quinta-feira, agosto 19, 2010

um olhar, por agora...


todos os amantes
todos os suspiros por mais um segundo
todos os sussurros de não partirei
todos os momentos de eterno
toda a vida num só grito

toda a eternidade num toque
todo o silêncio numa melodia de manhã de primavera
todo o começo e todo o fim num sorriso
toda a cor numa flor entregue sem nome
toda a luz num céu limpo de nuvens

tudo se cristaliza num olhar apenas
aquele que vem de onde nascem as fontes mais puras
aquele olhar onde nasce o mundo para mim
e em mim

fechemos os olhos
agora

domingo, agosto 15, 2010

hand me down, matchbox twenty



(I know...
You don't have to say a word...)


Someday they'll find your small town world
On a big town avenue
Gonna make you like the way they talk
When they're talking to you
Gonna make you break out of your shell
Cuz they tell you to
Gonna make you like the way they lie
Better than the truth
They'll tell you everthing
You wanted someone else to say
They're gonna break your heart, yeah
From what I've seen
You're just one more hand me down
Cuz no one's tried to give you
What you need
So lay all your troubles down
I am with you now
Somebody oughta take you in
Try to make you love again
Try to make you like the way they feel
When they're under your skin
Never once do you think that they would lie
When they're holding you
Then you wonder why they haven't called
When they said they'd call you
You'll start to wonder
If you're ever gonna make it by
You'll start to think
You were born blind
From what I've seen
You're just one more hand me down
Cuz no one's tried to give you
What you need
So lay all your troubles down
I am with you now
I'm here for the hard times
The straight to your heart times
When living ain't easy
You can stand up against me
And maybe rely on me
And cry on me, yeah
Oh no, no, no
Someday they'll open up your world
Shake you down to the drawing board
Do their best to change you
They still can't erase you
From what I've seen
You're just one more hand me down
Cuz no one's tried to give you
What you need
So lay all your troubles down
I am with you now
Lay them down on me
You're just one more hand me down
And all those nights don't give you
What you need
So lay all your troubles down
On me

quinta-feira, agosto 12, 2010

quando o mar era azul, como o futuro...



Eram as férias de Verão e acordávamos cedo, demasiado cedo para a época do ano... Só uma coisa nos fazia acordar antes do meio-dia, nas férias, em pleno Agosto: a praia!
Garotas adolescentes, muito responsáveis já, estávamos um dia inteiro fora de casa, por nossa conta, sem pais por perto... E às 8h da manhã, lá nos encontrávamos, na paragem da camioneta... Esta levava pessoas para a praia, desde a aldeia em que vivíamos até Leça. Agora é uma vila, naquele tempo ainda era aldeia, e Leça ficava muito longe... Quase uma hora de caminho... Regressavamos às 18h. Era um dia passado à beira-mar, livremente, sem restrições nem regras, excepto as que guardávamos na nossa cabeça e cumpríamos escrupulosamente. O protector de vez em quando, a bandeira vermelha, as horas depois de comer sem ir à água e pouco mais...
Ao lembrar agora aqueles dias, nem posso acreditar que não saía da água gelada todo o dia. Fazia apenas um intervalo para comer e cumprir as três horas da digestão, para logo a seguir entrar nas águas gélidas do Atlântico e lá ficar a mergulhar até os lábios se tornarem roxos e deixar de sentir as mãos e os pés, com a pele enrugada e branca. O mar do Norte continua assim, gelado, todo o ano. Naquela altura, a água não me parecia tão fria, excepto ao entrar.
E fazíamos amigos, e conversávamos e ríamos e jogávamos às cartas e voltávamos para casa, tendo gasto apenas 20 escudos num gelado, não todos os dias, só às vezes. Era um tempo em que uma criança era feliz com um gelado...
Nesse tempo longínquo das minhas memórias, lembro que me sentia feliz nesses dias de Verão e quando a minha cabeça voava para longe, normalmente na viagem de regresso, sentada nos assentos gastos da camioneta velha da empresa onde o meu pai trabalhava (por isso não pagávamos bilhete e só por isso podíamos ir todos os dias), a minha cabeça levava-me para um futuro muito azul, muito mais feliz, muito cheio de tudo e cheio de alegrias. O meu pensamento, que já naquela altura não conseguia ser domado, levava-me para praias exóticas, com gente muito bonita e rica, com cocktails a serem servidos a gosto, com areias brancas e extensas, com palmeiras e mares muito azuis de águas quentes...
Nesse tempo, nesses dias em que eu era feliz só por olhar o futuro com um mar mais azul do que este onde estou hoje, eu pensava a vida com cores que o pintor da criação talvez ainda não tivesse na sua paleta.
Por isso, hoje, nesta praia de enorme areal e neste mar de águas mornas eu recordo o Verão da minha adolescência e dá-me vontade de dizer àquela menina de então que continue a sonhar, que continue assim, ingénua, a pensar o futuro com um mar muito azul e com cores ainda por descobrir...