-Mãe, estou a ficar velha... Doem-me os ossos desta mão...
-Deixa lá, filha, quando chegares à minha idade renovas!
É sempre assim. As suas respostas imediatas carregam o optimismo espontâneo que nasceu consigo! As madeixas brancas misturam-se com os cabelos negros de outrora e solta-se da sua boca a sabedoria natural de quem já sabe muito, mas continua a aprender sem receios nem pudores.
-Mãe, perdi o concurso. Enviei dois trabalhos, mas não ganhei nada...
-Deixa lá, filha, ganhaste experiência!
Por vezes escandaliza-se levemente. Outras vezes diz que nada a surpreende, mas as rugas que traz no rosto só me fazem lembrar que tenho à minha frente uma alma renovada, forte, lutadora. E o meu coração sorri...
-Porque estás a rir?
-Estou-me a rir do que disse... Aquilo de renovar!... Quem me dera ficar assim renovada daqui por muitos anos! Tanta gente que precisava de se renovar por dentro e só se lembram de renovar por fora...
"Experiência não é o que aconteceu com você; mas o que você fez com o que lhe aconteceu" ( Aldous Huxley )
3 comentários:
Está belissímo, e faz passar toda a sabedoria que se esconde por trás de madeixas brancas que se misturam com os cabelos negros de outrora :)
um beijinho enorme *
É por estas e por outras que mesmo sem querer dou comigo a sentir-me capaz de tudo.
As situações que vou vivendo revoltam-me, deixam-me angustiada e algumas vezes com vontade de partir tudo. Não consigo ser amorfa a quase nada. As coisas mexem comigo e tenho mesmo que dizer ou fazer algo. Não são atitudes muito comuns de se encontrar mas só assim sinto que eu passo pela vida e não a vida por mim.
Acho que foi dela que herdei esta força que não sei onde começa nem onde acaba...e também uma boa dose de inconformismo.
Bjs
Existe algo, praticamente comum em todas as mães.
É o amor que sentem pelos seus filhos.
Sabem sempre transmitir as palavras mais sabias e mais tranquilas quando sentem a "agitação" dos seus filhos.
Considero a minha mãe uma pessoa frágil, incapaz de dar uma má resposta a alguém ou até mesmo de levantar o seu tom de voz em algum momento de exaltação.
Digamos que eu saí ao meu pai ! :o)))
Dou por mim, tal como tu Filipa, a rir quando revejo alguns dos meus comportamentos :o)
Quantas vezes ja fui ter com a minha mãe, feito "furação", com as pilhas todas carregadas, a falar com uma rápidez maluca, a achar que mundo estava a desbabar,e encontro nela, sempre, aquilo que nessas ocasiões me faz abrandar.
A calma, para me ouvir, para me deixar falar até que me esgote. Para no fim, me dizer que tudo se resolve e que tudo vai correr bem.
Essas palavras vindas dela, acalmam-me, até porque sei que corra como correr, posso sempre contar com ela ;o)
Um grande beijinho!
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