segunda-feira, janeiro 21, 2013

Será



Será que ainda me resta tempo contigo,
ou já te levam balas de um qualquer inimigo.
Será que soube dar-te tudo o que querias,
ou deixei-me morrer lento, no lento morrer dos dias.
Será que fiz tudo que podia fazer,
ou fui mais um cobarde, não quis ver sofrer.
Será que lá longe ainda o céu é azul,
ou já o negro cinzento confunde Norte com Sul.
Será que a tua pele ainda é macia,
ou é a mão que me treme, sem ardor nem magia.
será que ainda te posso valer,
ou já a noite descobre a dor que encobre o prazer.
Será que é de febre este fogo,
este grito cruel que da lebre faz lobo.
Será que amanhã ainda existe para ti,
ou ao ver-te nos olhos te beijei e morri.
Será que lá fora os carros passam ainda,
ou as estrelas caíram e qualquer sorte é bem-vinda.
Será que a cidade ainda está como dantes
ou cantam fantasmas e bailam gigantes.
Será que o sol se põe do lado do mar,
ou a luz que me agarra é sombra de luar.
Será que as casas cantam e as pedras do chão,
ou calou-se a montanha, rendeu-se o vulcão.
Será que sabes que hoje é Domingo,
ou os dias não passam, são anjos caindo.
Será que me consegues ouvir
ou é tempo que pedes quando tentas sorrir.
Será que sabes que te trago na voz,
que o teu mundo é o meu mundo e foi feito por nós.
Será que te lembras da cor do olhar
quando juntos a noite não quer acabar.
Será que sentes esta mão que te agarra
que te prende com a força do mar contra a barra.
Será que consegues ouvir-me dizer
que te amo tanto quanto noutro dia qualquer.
Eu sei que tu estarás sempre por mim
Não há noite sem dia, nem dia sem fim.
Eu sei que me queres, e me amas também
me desejas agora como nunca ninguém.
Não partas então, não me deixes sozinho
Vou beijar o teu chão e chorar o caminho.
Será,
Será,
Será! Pedro Abrunhosa

sexta-feira, janeiro 18, 2013

8 Anos do Filho

Pois é... o Filho fez 8 anos e levou para a escola um bolo original para poder comemorar com os amigos: colegas e professores.
Não é que aquela escola fica mesmo na casa dos fantasmas? Um dos fantasmas fugiu do bolo e como eles cantaram muito bem os parabéns ele apareceu de novo no seu lugar no bolo!



O Filho teve um dia muito feliz! Vejam o presente que ele me trouxe no fim do dia: o desenho do bolo.


sábado, janeiro 12, 2013

Sweet sixteen




Hoje, alguém que amo mais do que a mim própria, faz 16 anos. Lembro o dia em que nasceu, num domingo de sol de inverno luminoso e frio. Um bebé terno, doce, tranquilo… Um ser pequenino que me traria o mundo num sorriso. Muitas alegrias, nenhumas tristezas. Foi este o caminho até aqui. 

Hoje, digo-te que me lembro enternecida de tantas coisas que vivemos e admiro-me com o quanto crescemos juntos!
 Sabes, mãe. Antes eras uma deusa para mim. Agora já não. Agora vejo-te como realmente és: com as tuas qualidades e os teus defeitos.
Foi esta frase que disseste quando tinhas ainda 10 anos, quase 11, que me fez perceber mais claramente que tinhas crescido. Estavas um rapazinho cheio de convicções e certezas. Dizias muitas vezes que já eras um pré-adolescente e que eu tinha defeitos que antes não vias. Dizias que os teus, conhecias muito bem:  que eras um Capricorniano cheio de qualidades, mas que sabias que não eras perfeito. Falaste sempre com uma lucidez muito avançada para a idade. Sempre foste assim: precoce e convicto do que dizias.
Com 10 anos já eras um pequeno génio, com excelentes capacidades de argumentação, com um interesse especial por História, Literatura, Mitologia, Astrologia e Misticismo. Adoravas conversar com adultos e ser tratado como um deles. Tinhas já uma curiosidade insaciável e um espírito crítico apurado.
Só queria realizar quatro desejos: tirar sempre boas notas, saúde e bem-estar para a minha família, viajar no tempo e dar a volta ao mundo.”
Eram então 11 anos cheios de leituras e muita imaginação a falar! Um pequeno grande homenzinho com muitos sonhos para concretizar! É o sonho que fala por ti, mas também a curiosidade, uma curiosidade inata pelo desconhecido que te preenche os dias e a busca de novos conhecimentos.
Um dia recebi a mais bela declaração de amor!
“Vês, consigo soltar a minha mão da tua”, disse, tirando a (ainda) pequena mãozita de 12 anos da minha.
“Mas cá dentro não consigo soltar-me de ti! É como se isso fosse impossível. Quando te zangas comigo fico fraco. Enfraqueço como um menino Africano que está um ano sem comer. A única coisa que me interessa é se tu gostas do que eu faço, se gostas do que eu digo, se gostas da minha vida… Os outros não me interessam. Não estou interessado em agradar às outras pessoas. Desde que a minha mãe goste do que eu sou, isso basta-me! Se tu te ris para mim, tudo está bem! Só isso importa!”
Muitos filhos podem sentir tudo isto, mas talvez poucos consigam pôr em palavras toda esta intensidade!...

Em Julho de 2012 escrevi o seguinte sobre ti:
Não escrevi nada nestes últimos anos. Tenho andado ocupada com outras coisas importantes (?). Parece-me agora que não o devia ter feito. Vir aqui escrever sobre ti, é essencial. Muito mais essencial do que qualquer outra coisa muito importante que tenha para fazer. Mas pronto, já não vou a tempo para mudar o que não ficou escrito e devia ter ficado.
Desenhaste aos 14 anos, por exemplo, três vestidos e uma saia para mim que mandei fazer a uma costureira. Isso devia ter ficado registado. Foi no verão do ano passado.
Terminaste o Instituto de Inglês.
Fizeste o 10º ano. Tens 15 anos. As notas, este ano, foram também excelentes: dois 18, dois 19, dois 20! 17 a Educação Física e, por pouco não apanhavas a lei de já não ter EF na média. Como sofremos com isto! Muito precoce, entraste um ano mais cedo para a escola e, assim, apanhaste a lei que te consome o descanso e te cria ansiedade, porque a EF não consegues tirar 18, 19, ou 20. A tua vida é desgastante, dizes tu. Tens de manter as notas elevadas, tens pressão social (leia-se: a tua insegurança faz-te sentir que todos os outros te olham e te julgam e isso provoca-te receio), tens problemas em adormecer. Tens ainda uma cultura acima da média e uma forma de pensar madura demais. Costumo dizer que és um corpo jovem numa alma velha. És a melhor companhia do mundo, porque o teu sentido de humor é único. Falas de política, interessas-te pela economia, pela actualidade no mundo, pela arte, pelo cinema… Vemos filmes que muitos adultos não vêem. Ontem fomos ver “Moonlight Kingdom”. Uma história doce e terna acerca do primeiro amor!
Escreves muitas coisas: contos (que nunca acabas!), peças de teatro… Dizes que não gostas de poesia e também não escreves poesia. Eu fui diferente: comecei por escrever poesia em adolescente (ou coisas que eu chamava poesia) e nunca fui capaz de escrever, por exemplo peças de teatro.
Tens sonhos para o futuro e tudo passa pela arte. Gostavas de ser Costume Designer! Desenhar as roupas para os filmes de Hollywood, para peças de teatro… Gostas de filmes históricos também por isso, porque as roupas são essenciais para a criação da atmosfera da época.
Dizes sempre que não gostas de fazer planos, porque receias que não se concretizem. Mas, para mim, com as capacidades que tens, podes até fazer vestidos para as árvores!

Hoje, a 12 de Janeiro de 2013, percebo que ao longo destes anos aprendi muito mais contigo, certamente, do que tu comigo. Há almas que encarnam para ensinar outras a crescerem e a tornarem-se luz. 
Que nunca me falte a capacidade de te entender, de te apoiar, de te amar incondicionalmente. Que sejamos sempre um, hoje e sempre, para toda a eternidade e que eu entenda o quanto sou melhor em cada dia e mais feliz também porque te tenho a ti, há 16 anos na minha vida!
“-E porquê, mãe?
-Porque o amor, filho!”
Parabéns, Edgar!