sexta-feira, janeiro 30, 2009

Mãe Desnecessária


O dia 20 de Setembro de 2002, representa um marco na minha vida.
Ser mãe ensinou-me muita coisa.
Posso afirmar hoje, ao fim de 6 anos, que esta experiência no mínimo gratificante, me mudou. Os meus sentimentos não são hoje, com toda a certeza, os mesmos que possuía antes do nascimento do Gonçalo. Transformei-me num ser melhor, mais sensível, mais paciente e descobri com a maternidade uma característica que desconhecia existir em mim: a capacidade de abdicar.
A minha vida passou a ser regida em função dele e do seu bem-estar.
O sentimento por um filho é imensurável, cresce todos os dias e a todas as horas do dia!
Este amor exponencial, traz muitas vezes dúvidas e dificuldades em estabelecer limites e fronteiras que devemos impor.
Educar não é de todo uma tarefa fácil, e por mais voltas que se dê não se encontra, em lado algum, a tal receita milagrosa, que todos gostaríamos de aplicar em determinadas situações.
Encontrei este artigo, muito interessante.
Reli-o várias vezes, porque me enquadro naquelas mães galinhas, capoeira diria mesmo! Uma daquelas mães que com o passar do tempo terá de aprender a tornar-se uma mãe desnecessária …


“A boa mãe é aquela que vai se tornando desnecessária com o passar do tempo.
Várias vezes ouvi de um amigo psicanalista essa frase e ela sempre me soou de uma forma estranha. Chegou a hora de reprimir de vez o impulso natural materno de querer colocar a cria debaixo da asa, protegida de todos os erros, tristezas e perigos.Uma batalha interna hercúlea, confesso.
Quando começo a esmorecer na luta para controlar a super-mãe que todos temos dentro de e nós lembro logo da frase, hoje absolutamente clara. Se eu fiz o meu trabalho direito, tenho que me tornar desnecessária.Antes que alguma mãe apressada venha acusar-me de desamor, preciso explicar o que isso significa. Ser “desnecessária” é não deixar que o amor incondicional de mãe, que sempre existirá, provoque vício e dependência dos filhos, como uma droga ao ponto de eles não conseguirem ser autónomos, confiantes e independentes.
Prontos para traçar o seu rumo, fazer as suas escolhas, superar as suas frustrações e cometer os seus próprios erros também.
A cada fase da vida, vamos cortando e refazendo o cordão umbilical. A cada nova fase, uma nova perda e um novo ganho, para os dois lados, mãe e filho.
Porque o amor é um processo de libertação permanente e este vínculo não para de se transformar ao longo da vida.Até o dia em que os filhos se tornam adultos, constituem a sua própria família e recomeçam este ciclo.
O que eles precisam é ter certeza de que estamos lá, firmes, na concordância ou na divergência, no sucessoou no fracasso, com o peito aberto para o aconchego, o abraço apertado, o conforto nas horas difíceis. Pai e Mãe solidários - criam filhos para serem livres. Esse é o maior desafio e a principal missão.
Ao aprendermos a ser “ desnecessários”, transformamo-nos num porto seguro para quando eles decidirem atracar.”
(Autor Desconhecido)

3 comentários:

Alexandre disse...

Uma breve história que vi num documentário... Uma leoa tinha um dos filhotes que procurava refúgio na mãe e não participava na aprendizagem da caça... Ao capturar uma presa, todos comiam excepto este que era impedido pela mãe. A leoa sabia que se não o ajudasse a ser independente este acabaria por morrer mais tarde quando estivesse só na savana...

Anónimo disse...

Tenho visto o meu pintaínho crescer com orgulho desmedido! (TÍpico: mãe galinha, do pior que há!)

Tenho visto o meu cordão umbilical a ser cortado muito devagar, pois o pintaínho é quase tão galinha com a mãe como eu com ele!

Anseio e desejo que a necessidade de me tornar desnecessária surja de modo natural e sereno, sem traumas, nem torturas, como fez a mãe leoa!

É saudável que assim seja.
É desejável que assim seja.

O mais saudável será a vida condicionar e impôr esse crescimento!

Creio estar preparada para o voo final, aquele que desejo não seja para muito longe, mas alto o suficiente para que o mundo seja visto com intensidade!

Beijos, Mimi!
E a todas as mamãs que sabem e sentem tudo isto no coração!

Anónimo disse...

Filipa disse... "..sem traumas, nem torturas, como fez a mãe leoa!"

Não me parece que tenha sido dessa forma que a mãe leoa o tenha feito, mas posso ser eu que está a ver de forma diferente!

São os "traumas" que em grande parte contribuem para modificar a personalidade de um sujeito, são eles que o sensibilizam para as emoções, que o fazem crescer, e em última instancia podem desencadear problemas psíquicos, sim é verdade!

No entanto o que acontece a uma pessoa na ausência de qualquer tipo de traumas? No caso do filhote leão a resposta parece evidente… ia viver com os irmãos!

Suponho que deva existir uma espécie de meio-termo: talvez pequeninos traumas ao longo da jornada, para que se esteja preparado para os inevitáveis Grandes, que a todos nesta vida surgem!

PS: Gostei da história!