer antes de se vestir. Mais tarde, a mãe compraria um aquecedor que ficaria no quarto das filhas para elas poderem estudar na cama, quando o frio era muito. Depois, quando o filho mais novo nascesse também teria um aquecedor. A filha mais velha não se lembra de haver um aquecedor no quarto nos pais.
Só tens de acrescentar o arroz e deixar cozer. O pai não vem almoçar. Mãe.”, dizia o recado escrito por ela, deixado em cima da mesa. Assinava sempre Mãe, nunca se entendeu porquê. Só a mãe escrevia recados, só tinham aquela mãe, só as filhas os liam, como poderia haver engano?…
Estava habituada a acabar de cozinhar as refeições e sabia que tinha de limpar a casa com a irmã, nesse dia. Afinal era Natal. Limpariam tudo e quando a mãe chegasse fariam rabanadas e formigos. O pai gostava de rabanadas de vinho e a mãe fazia sempre um prato à parte só para ele. Mais ninguém as comia. Agora a mãe já não faz rabanadas de vinho. Agora a mãe está reformada e tem tempo, mas não as faz. Faz os formigos que a filha mais velha pede e a mãe sabe que gosta. Agora a mãe só quer agradar aos filhos. Antes estava sempre triste e gostava também do pai. E a filha mais velha pedia baixinho ao menino Jesus, antes de dormir, para que a mãe não se zangasse e o pai não ameaçasse de bater.
A mãe chegou cansada, já de noite e o pai tardou em chegar, nesse dia também.

…continua…

sábado, dezembro 11, 2010

conto de Natal



Não conseguia adormecer. No dia seguinte era véspera de Natal e a sua cabeça imaginava tanta coisa. Deitada na cama com quatro cobertores em cima, olhava o tecto manchado de negro pela humidade. Uma mancha parecia-lhe um rosto de um homem a gritar, outra mais abaixo parecia um novelo de lá cinzenta, à esquerda estava um girassol, curvado, como que a murchar. A irmã mais nova deitava-se do lado da janela, do seu lado esquerdo. Ela ficava do lado da porta, porque queria guardar o quarto, proteger a irmã de gatunos imaginários. Mais tarde compreenderia porque é que se habituara assim, porque é que escolhia ficar sempre desse lado da cama…
A sua cabeça imaginava e não a deixava dormir. Imaginava que no dia seguinte a mãe não iria trabalhar e iria fazer a ceia de Natal sem pressa, que o pai não iria tocar as Boas Festas com os amigos e com os irmãos, até de manhã, fazendo a mãe zangar-se durante uma semana, durante meses, durante toda a vida. Imaginava que o pai não iria implicar com tudo e que a mãe não iria gritar com elas, as filhas, com ele, com todos. Imaginava que haveria dinheiro suficiente para comprar presentes, que a mãe estaria menos triste e que o pai estaria menos ausente. Imaginava que viviam numa casa aquecida e com móveis bonitos e que teria roupa nova no sapatinho. Imaginava uma enorme árvore de natal e um presépio novo, com peças de porcelana brilhante e macia. Imaginava que o menino Jesus estaria intacto e não colado e com a face desfigurada.
Acabou por adormecer e, no dia seguinte, na véspera de Natal, correu a ver o presépio…

...continua...