quinta-feira, dezembro 31, 2009

2010!

Novo ano e nova década iniciam-se...
Fazem-se balanços e tomam-se decisões...
Decidam ser felizes!
UM FELIZ 2010!

terça-feira, dezembro 29, 2009

O meu melhor presente



Este ano tive uma surpresa muito agradável na minha noite de natal !
Um pequeno envelope com uma mensagem de alguém muito especial...

"Sexta-Feira 25-12-2009
Mãe Querida

Mãe gosto de ti, tu és a pessoa mais amorosa, és tão amorosa que te dei este presente e és a Mãe que mais adoro.
Eu gosto de ti porque tu das-me miminhos.

Mãe FELIZ NATAL

Assinado: Gonçalo P."

terça-feira, dezembro 22, 2009

Merry Christmas!

Try JibJab Sendables® eCards today!


Um Natal doce no coração e na mesa de todos vós!

quinta-feira, dezembro 17, 2009

momento



A vida é feita de entregas alucinadas, de pedaços de céu reflectidos num olhar suspenso, num momento de delírio…
A vida não é maré baixa nem viver é apenas um estado líquido e inerte…
A vida é um sorriso, um abraço que transcende o tempo, que se eleva ao infinito da alma, que não tem palavras, porque as palavras sobram, quando queremos explicar…
A vida é o momento e as memórias dele em vinil e fita de cinema !...

quarta-feira, dezembro 16, 2009

August Rush... ainda e sempre...





Na última aula do período, por tradição, não dou matéria e, por tradição, os alunos vêem um filme. Este ano repeti o feito e, nas turmas novas, passei o filme "August Rush" (as turmas dos mais velhos já o viram comigo no ano passado:)). Chamei a atenção para a importãncia da música em todo o filme, para o som da natureza, para os sentimentos que saem da música, dos olhares, das palavras... O filme começou e a reação é sempre idêntica: as vozes calam-se, os olhares fixam-se no ecrã, os sorrisos abrem-se...
Adoraram o filme! Uma aluna escreveu a seguinte frase no msn: "August Rush: do melhor!"
E assim é, de facto! Um filme belo e envolvente! Perfeito para esta época!
Esta é a minha música favorita, cantada por Jonathan Rhys Meyers (suspiro :)) e que lembra que é algures bem dentro de nós que tudo acontece! Este é o som do coração!


"'Cause if you hadn't found me I would have found you..."

segunda-feira, dezembro 14, 2009

Você tem Inteligência Espiritual?

Você tem Inteligência Espiritual?
A Dra. Dana afirma que as pessoas com QS (inteligência espiritual) são facilmente reconhecidas porque:
1. Praticam e estimulam o autoconhecimento profundo.
2. São estimuladas por valores; são idealistas.
3. Têm capacidade de encarar e utilizar a adversidade.
4. São holísticas.
5. Celebram a adversidade.
6. Têm independência.
7. Questionam sempre.
8. Têm capacidade de colocar as coisas num contexto muito amplo.
9. Têm espontaneidade.
10. TÊM COMPAIXÃO!
Quantos destes itens você possui?

quinta-feira, dezembro 10, 2009

Uma tarde na Terra dos Sonhos


Nunca conheci tantos seres mágicos e histórias encantadas como desde que nasceste.


Das primeiras coisas fantásticas que fizeste (além de sobreviver àqueles primeiros dias conturbados e incertos) foi folhear um pequeno livro de histórias para bebés. E é sobre isso que hoje vou escrever.

Como é crescer a ouvir e a contar histórias de encantar? O que acontece na tua imaginação quando escutas todas estas histórias? São fadas, príncipes e castelos, piratas e tesouros, Winnie e o pote de mel, Peter Pan e a fada Sininho. Mundos encantados e cheios de seres que nem sonhava que existiam. Todos os dias escutas pelo menos uma história, seja ela nova ou repetida porque gostas muito daquela e queres que a leia de novo.

Passeamos pela Terra dos Sonhos e eu não consigo dizer quem é que se deixou envolver mais por aquele espaço de magia: tu ou eu? Na casa da Branca de Neve e os Sete Anões dei comigo a ler o nome dos anões (nunca os soube todos) escritos nas respectivas cabeceiras das mini camas e a tentar descobri-los pela atitude enquanto tu apenas os querias cumprimentar e passar à próxima casinha com mais personagens dos livros das histórias infantis.

Foi muito curioso ver na casa dos três porquinhos a representação do lobo a tentar, em vão, deitar a casa de tijolo abaixo. No final todas as crianças ficavam a ver o lobo a fugir e quando o descobriram no meio das árvores todas elas se despediam do lobo e diziam: “Não fiques triste, xau, até logo lobo”.

E a casa da Alice que não tinha Alice e ninguém te fazia acreditar que ela estava do outro lado do espelho? Aproximaste-te do espelho e muito admirado disseste: ”Não está nada. Ali sou eu!”

Foi uma tarde em cheio. A magia e os sonhos andavam de mãos dadas connosco o tempo todo.

O que é que acontece com as pessoas que se esquecem de sonhar?

sábado, dezembro 05, 2009

Este Sábado tão nosso


Gifs Animados

Temporal, alerta amarelo para a maior parte dos distritos a norte, chuva nas janelas e vento forte, mau tempo lá fora e o frio a sentir-se em todo o lado…
“Onde vamos hoje, mãe?”
Hoje não tiramos os pijamas, hoje ficamos em casa, no quentinho das coisas nossas, a ver um filme juntos, a estudar, a ler, a sentir o conforto da presença um do outro. Hoje fazemos as nossas torradas, tu comes os teus Chocapic e eu os meus cereais integrais, hoje comemos a nossa sopa, hoje ao lanche tu pedes mais pão com aquela marmelada tão boa que a Dª Emília fez e queres para jantar uma sanduíche de atum com maionese (“Só um pouquinho, vá lá, mãe…”) porque hoje é Sábado, (“Não faças jantar”). (“Está bem, mas a sopa tem de ser…”) E tu aceitas e deves pensar que a tua mãe é uma chata, mas gostas dela na mesma, porque não pudeste escolher outra e mesmo que pudesses não o farias, porque esta é a que te foi destinada para toda a eternidade e gostas dela assim e não sabes porquê.
E eu sinto-te a andar pela casa e vejo-te já tão crescido e imagino-te com mais seis anos e longe de mim e eu aqui, num Sábado parecido com este sem o teu cheiro de menino tão meu, de filho a crescer tão depressa, de amor pequenino e grande como daqui até ao sol, até ao infinito. Neste Sábado tão nosso, vou parar o relógio das nossas vidas, porque sei que nesta e noutras vidas estivemos e estaremos sempre ligados, tu e eu filho meu, assim juntos para sempre e desde sempre, unidos numa eterna saudade até do que ainda não foi, até do que já passamos e não queremos repetir… Cresceste tão depressa…
Este Sábado é nosso, por isso, vamos lá comer a nossa sopa que cheira a aconchego e a mãe, porque faz lembrar quando apenas com dois anitos me dizias “Cheiras a mãe!” quando eu estava em casa e me abraçavas com mais força, porque esse dia não era dia de trabalho e eu tinha tempo para cozinhar e brincar contigo…
Este Sábado é nosso!

A cor da amizade, em tempo natalício


Dançavam todos ao som da música revivida de memórias e sentimentos antigos, música sempre eterna das décadas douradas de 70 e 80. Claro que estamos a envelhecer, claro que tudo acontece a passos largos, claro que gostamos desses sons longíquos que pintam as nossas lembranças de emoções de outrora trazidas para o presente por emocionados gritos e palavras de contentamento. "Esta é tão gira!", "Lembras-te desta?"... E em uníssono cantam-se os refrões e as letras, ensaiam-se coreografias, imitam-se gestos e dão-se abraços, muitos abraços!

O homem dançava dentro de um fato que lhe sobrava no corpo, deixando-se levar pelos sons que ele, nitidamente, parecia sentir bem dentro de si. Dançava, levantando os braços e as pernas exageradamente, dançava com alegria em gestos largos como se esvoaçasse e o seu magro corpo, curvado para a frente, parecia não ser controlado por ele. Era difícil não reparar nele... Dançava com um enorme sorriso no rosto, como se aquela música familiar lhe trouxesse ao pensamento a alegria inconsciente da juventude.

E o grupo dançava alegremente, cada um ao seu ritmo, cada um com o seu jeito peculiar e único, todos juntos após um fraterno jantar de Natal...

E é com cores destas que se pintam momentos de amizade e alegria! Outros jantares virão, outros natais também, outros amigos se farão, outras pessoas sairão e entrarão para as nossas vidas, por isso sabemos que estamos vivos, em mais um Natal, já tão próximo (de novo)!

segunda-feira, novembro 30, 2009

O que se vê e o que se é


"...Não se sabe quem vai, nem quem vem. A gente vê os corpos, mas não vê as almas que estão dentro. Há corpos de agora com almas de outrora. Corpo é vestido, alma é pessoa... Na feira da Roqueirinha quem sabe com quantos reis antigos se topa, quando se anda aos encontrões entre os vaqueiros... Em ruim corpo se esconde bom senhor!..."
Eça de Queiroz, in A Cidade e as Serras

sábado, novembro 21, 2009

We live with what we miss...

imagem retirada daqui

Vai deslizando o som quente da música no interior de mim e do automóvel. Prossigo viagem, seguindo a linha branca da estrada que se apresenta em frente, sempre em frente. Nem sei para onde sigo, sigo apenas a linha branca, o caminho é sempre em frente. E seguro na mão um olhar que vi a brilhar por dentro, a seduzir por fora, a brincar com o sorriso eterno de um dia eterno em que ainda não te vi, mas já conheço!

- O que trazes aí?
- Nada de especial, somente o coração que vou guardar na caixa de memórias!

We live with what we miss…
I miss the rain in Summer
I miss the sun in Winter
I miss the stars in the morning
I miss the sunshine at night…
I live to miss what I don’t have…

And I miss you
because you live in me…

sexta-feira, novembro 20, 2009

Desamor


é amor
esse amor cruel e desmedido
mas esse eu não quero
fica contigo
quero um amor doce e suave
que toca a alma e não apenas o corpo
esse, esse fica comigo
vai para o todo o lado não me abandona
abraça-me, acolhe-me e protege-me
suave e intenso como a estrada quente percorrida
esse vai comigo.

gritos que não dizem nada
esses não são para mim
não sentes que o coração que está na tua frente transborda pelos olhos?
vê como corre só para te ver, já que ter-te é impossivel
e não são os outros que não permitem
és tu que não o sentes.

errante caminho desalinhado
fortalecido pelas quedas e não esmorecido
com tantas palavras para se dizer
escolhes as que não fazem sentido
será que são as palavras ou serás tu mesmo?

nessa estrada sem direcção
caminhas determinado mas esqueces-te do coração
esse ficou comigo
encontra-se bem, cuidado, posso garantir-te
não o parto não o amachuco
mimo-o como parte preciosa de mim
e não deixo que nada de mal lhe aconteça
porque está junto do meu
lado a lado a conversar
um dia dir-te-ei como conversam

terça-feira, novembro 17, 2009

"Estrelinha"


Escreveu o nome dela numa estrela
na que estava mais perto da terra
aquela que é a primeira a aparecer no anoitecer
e ficou a olhá-la com o olhar enternecedor
abraçou-a e deixou o seu brilho espalhar-se por toda a terra até ao seu coração
uma companhia eterna para todos momentos
para aqueles em que a ausência do olhar faz demorar mais do que as horas do relógio
mais do que os dias do calendário
mais do que as estações do tempo que já não existe
para que nunca se sentisse só
pendurou-a na lua, a guardiã da noite, e com um laço macio de cetim ali a deixou.

sexta-feira, novembro 13, 2009

Seus olhos - Almeida Garrett

Apetece-me deixar entrar um clássico! Tão belo este poema eterno!


Seus Olhos

Seus olhos --- se eu sei pintar
O que os meus olhos cegou ---
Não tinham luz de brilhar.
Era chama de queimar;
E o fogo que a ateou
Vivaz, eterno, divino,
Como facho do Destino.

Divino, eterno! --- e suave
Ao mesmo tempo: mas grave
E de tão fatal poder,
Que, num só momento que a vi,
Queimar toda alma senti...
Nem ficou mais de meu ser,
Senão a cinza em que ardi.


Almeida Garrett

terça-feira, novembro 10, 2009

Porque existe sempre alguém que gostariamos de rever

Por te rever - Mafalda Veiga
"Pudesse eu guardar-te nos sentidos e na voz
E descobrir o que será de nós
E demorar um dia mais eternamente
Por te rever, só
Quisera a ternura, calmaria azul do mar
O riso o amor o gosto a sal o sol do olhar
E um lugar pra me espraiar eternamente
Por te rever, só
Pudesse eu ser tempo a respirar no teu abraço
Adormecer e abandonar-me de cansaço
Quisera assim perder-me em mim eternamente
Por te rever, só"

domingo, novembro 08, 2009

Choose love




Rita Redshoes

A carta

imagem retirada daqui


Ela fechou a carta que demorara a escrever. Pensara cada palavra, cada sílaba, cada vírgula. Pensara cada batimento de coração que havia de colocar dentro do envelope. Lembrou as suas mãos longas que tocavam Mr. Big numa noite qualquer há muitos anos, mãos tão jovens então, as mãos e os olhos que, como escreveu Lobo Antunes, eram duas “pedras escuras guardando dentro como que um sumo de amor” e também as mãos e os olhos dele ela guardou dentro do envelope. E enquanto ele tocava naquele tempo antigo de sonhos, ficava ela a olhá-lo a cantarolar e a acompanhar com a viola o som que vinha de dentro dela e também isso ela lá guardou no envelope, junto com a carta, junto com as palavras todas pesadas na balança da emoção inexplicável do passado feito presente. Ela também lá guardou esse tempo, esse passado em forma de sorrisos e disse-lhe que era altura de respirar de novo. Disse-lhe com letras, com frases, com sílabas que era altura de respirar de novo. Disse-lhe com vírgulas e muitas reticências e pontos finais e pontos de exclamação que a carta só seria aberta por ele, quando ele entendesse que era altura. É que, para ela, seria sempre o momento certo, porque para ela a viola tocaria sempre e as mãos dele seriam para sempre aquelas, longas e belas mãos que arranhavam as melodias a medo, a experimentar o som desconhecido, naquele tempo de lembranças. Ele tinha de saber que para ela era sempre tempo e que só dependia dele e que ela esperava, esperaria… Mas, por agora, tinha de fechar o envelope, tinha de enviar a carta, tinha de respirar de novo.
E de uma vez, sem pensar mais, ela fechou o envelope, colou-o bem colado, bem fechado ele ficou e a carta seguiu a sua longa viagem até ele e ela conseguiu,finalmente, respirar de novo.

quarta-feira, outubro 28, 2009

Uma estrada...


imagem retirada daqui

Ela sabe de uma estrada larga, aberta de par em par como uma porta sem maçaneta, uma porta arrombada, uma porta escancarada... Ao longo dessa estrada larga há uma floresta de cada lado, preenchida por inúmeros atalhos, tantos atalhos quantas as possibilidades. E dentro de cada possibilidade existem outros atalhos, outros caminhos, outras florestas…
Nessa estrada larga ela percorre o caminho que a leva em frente, adiante, aquele que a guia aos prados verdejantes dos quadros dos pintores naive, sem montanhas nem vales, apenas campos arejados e vastos de longínquas sensações de tranquilidade com sabor a fins de tarde amenos.
Ela sabe que nessa estrada prodigiosa e escancarada para a vida, não há retrocessos nem flashbacks, nem livros de história passada ou narrada, nem lendas passadas no sublimar de emoções irreais. E nessa estrada ela segue de vestido negro igual ao cabelo, segura, preparada para o que decerto lhe trará a curva lá ao fundo: outro amanhecer de caminhos largos e inúmeras possibilidades.
Ela sabe de abraços sentidos em despedidas demoradas, leves, suaves, em abraços de almas irmãs e em batimentos de corações em uníssono e é nesses abraços que ela sabe encontrará aquele verso do poema que traz guardado desde sempre…


“And after all that, however long all that may be, you'll go somewhere new. And you'll meet people who make you feel worthwhile again. And little pieces of your soul will finally come back.” No blogue A Senda

quarta-feira, outubro 21, 2009

Uma aldeia

Da janela do quarto podia ver o rio.
Envolto numa paisagem verde e fresca, corria, livre, solto e transparente.
Era Verão e lá fora o sol ainda brilhava alegre e quente.
Vinha de uma cidade movimentada, e era sem dúvida, aquele silêncio que mais estranhava. Parecia que por alguns instantes, a vida era simples, as pessoas eram simples, tudo era simples. E era-o de facto.
A casa era em pedra e embora pequena, estava fresca. O seu interior mobilado com móveis rústicos, e desgastados pelo tempo, conferia-lhe um ar pobre. Uma casa porém igual a todas as outras casas daquela aldeia, envolta no grande vale da serra da Gardunha.
“Enquanto guardava as ovelhas do teu avô, descalço no frio, olhava para esta serra e sabia que um dia haveria de sair daqui.” disse-lhe o seu pai.
E não se enganara. Saíra, para longe, muito longe, e voltara naquele dia, muitos anos depois para rever familiares, amigos, para voltar a caminhar nos mesmos caminhos, que de tanto palmilhados, ainda conhecia de cor. Com um sorriso emocionado, olhos embargados, lá ia dizendo que aquela mesma pedra continuava naquele mesmo lugar, mas que se caminhava melhor nela descalço do que com os sapatos que levava calçados. Sabia muito bem, que o que tinha mudado era a agilidade com que saltava sobre as mesmas nos seus tempos de menino.
Voltaria, ainda alguns anos mais tarde, normalmente no verão, quando a vida lhe permitia ou quando as saudades da aldeia apertavam.
E contava sempre muitas histórias, daqueles tempos! Ainda muito pequena, ouvia-o com muita atenção, com muita admiração, mesmo não percebendo como hoje, o cunho e o valor daqueles testemunhos. A sua infância tinha sido tão diferente da dela...
Desde a morte do avô que não mais voltou aquela aldeia.
E sente saudades, saudades daquela aldeia onde viveu momentos de uma vida tão mas tão distante.
Um dia prometo lá voltar …

Um tolo no meio da ponte


Quando ali chegou não sabia onde estava
Era fácil ir embora ou ficar exactamente no mesmo lugar
Os sonhos e os desejos levam-na para o outro lado
mas o outro lado é desconhecido o que de lá possui é tudo mas não o suficiente
o que chega para se fazer a mudança
para sair do desconforto confortável e correr atrás do sonho
no instante seguinte
"I was wrong to stay but I couldn't go"
nas entranhas do coração habitam os sonhos e quando algo os toca não fica indiferente
mas a coragem da mudança não é para todos
os imortais ficam perenes, julgam eles, onde estão e sem perdas aparentes
mas haverá maior perda do que deixarmos de sonhar?
"vai onde te leva o coração" e quando não souberes o caminho
"senta-te num canto e espera que ele te dê a resposta"
um tolo no meio da ponte não conhece a direcção e nem com GPS saberia orientar-se
não sabe sequer que velocidade colocar em cada passo que dá pois "para um barco à deriva não há ventos favoráveis"
O vento, a ponte, o caminho, os seus pés tudo são impecilhos e para todos encontra um novo motivo para ali permanecer.

sábado, outubro 17, 2009

Amanhecer de girassóis


imagem retirada daqui: olhares.aeiou.pt/campo__de_girassois_foto2051...

É possível que tudo tenha a ver com o tempo. “O tempo é o meu maior inimigo.”, disse ele. “Combato-o como posso.” Ela percebeu que também ela procurava combater o tempo ao não dizer que o tempo acabara, que, afinal, aquele não era o tempo de dar a água do seu sorriso àquele que lhe ficara com o coração.
“O teu olhar, a luz do teu olhar entrou no sepulcro dentro de mim e abriu o meu refúgio à corda do relógio da vida. Foi o teu olhar matinal que encantou de novo o som dos pássaros a rasgar os céus de Setembro. Eles voam à procura de um sol que não está cá. Tu não podes ir, mas a luz do teu olhar chegará lá, bem longe, onde alguém sentirá que este amanhecer de girassóis será eterno em ti. Em mim não. Eu já não tenho tempo. Sempre foi o meu maior inimigo. Combato-o como posso. Hoje foi com o teu sorriso, ontem com a energia do teu olhar. Sabes que procurei esse olhar toda a noite?... E ao mesmo tempo fugia dele… E na lama do meu íntimo, nas sombras de mim eu sabia porquê… Sabia que eras de alguém. Sabia que para teres essa luz a soltar-se de ti tão fulgurante, era porque pertencia a alguém e não a ti. Não a mim também, bem sei. Porque eu apenas procuro combater o tempo, como posso. Já to tinha dito antes. Mas até isso preciso de repetir. Para entender melhor. Para chegar até ti, às franjas da tua alegria e conseguir sorrir… Contigo.”
Ela percebeu de novo que o tempo acabara dentro de si. Já não sorria. Ele não percebia nada. Não podia dar mais tempo àquele que, tão longe, lhe segurava o coração com a mão, a pendurava na lua e lhe mostrava as estrelas, dizendo-lhe: “São belas, não são? Mas não são nossas… O nosso tempo acabou. Como aqueles girassóis têm de acabar, sempre que o sol se senta a descansar nas encostas da noite.”
Ela olhou-o, deteve os seus olhos nos dele e sorriu-lhe.
“Sim, querido, o tempo é o nosso maior inimigo. Por isso, a vida é já!”

sexta-feira, outubro 16, 2009

In a Box

Já quase não cabe mais nada aqui nesta caixa… por um lado alegro-me com o facto de algumas das letras do monograma já cá não estarem. Só fazem falta as que ainda aqui estão e assim ainda há espaço para guardar mais esta agenda.
Mas porque quero tanto estas coisas assim pertinho de mim?
Abro de novo a caixa e sinto o cheiro de ducados daquele tempo. Já não têm o mesmo cheiro hoje. Estes que ainda estão nesta caixa são de cheiros de outro país, de outras pessoas e de outras vidas…
Sinto um misto de nostalgia e ao mesmo tempo arrepia-se a minha alma… tanta vida ainda aqui neste pequenino espaço.
O teu nome está completo, as nossas conversas daqueles dias ainda se lêem apesar de algumas das folhas desta velha agenda estarem tão gastas… e não é da idade que têm mas das inúmeras vezes que ainda te ouço a partir delas. Delicioso aroma concentrado num pequeno espaço…
Mas os pássaros que trazíamos dentro do peito não podiam ficar fechados numa caixa escura, onde nem o titulo do que continha se lê mais… fomos soltando os vincos à caixa e a própria tampa já não encaixa completamente… O cheiro das memórias solta-se levemente e consigo senti-lo mesmo quando ainda está semi-fechada.

segunda-feira, outubro 12, 2009

segunda-feira, outubro 05, 2009

Original Sin - um filme para um dia de chuva...








Dois dos meus actores preferidos, juntos... Um filme intenso... E belo! Ideal para um dia como o de hoje... Chuvoso e morno...

"You can't walk away from love..."

domingo, outubro 04, 2009

o tempo, subitamente solto - JLP

o tempo, subitamente solto pelas ruas e pelos dias,
como a onda de uma tempestade a arrastar o mundo,
mostra-me o quanto te amei antes de te conhecer.
eram os teus olhos, labirintos de água, terra, fogo, ar,
que eu amava quando imaginava que amava. era a tua
a tua voz que dizia as palavras da vida. era o teu rosto.
era a tua pele. antes de te conhecer, existias nas árvores
e nos montes e nas nuvens que olhava ao fim da tarde.
muito longe de mim, dentro de mim, eras tu a claridade.

José Luís Peixoto

sexta-feira, outubro 02, 2009

Momentos...

Há momentos de lucidez e momentos de loucura. Há dias em que o mundo parece uma gota de orvalho: transparente, puro, brilhante, quase enigmático de tão perfeito. Há dias em que o mundo nem parece ter contornos, surge-nos desfocado ao entendimento, obscuro na sua compreensão, quase insuportável como uma pedra no sapato após longas horas de contacto com a pele...
Há momentos de lucidez... Uma lucidez tão intensa que quase fere o olhar, como a luz clara e dolorosamente realista de uma manhã de Verão. Há momentos de loucura inexplicável, desdenhosa da nossa racionalidade controlada e controladora de impulsos mais ou menos selvagens, mais ou menos tiranos e dominadores da razão.
Há momentos de lucidez em que procuro encontrar desesperadamente a loucura que me (faz) falta...


"I don't know why I cannot see the beauty in front of me..."

http://www.youtube.com/watch?v=10E6DjN4vIE&feature=related
Uma das músicas que mais me faz mexer nas nossas noites (animadas) dos últimos tempos... Uma música (quase) em forma de despedida do Verão...

Deixem-me ser uma mãe babada!


PARABÉNS, EDGAR!
"Ninguém nasce bom em nada. Tornamo-nos bons graças ao nosso trabalho. Não acertamos em todas as notas a primeira vez que cantamos uma canção. Temos de praticar. O mesmo acontece com o trabalho da escola. É possível que tenham de fazer um problema de Matemática várias vezes até acertarem, ou de ler muitas vezes um texto até o perceberem, ou de fazer um esquema várias vezes antes de poderem entregá-lo.Não tenham medo de fazer perguntas. Não tenham medo de pedir ajuda quando precisarem. Eu todos os dias o faço. Pedir ajuda não é um sinal de fraqueza, é um sinal de força. Mostra que temos coragem de admitir que não sabemos e de aprender coisas novas. Procurem um adulto em quem confiem – um pai, um avô ou um professor ou treinador - e peçam-lhe que vos ajude.E mesmo quando estiverem em dificuldades, mesmo quando se sentirem desencorajados e vos parecer que as outras pessoas vos abandonaram – nunca desistam de vocês mesmos. Quando desistirem de vocês mesmos é da vossa vida e do vosso futuro que estão a desistir."


(Extracto do discurso de Barack Obama aos alunos no início do ano lectivo)
It's the climb! And it has just started!

terça-feira, setembro 29, 2009

"Fall for you", Secondhand Serenade




E porque não?...

Parabéns, Cláudia!



Ofereço-te as minhas flores preferidas: frescas, brilhantes, luminosas, coloridas, porque flores nunca são demais, porque as flores são como os sorrisos: quando sinceros salpicam as nossas vidas de cores e afectos!
Neste dia em que, em pleno Outono quente e luminoso, completas mais uma Primavera, quero dizer aos outros, a quem ainda não sabe, que a Cláudia nasceu apressada, antecipada e muito corajosa! Nasceu assim, já quase como a conhecemos hoje! Nasceu com a convicção que tinha mesmo de nascer... e rápidamente, porque havia muita coisa para fazer! Uma delas era fazer companhia à irmã que, desolada, andava já há quase dois anos a suspirar por companhia, coitada!... Estava mesmo a precisar de animação e ela chegou, finalmente! Depois... nada ficou igual!
Que continues assim, maninha, por muito tempo, a animar os nossos corações e a dar sentido à nossa existência! Porque há vidas que estão para sempre ligadas... e em todas as reencarnações!
Adoro-te!

sábado, setembro 26, 2009

I will always return, Bryan Adams




"I Will Always Return"

I hear the wind call your name
It calls me back home again
It sparks up the fire - a flame that still burns
Oh it's to you I'll always return
I still feel your breath on my skin
I hear your voice deep within
The sound of my lover - a feeling so strong
It's to you - I'll always belong

Now I know it's true
My every road leads to you
And in the hour of darkness darlin'
Your light gets me through

Wanna swim in your river - be warmed by your sun
Bathe in your waters - cos you are the one
I can't stand the distance - I can't dream alone
I can't wait to see you - Ya I'm on my way home

Oh I hear the wind call your name
The sound that leads me home again
It sparks up the fire - a flame that still burns
Oh, it's to you - I will always return

quinta-feira, setembro 24, 2009

Amor interrompido... eterno










"... As camadas da nossa vida repousam tão perto umas das outras que no presente adivinhamos sempre o passado, que não está posto de parte e acabado, mas presente e vivido. Compreendo isto. Mas por vezes é quase suportável. Talvez tenha escrito a história para me livrar dela, mesmo que não o consiga."

Bernhard Schlink, in O Leitor

terça-feira, setembro 22, 2009

Outono


O dia amanheceu solarengo e morno no primeiro dia de Outono... 28 graus para o Porto, 31 graus para Lisboa - previsão das temperaturas máximas... Choviscou no fim de semana, as manhãs e as noites arrefeceram bastante... Mas o Outono ainda está tímido e (dizem) já chegou hoje... As árvores da minha rua ainda estão carregadas de folhas verdes e as pessoas ainda não arrumaram as sandálias e as t-shirts... Bem sei que a passagem do tempo é inexorável, mas quero (por hoje) esquecer que o Outono já está aí... É que sofro de um problema em relação às estações frias, sombrias e chuvosas... Um problema que tem a ver com a minha necessidade incontornável de sol, luz e calor... Há quem já esteja com saudades do tempo frio, das noites a ouvir o som da chuva, das camisolas quentes e das lareiras... Eu não padeço desse saudosismo; aliás, dispensava bem toda a colecção de roupa de Outono-Inverno e ficava só com os chinelinhos e os vestidinhos! Mas parece que a natureza tem o seu ciclo e parece que temos de ter Outono para valorizarmos a chegada da Primavera... Como parece que temos de ter saudade para valorizarmos a presença, como parece que temos de chorar para valorizar o sorriso! Parece que já é Outono... Mas a mim parece-me que ainda não é!...


"This time, like all times, is a very good one, if we but know what to do with it."
Ralph Waldo Emerson

sexta-feira, setembro 18, 2009

Parabéns, MÃE!



Há sessenta e sete anos, no dia 18 de Setembro de 1942, nasceu uma pessoa especial, única e insubstituível para, pelo menos, três pessoas: os seus filhos!...

Todos sentimos que faz falta a muita gente, que enriquece a vida de muitas pessoas, que tem uma generosidade enorme, que nunca pensa nela, que nos sente, que nos pressente, que nos guia, que nos segura, que nos toca no coração, que nos pega ao colo, que nos dá força, hoje e sempre!

Obrigada, Mãe!

E PARABÉNS no teu aniversário!

segunda-feira, setembro 14, 2009

Portões imaginários


imagem retirada daqui

Quando era criança, a casa dos meus pais não tinha portões nem gradeamento no muro em volta. Começou por ser uma casa em pedra, pequena e rústica com um (para mim na altura, longo) pátio em cimento na frente e um pequeno quintal de lado. A toda a volta da casa havia (e ainda hoje há) um muro que servia de protecção e resguardo. Conta a minha mãe que, tinha eu cerca de dois ou três anos, e já falava como um papagaio. Dizia tudo explicadinho para quem me quisesse ouvir, respondia a todas as perguntas sem hesitações e era muito conversadora. (Todos estas características foram-se mantendo com a idade e enriquecendo até pelo meu jeito assertivo, que também foi ficando mais refinado, para dor de cabeça de muita gente!)
Conta a minha mãe (pois eu não me lembro) que, na casa velha, havia uma pequena janela que dava para o caminho. Diz ela que eu gostava muito de estar à janela (qual Carochinha desejosa de arranjar marido!) a ver a banda passar. Os transeuntes achavam imensa piada à garotinha que, debruçada na janela com dois anitos, ia dando conversa a quem passava. Como não haviam portões, a minha mãe não me deixava brincar no pátio sozinha, temendo que eu saísse para a rua.
“Porque não vens brincar cá para fora?” – perguntavam alguns.
“A minha mãe não deixa…”- respondia prontamente.
Naquela altura, a casa velha foi deitada abaixo e construída uma nova em seu lugar, mas manteve o mesmo pátio e o mesmo muro sem portões nem grades a toda a volta. As obras fizeram-se, mas não houve dinheiro para fazer tudo. Ficaram os portões por colocar até aos meus dezoito anos (se a memória não me falha, que para estas coisas de datas a minha irmã é melhor!).
Mas as ordens mantinham-se: não se pode ir para a rua. Só se brinca do muro para dentro. Para mim era uma ordem inabalável e era cumprida escrupulosamente. Para a minha irmã também. Já mais crescidinha, com quatro ou cinco anos, sentava-me ao fundo das escadas e as pessoas que passavam faziam a mesma pergunta:
“Porque não vens brincar cá para fora?”
“Não posso, a minha mãe não deixa…”
E a minha mãe ria-se e ainda hoje se ri por não haver necessidade de portões em nossa casa! Parecia que haviam uns portões imaginários que eu sabia não poder abrir… E ali me mantinha, dos muros para dentro, a brincar com a imaginação e a pairar nas nuvens como ainda agora costumo andar!
Actualmente também encontro portões imaginários e, tal como naquele tempo perdido da infância, mantenho-me do lado de cá, onde me diz a consciência que é onde se deve estar… Há lições que vêm do tempo em que se faz o carácter e se forma a personalidade e que não se perdem nas décadas nem no pó dos dias…


“existe uma linha que não podemos passar e não passamos”

sábado, setembro 12, 2009

Um lugar

imagem retirada daqui

Há-de haver um lugar numa canção virada para o mar onde o teu sorriso perdido, aquele que dizes já não ter, aquele que se perdeu com a tua ingenuidade, regresse para mim e eu possa agarrá-lo de novo, prendê-lo na minha mão para o recolher num verso eterno...
Há-de haver um lugar onde eu possa deter uma palavra tua, dita sem pensar, irreflectida, que se solta como uma folha de Outono, involuntariamente, sincera porque espontânea e que fala de afectos imortais…
Há-de haver um lugar escondido num poente incendiado onde todos os medos ocultos em palavras imperfeitas se dissipem no horizonte e deixem, finalmente, as luzes inacabadas da memória iluminar um novo céu…



"You landed in my life
Like a new and brighter light
That made all my past seem in the shadow
I always used to believe
That beauty was skin deep
But I need a new word to describe you" (Marillion)

quinta-feira, setembro 10, 2009

O véu da alma (parte II)




Soltou-se o véu da alma
estendido no chão
e os que amam viram apenas a cor da alma
enquanto os outros fixaram o olhar no impressionante negro que cobriu o chão

quarta-feira, setembro 09, 2009

segunda-feira, setembro 07, 2009

Como um livro

As palavras surgiam fluidas, como um rio transparente, como uma corrente sem pedras, sem lama pelo meio... As palavras eram soltas, saíam directas, saíam sem armas nem reservas, surgiam entre eles como pontes, como mãos dadas, espontâneas como um suspiro, soltas e livres e fortes ao mesmo tempo... As palavras a servirem de estrelas, a servirem de caminho, como um sopro no pó... As palavras que desvendam pensamentos, que entregam as sílabas ao palpitar do coração, que chegam ao afecto simples com um travo a melodia, que dizem tudo em silêncio, pelo silêncio, que falam como um livro aberto...
Eram as palavras a uni-los, de novo... Mais uma vez... Talvez...


"You'll be an open book
and you'll not be able to hide anything"



imagem retirada de: http://sgifa.blogspot.com/

quarta-feira, setembro 02, 2009

Mimos


É muito raro alguém tão jovem ensinar-nos tanto...
Mas a Marianinha do blogue Melodias do Coração é assim: belíssima como uma flor, leve como uma gota de orvalho, intensa como um raio de sol...
Agradeço desde já este selo emblemático de emoções!
Continuaremos a ler-te, Princesa sonhadora e a amar o que escreves e o que és!...

Despedida




Ele desceu a mão pelas suas costas, suavemente enlaçou-a com os braços e olhou-a bem dentro da vida que ela trazia no olhar, parou os olhos no fundo dos dela e disse-lhe “Vou ter de ir, agora”…
Ela respirava desordenadamente, fechou os olhos para ele não ver a água que lhe iluminava o olhar, que a impediam de o ver nitidamente. E o respirar, o respirar desordenado que lhe alvoraçava o peito como um carrossel, como uma montanha russa por dentro. Abriu os olhos e deixou as lágrimas soltarem-se livremente e descerem pelo rosto até ao queixo, depois até ao peito e depois até ao coração de onde haviam saído… E então baixou os braços, soltou-se dos dele e afastou-se daquele ponto no espaço irreal da sua existência, afastou-se sem olhar para trás…

“Lay down your arms
Give up the fight”

segunda-feira, agosto 31, 2009

O tempo não tem voz

imagem retirada de: http://viajante-do-mar.blogspot.com/

Parece que o tempo não tem voz quando se deixa falar o coração…
Já não me lembro… Não eras assim… Recordo-te de outra maneira… Estás diferente…
Parece que o tempo não tem importância quando o que transborda a medo das palavras são aqueles sentimentos amordaçados por encruzilhadas e labirintos que dispersaram o pulsar do afecto dentro de nós.
Por agora não. Nesta vida não. Na próxima, certamente na próxima tudo irá ser diferente…Não te vi bem, não te entendi bem, não percebi a mensagem que estava escrita na terra, no chão aos nossos pés. Não entendi as palavras que o vento murmurava, porque havia muito ruído. Lembras-te do ruído?...
Parece que o céu enviou sinais, mas nós estávamos distraídos pelo bulício das vozes dos outros, pela agitação das folhas nas árvores que, durante muito tempo, impediram a voz de dentro de se fazer ouvir, a voz dos pássaros enviados pelo destino, enviados para nos darem um sinal. E o sinal esteve sempre lá, os sinais foram enviados, mas o ruído, o ruído…
Sim, lembro-me do ruído. Lembro-me do som sem sentido, lembro-me do que não importa… Já não me lembro como eras… Mas estás diferente… E não me lembro disso ter alguma importância… A tua essência continua a mesma, aquela que eu reconhecerei na próxima vida, aquela que entenderei finalmente, aquela para quem sorrirei logo no primeiro encontro porque os sinais, porque a mensagem, porque tudo estará no seu lugar…
Parece que então, na próxima vida é que te vou reencontrar a valer, será esse o momento, será então que todo o universo irá conspirar para que seja concretizado o desígnio que sentimos no passado dentro de nós mas não entendemos então, que nos tocou levemente a existência mas na realidade era todo um furacão que passava para que só mais tarde, muito mais tarde sentíssemos os seus danos…
Tudo teve o seu tempo… Tudo passou já, já sabes disso. Nada de lágrimas, nada de apertos por dentro… Não é agora o momento… Passou o momento, passou a hora. Ficou tudo resolvido, não foi? Este não é o momento, também…
Parece que não é o momento, porque o momento é feito pelo que está dentro, pelo doce palpitar do ininteligível, do incompreensível, do absurdo sentir que nada se compreende mas que vale a pena, porque é assim, porque é assim…
Porque já não ouço o ruído, porque já leio a mensagem no pó da terra, porque já escuto a voz dos pássaros à sua passagem na minha janela… Porque eu, enfim, já te li sem te ver, porque já conheço a tua essência de olhos fechados, porque não dei voz ao tempo, não o ouvi dizer que passou o momento, porque lembrei que as cores com que pintámos o nosso sorriso podem ser as cores que quisermos, por tudo isso é que olho da minha varanda o entardecer deste dia e nada ouço, a não ser o som límpido do bater do meu coração em uníssono com o mundo à minha volta…


“há coisas que perdi pelo caminho e que já não me lembro
acho que me poderás ajudar a encontrar”

quarta-feira, agosto 26, 2009

Happy Birthday



Parabéns à Dina!!
Sei que é uma mulher muito ocupada (empresária como um dia eu serei!) e que se calhar nem vê esta mensagem mas que está nos nossos corações.
Que a vida apenas te saiba sorrir...
Beijinho grande.

segunda-feira, agosto 24, 2009

Antes do pôr-do-sol


Ela chegou à praia nesse dia um pouco mais tarde, suspirando por dentro, cantarolando “Bubbly” por fora sem saber porque é que havia nela uma espécie de impaciência fervilhante, uma alegria comedida, controlada. Sentia uma felicidade pequena, mas era uma felicidade ocupante, que se instalara no seu íntimo com uma suavidade inesperada. Chegou à praia quase ao fim da tarde e instalou-se junto à água, colocando a toalha na areia molhada pelas recentes rebentações. Pareceu-lhe que a maré estava a baixar e aproveitou para sentir mais de perto o mar na sua constante dança de ir e voltar incessantemente.
Ele chegou à praia há muitas horas atrás e já estava com vontade de se levantar e ir embora há vários minutos. Mas foi ficando, ficando, até que escutou ao lado de si um grito de mulher. Levantou-se e correu a ajudar. O mar tinha chegado à toalha dela e tinha-a apanhado de surpresa.
Ela mal olhou para ele, ocupada a segurar o saco, a toalha, o livro que caiu de novo ao chão depois de ter escorregado do seu colo. Ele segurava uma das pontas da toalha e também se baixou para apanhar de novo o livro. E foi então que se olharam.
Ela reparou na sua barba por fazer, reparou nos caracóis louros escuros, na sua boca bem desenhada e suspeitou que por detrás dos óculos de sol estariam uns olhos castanhos a combinar com o tom moreno da sua pele.
Ele também reparou nos longos cabelos negros dela, na sua pele dourada, na boca perfeita e suspeitou que por detrás dos óculos escuros estariam uns olhos brilhantes e meigos como o seu sorriso.
Ela agradeceu a ajuda dele. Ele perguntou se podia fazer companhia, se não ia incomodar, se se podia sentar ao seu lado.
Ela disse que sim que podia juntar-se a ela e ficou a olhar as pegadas que ele deixava na areia molhada enquanto ia buscar a toalha e pensou que estava com vontade de atrasar a hora do pôr-do-sol por um dia, só naquela tarde, só por uma vez…


domingo, agosto 23, 2009

Desencontros

um pôr do sol como outro qualquer numa praia da minha adolescência

Não sei bem porque me lembrei disso…
Parece que tudo acontece por alguma razão, mas eu não sei a razão.
Tenho-a procurado nas pedras da rua e ao soltá-las quando caminho, a razão não me surge dali, nem do pó que se levanta e envolve os meus pés. Tenho-a procurado no encantatório som do mar quando a maré sobe e a ondulação rebenta frenética no areal, mas nada encontro por entre a branca espuma das ondas que depois me lava os pés.
Não sei bem porque lembrei o teu sorriso. Talvez agora sinta que eu devia ter feito algo diferente e não fiz. Talvez agora remexa o passado na amargura do desencontro e sinta que por baixo da pele éramos um só, mas à superfície descolamos as moléculas que nos uniam e seguimos rumos absurdamente diferentes, como se nada nos tivesse unido antes, como se não tivéssemos olhado por um instante na mesma direcção, afinal...
Adormeço todas as noites a relembrar no tecto do meu quarto os abraços que demos, as mãos que enlaçamos e as cores variáveis dos teus e dos meus sonhos. E adormeço sempre com o olhar perdido, porque eu não sei onde nos separámos ou onde nos reencontrámos. Sei que estivemos sempre assim, de alguma forma ligados, por um fio de pensamento em uníssono, por uma palavra dita ao mesmo tempo, por um suspirar sem nexo que soltávamos em situações vazias e sem luz nos nossos caminhos separados.
Sei que algo aconteceu para relembrar o teu sorriso, mas eu não sei a razão…

quinta-feira, agosto 20, 2009

the climb

Quando um filho nos diz que tem um sonho e que acredita nele, só podemos dizer-lhe:

Tens de ser forte e continuar a lutar, porque haverá sempre uma montanha e terás de a mover... É a escalada... e a vista é sempre bem melhor lá de cima!

Keep the faith, my dear son!

I'll be right behind you!...

devias estar aqui...


Devias estar aqui rente aos meus lábios
para dividir contigo esta amargura
dos meus dias partidos um a um
- Eu vi a terra limpa no teu rosto,
Só no teu rosto e nunca em mais nenhum...

Eugénio de Andrade

quinta-feira, agosto 13, 2009

As férias de verão - 4



"If a man does not make new acquaintances as he advances through life, he will soon find himself alone. A man should keep his friendships in constant repair."

Samuel Johnson (1709 - 1784)

A alegria do Ser


"Se não gastar todas as suas horas de vigília em insatisfação, preocupação, ansiedade, depressão, desespero ou a ser consumido por outros estados negativos; se for capaz de apreciar coisas simples como ouvir o som da chuva ou do vento; se conseguir apreciar a beleza das nuvens a atravessar o céu ou o facto de estar por vezes sozinho sem se sentir só nem precisar de um estímulo mental ou de entretenimento; se der por si a tratar um desconhecido com gentileza sentida sem desejar nada em troca... isso significa que se abriu um espaço, por mais pequeno que seja, naquela que de outra forma seria uma corrente de pensamento incessante na mente humana. Quando isto acontece, verifica-se uma sensação de bem-estar, de paz vívida, mesmo que subtil. A intensidade varia desde uma sensação quase imperceptível de contentamento até àquilo que os antigos sábios indianos chamavam ananda - a alegria do Ser."
Eckhart Tolle, in Um Novo Mundo




segunda-feira, agosto 10, 2009

As férias de verão - 3




- É servida? - perguntou o nadador-salvador de debaixo do seu toldo, quando me viu a chegar perto da toalha para me deitar.
- Não, obrigada. Bom proveito.
-Tem a certeza? Olhe que são boas! - disse, apontando para o cacho de uvas que segurava nas mãos.
- Sim, sim, devem ser boas. Têm muito bom aspecto. Se bem que nem tudo o que tem bom aspecto é bom!
- Aí está uma frase interessante! Muito bem. Tem toda a razão. - disse, olhando para o livro que estava na toalha.
- Vejo que gosta dessas coisas, assim, espirituais, não é?
Levantei o livro e mostrei-lhe a capa. "Um novo mundo" era o título.
- Então em que consiste esse novo mundo? De que é que fala o livro?
Expliquei-lhe vagamente duas ou três ideias...
- Leu "A profecia Celestina"? -perguntou.
Mau... A conversa ía durar, pensei...
Falamos de auras, campos magnéticos, ioga, células, alimentação, harmonia...
- Já salvei mais de cinquenta vidas. A última foi uma miúda. Depois de a retirar da água tive de lhe fazer uma massagem cardíaca e respiratória até ela recuperar a consciência. Senti-a a começar a respirar sozinha e... foi muito bom. É muito bom sentir que salvei alguém... - disse com um sorriso.
Depois olhou para mim e perguntou:
- Já fez algum acto heróico?
A pergunta apanhou-me de surpresa. Parei uns segundos a pensar e ele olhou para mim à espera da resposta.
- Não. Nunca fiz nada heróico ou digno desse nome.
Olhou-me com ar incrédulo.
- A sério? Nada, nada?
- Nada.- disse eu. - Isso é mau, não é?
Ele franziu o nariz e disse:
- É. É um bocado mau...
E riu-se.
Fiquei a reflectir na pergunta e dei por mim a olhar para ele e a pensar como a minha vida tinha sido, afinal, tão inútil até aqui. Nunca salvei ninguém, nunca fiz nada heróico. Nunca arrisquei a minha vida por ninguém.
Perguntou-me se eu não ajudava os outros, se não era generosa... Disse-lhe que ajudava os outros como podia, no dia-a-dia, mas que nunca tinha corrido risco de vida por ninguém. Ele então percebeu que eu entendia um acto heróico como algo em que se arrisca a vida para salvar outra pessoa e pareceu-me feliz por saber que isso fazia parte da sua rotina e que alguém o valorizava.
De repente olhou para a areia e ficou perplexo. Viu uma concha e agarrou-a. Ofereceu-ma e disse:
- Esta praia não tem conchas. É estranho encontrar uma... Guarde-a, porque esta fugiu da sua rota normal e veio aqui parar por alguma razão!...

domingo, agosto 09, 2009

Alma companheira



A definição não é minha mas assim que a li senti um enorme alivio... afinal esta inquietude por não encontrar a alma gémea pode finalmente sossegar.
Sem dúvida que faz muito mais sentido estar a atenta à minha "alma companheira",aquela que não é de todo igual a mim mas com a qual tenho uma verdadeira afinidade.
Mais sossegada fiquei ainda por ter ficado a saber que ela pode mesmo não estar encarnada (não é encarnada de vermelha :) mas sim, pode ainda não estar no mesmo plano em que me encontro).

"Uma vida não pode ser apressada... Temos de aceitar aquilo que nos é dado em qualquer momento, sem pedir mais. Mas a vida é interminável... Apenas nos limitamos a passar por fases diferentes. Não tem fim. Os seres humanos têm muitas dimensões. Mas o tempo não é como o vemos, trata-se em vez disso de um conjunto de lições que são aprendidas." (Dr. Brian Weiss em muitas vidas, muitos mestres).

E depois de tudo isto não posso deixar de sorrir... os temas, as perguntas e as respostas chegam até mim sem que tenha que fazer muito por isso. São coincidências!

sábado, agosto 08, 2009

a carência do ego


"O ego deseja sempre obter alguma coisa das outras pessoas ou das situações. Há sempre um interesse dissimulado, uma sensação de que "ainda não chega", de insuficiência e de carência que tem de ser preenchida. O ego usa as pessoas e as situações para alcançar aquilo que deseja e, mesmo quando o consegue, nunca permanece satisfeito durante muito tempo. Muitos dos seus objectivos são frustrados e, para a maior parte das pessoas, o abismo entre "o que eu quero" e "o que acontece" é uma fonte constante de preocupação e angústia. A famosa e já clássica canção pop "(I can't get no) Satisfaction" é a canção do ego. A emoção dominante em todas as acções do ego é o medo. O medo de não sermos ninguém, o medo da não-existência, o medo da morte. Todas as acções do ego têm como derradeiro objectivo eliminar este medo, mas o máximo que ele consegue fazer é dissimulá-lo temporariamente através de um relacionamento íntimo, de uma nova aquisição ou ganhando isto ou aquilo. A ilusão nunca nos satisfará. Apenas a verdade de quem somos, quando sentida, nos pode libertar.
(...)
Aquilo que é vulgarmente designado por "apaixonar-se" representa, na maior parte dos casos, uma intensificação da carência e da necessidade egóica. Tornamo-nos "viciados" na outra pessoa ou, melhor dizendo, na imagem que fazemos dessa pessoa. Não tem nada a ver com o verdadeiro amor, que não contém qualquer espécie de carência. A língua espanhola é a mais honesta em relação às noções convencionais de amor: te quiero tem dois significados: "quero-te" e "amo-te". A outra expressão empregue para dizer "amo-te", te amo, que não contém esta ambiguidade, raramente é usada - talvez porque o verdadeiro amor é igualmente raro."

Eckhart Tolle, in Um Novo Mundo

terça-feira, agosto 04, 2009

Equilíbrio e harmonia - precisam-se.

imagem retirada de lulubeka.blogspot.com/2008/08/paz-interior.html

"(...)Presentemente o equilíbrio e a harmonia são negligenciados, e no entanto representam as bases da sabedoria. Tudo é feito em excesso. As pessoas têm peso a mais porque comem demasiado. Os atletas negligenciam aspectos de si mesmos e dos outros porque estão sempre a testar os seus limites. As pessoas parecem extraordinariamente mesquinhas. Bebem demasiado, fumam demasiado, divertem-se demasiado (ou muito pouco), falam demasiado e sem nexo, preocupam-se demasiado. Existem demasiados pensamentos do tipo preto ou branco. Tudo ou nada. Não é isto que encontramos na natureza. Na natureza existe o equilíbrio. Os animais destroem em pequenas quantidades. Os sistemas ecológicos não são eliminados em massa. As plantas são consumidas para voltarem a crescer. As fontes de sustento são esgotadas para voltarem a ser restabelecidas. A flor é apreciada, o fruto comido, a raíz preservada.
A humanidade não aprendeu o equilíbrio e muito menos o praticou. É guiada pela ganância e pela ambição, orientada pelo medo. Deste modo acabará por caminhar para a destruição. Mas a natureza há-de sobreviver; pelo menos as plantas.
A felicidade tem de facto as suas raízes na simplicidade. A tendência para excessos em pensamentos e acções reduz a felicidade. Os excessos obscurecem os valores básicos. As pessoas religiosas dizem-nos que a felicidade vem do facto de termos o coração cheio de amor, de fé e de esperança, de praticarmos a caridade e sermos bondosos para com os outros. E têm razão. A partir destas atitudes é natural que sejam subsequentes o equilíbrio e a harmonia. (...)"

Dr. Brian Weiss, in Muitas Vidas Muitos Mestres (faltava a referência bibliográfica!)

lua cheia

imagem retirada de bazarneguinhasuburbana.wordpress.com/.../1700/

Acontece que a lua brilhava mais do que habitualmente, brilhava como se estivesse prestes a explodir na sua magnificência, no seu esplendor luminoso e intenso. Acontece que a lua entrara na fase da Lua Cheia e quando ela está assim, algo se passa na vida das pessoas que as aproxima ou afasta, que as comove ou afecta, que lhes remexe com os sentidos, que lhes perturba a sensibilidade, que lhes turva a razão e agudiza a emoção.
Acontece que a Lua estava enorme naquela noite no céu e eu a olhava, fascinada, como sempre fui pela sua imponência, pela sua magia…
E pensei.
Pensei se seria possível usar a magia dessa lua para juntar fragmentos perdidos, destroçados, fragmentos de corações estilhaçados como vidros quebrados, pelo que se perdeu no tempo, pelo que nunca se disse, pelo que se disse e não foi entendido, pelos sinais na ausência que de nada servem, apenas remetem para os fragmentos, para o que ficou incompleto, por tentar, por começar, por terminar.
Pensei na magia dessa lua alta e sublime e pensei se seria capaz de, através dela, concertar algum tipo de esperança perdida, de colar os bocados de alma e coração que ficaram por aí, pelo mundo, pela terra cá em baixo…

sexta-feira, julho 31, 2009

O Silêncio



Caminho pelo silêncio
Aquele que consegui de novo de volta
Neste silêncio há espaço para o meu sentir... o Todo Sentir
Sinto o vento frio a cortar o meu rosto,
Sinto a maresia a alimentar o meu coração e os meus sonhos
Sinto a paz,
De novo a paz de poder caminhar por onde me apetece
Por onde me sinto de novo viva e livre!
Tenho um sonho (de muitos)... de viver pertinho do mar
Olhar o horizonte infinito a cada manhã
Ver o mar a mudar de cor de acordo com as horas do dia e da noite
Um dia destes é aí que me encontrarão.
Por agora passeio junto desta magnífica paisagem e misteriosa brisa.
No meu pensamento passam rápidas as imagens, as pessosas e o sentir
Abrando o passo para ouvir melhor o barulho das ondas inquitas e vejo de novo...
o silêncio!

quinta-feira, julho 30, 2009

escrever



Para que serve escrever?
Serve para viver... De uma outra forma, de um jeito diferente, de um modo que não se sabe explicar. Vive-se de um modo estranho, com as palavras a passarem por entre as pessoas, com os sentimentos a passarem pelas palavras, com as emoções a criarem metáforas por si, sem esforço...E contudo, escreve-se com sofrimento...
Escreve-se como se ama: com o coração todo...

quarta-feira, julho 29, 2009

Não acredito em almas gémeas...



“Não acredito em almas gémeas…” - disse ele com convicção.
“Pois, eu também não.” – mentiu ela .
E ficaram assim, a olhar o sol a esconder-se no horizonte, iluminando timidamente apenas as duas montanhas mais longínquas que esbarravam no céu.
“Todos temos defeitos, as relações não são perfeitas, porque as pessoas não são perfeitas, temos de nos adaptar, porque não existem almas gémeas, porque há sempre problemas, porque temos de saber ceder… É por isso que não existem almas gémeas.”- continuou ele convictamente.
“Concordo, não há relações perfeitas.” – disse ela.
“Eu não acredito em almas gémeas, por tudo isso. Porque sei. Porque vivi. Porque é mesmo assim.”- repetiu ele.
“Claro, também acho que não, que não existem e se existissem eu saberia, eu sentiria que tinha de esperar por ela, sentiria sem sombras para dúvidas que a minha alma gémea estaria algures à minha espera. E, então, eu esperaria tranquilamente. E sentiria que a iria encontrar, sentiria isso, bem dentro de mim.” – disse ela, desta vez sem dar tempo a alguma observação dele.
“Pois, mas não sentes nada disso, pois não?” – perguntou ele, prendendo o olhar no olhar dela.
“Pois não?” – insistiu.
“Pois. Eu não acredito em almas gémeas, tal como tu.” – fugiu ela à pergunta. E suspirou. E o sol escondeu-se, finalmente, naquele fim de tarde de Agosto, deixando o céu incendiado de vermelho e laranja como um lençol de cetim, aberto sobre a cama...


"The meeting of two personalities is like the contact of two chemical substances: if there is any reaction, both are transformed."
Carl Jung (1875 - 1961)

terça-feira, julho 28, 2009

Everybody needs an angel

http://www.youtube.com/watch?v=qNfQ-BYz9tg


Abro a porta da sala, saio para a varanda e a brisa fresca da manhã toca suavemente na minha pele... Arrepio-me levemente... Sinto-me viva, feliz, como se anjos me sorrissem neste momento.
E lembro os anjos que me rodeiam ou rodearam sempre...
Penso em como os caminhos mudaram de direcção, em como cada troço de viagem foi seguido sempre como se fosse uma lição, uma aprendizagem, um degrau para um patamar mais elevado...
Penso nos meus anjos, os que, longe ou perto, sempre senti comigo, sempre me seguraram e abraçaram...
Penso nos que me sorriram, mesmo na ausência e para quem sorri de volta em inúmeros momentos semelhantes a este...

"We are, each of us angels with only one wing; and we can only fly by embracing one another."
Luciano de Crescenzo

O tempo em nós

O que vale o tempo que passa, devagar ou apressado, tanto faz, não importa, desde que (não)passe?
Visito a minha madrinha de baptismo, que já não via há mais de cinco anos e apercebo-me do passar do tempo no seu rosto. Oitenta e muitos anos e o ameaçar de que anda doente (sempre doente há tanto tempo) e contudo resistente. Sobreviveu ao marido e a um neto ("Não vou chegar ao teu casamento..." depois "Não vou chegar a ver os teus filhos..."). Viu tudo, afinal. Até o que não desejava e a surpreendeu...
O cabelo ficou mais raro, mais cinzento, mais fraco... A prótese sobra-lhe na boca, porque emagreceu e os maxilares alteraram-se... O tempo inexorável sempre a passar por ela, por mim, por nós...
"Queres um chá?" Sempre oferecia chá quando a visitava.
Nada mudou.
Tudo foi mudando...
Só a paisagem sobre o rio Douro se manteve, aquela que ela mal vê agora, a paisagem que já nem pode apreciar devido às cataratas que, implacáveis, lhe toldam o olhar...
"Nothing is as far away as one minute ago". Jim Bishop

quinta-feira, julho 23, 2009

Texto informativo... para homens! (Um contributo)

Recebi por email e achei imensa piada! À parte a caricatura e o (pouco) exagero, o texto é muito engraçado e elucidativo!
SÓ MESMO UMA MULHER PARA COMPREENDER...
O grande segredo de todas as mulheres a respeito da casa de banho é que, quando eras pequenina, a tua mamã levava-te à casa de banho, ensinava-te a limpar o tampo da sanita com papel higiénico e depois punha tiras de papel cuidadosamente no perímetro da sanita. Finalmente instruía-te: "nunca, nunca te sentes numa casa de banho pública!" E depois ensinava-te a "posição", que consiste em balançar-te sobre a sanita numa posição de sentar-se sem que o teu corpo tenha contacto com o tampo. "A Posição" é uma das primeiras lições de vida de uma menina, importante e necessária, que nos acompanha para o resto da vida. Mas ainda hoje, nos nossos anos de maioridade, "a posição" é dolorosamente difícil de manter, sobretudo quando a tua bexiga está quase a rebentar. Quando TENS de ir a uma casa de banho pública, encontras uma fila enorme de mulheres que até parece que o Brad Pitt está lá dentro. Por isso, resignas-te a esperar, sorrindo amavelmente para as outras mulheres que também cruzam as pernas e os braços, discretamente, na posição oficial de “tou aqui tou-me a mijar!”.Finalmente é a tua vez! E chega a típica "mãe com a menina que não aguenta mais” (a minha filhota já não aguenta mais, desculpe, vou passar à frente, que pena!). Então verificas por baixo de cada cubículo para ver se não há pernas. Estão todos ocupados. Finalmente, abre-se um e lanças-te lá para dentro, quase derrubando a pessoa que ainda está a sair. Entras e vês que a fechadura está estragada (está sempre!); não importa… Penduras a mala no gancho que há na porta… QUAAAAAL? Nunca há gancho!! Inspeccionas a zona, o chão está cheio de líquidos indefinidos e fétidos, e não te atreves a pousá-la lá, por isso penduras a mala no pescoço enquanto vês como balança debaixo de ti, sem contar que a alça te desarticula o pescoço, porque a mala está cheia de coisinhas que foste metendo lá para dentro, durante 5 meses seguidos, e a maioria das quais não usas, mas que tens no caso de… Mas, voltando à porta… como não tinha fechadura, a única opção é segurá-la com uma mão, enquanto com a outra baixas as calças num instante e pões-te “na posição”…AAAAHHHHHH… finalmente, que alívio… mas é aí que as tuas coxas começam a tremer… porque nisto tudo já estás suspensa no ar há dois minutos, com as pernas flexionadas, as cuecas a cortarem-te a circulação das coxas, um braço estendido a fazer força na porta e uma mala de 5 quilos a cortar-te o pescoço! Gostarias de te sentar, mas não tiveste tempo para limpar a sanita nem a tapaste com papel; interiormente achas que não iria acontecer nada, mas a voz da tua mãe faz eco na tua cabeça “nunca te sentes numa sanita pública”, e então ficas na “posição de aguiazinha”, com as pernas a tremer… e, por uma falha no cálculo de distâncias, um finííííssimo fio do jacto salpica-te e molha-te até às meias!! Com sorte não molhas os sapatos… é que adoptar “a posição” requer uma grande concentração e perícia. Para distanciar a tua mente dessa desgraça, procuras o rolo de papel higiénico, maaaaaaaaaaas não hááááá!!! O suporte está vazio! Então rezas aos céus para que, entre os 5 quilos de bugigangas que tens na mala, pendurada ao pescoço, haja um miserável lenço de papel… mas para procurar na tua mala tens de soltar a porta… ???? Duvidas um momento, mas não tens outro remédio. E quando soltas a porta, alguém a empurra, dá-te uma trolitada na cabeça que te deixa meio desorientada mas rapidamente tens de travá-la com um movimento rápido e brusco enquanto gritas OCUPAAAAAADOOOOOOOOO!! E assim toda a gente que está à espera ouve a tua mensagem e já podes soltar a porta sem medo, ninguém vai tentar abri-la de novo (nisso as mulheres têm muito respeito umas pelas outras). Encontras o lenço de papel!! Está todo enrugado, tipo um rolinho, mas não importa, fazes tudo para esticá-lo; finalmente consegues e limpas-te. Mas o lenço está tão velho e usado que já não absorve e molhas a mão toda; ou seja, valeu-te de muito o esforço de desenrugar o maldito lenço só com uma mão. Ouves algures a voz de outra velha nas mesmas circunstâncias que tu “alguém tem um pedacinho de papel a mais?” Parva! Idiota! Sem contar com o galo da marrada da porta, o linchamento da alça da mala, o suor que te corre pela testa, a mão a escorrer, a lembrança da tua mãe que estaria envergonhadíssima se te visse assim… porque ela nunca tocou numa sanita pública, porque, francamente, tu não sabes que doenças podes apanhar ali, que até podes ficar grávida (lembram-se??)…. Estás exausta! Quando páras já não sentes as pernas, arranjas-te rapidíssimo e puxas o autoclismo a fazer malabarismos com um pé, muito importante! Depois lá vais pró lavatório. Está tudo cheio de agua (ou xixi? lembras-te do lenço de papel…), então não podes soltar a mala nem durante um segundo,pendura-la no teu ombro; não sabes como é que funciona a torneira com os sensores automáticos, então tocas até te sair um jactozito de água fresca, e consegues sabão, lavas-te numa posição do corcunda de Notre Dame para a mala não resvalar e ficar debaixo da água. Nem sequer usas o secador, é uma porcaria inútil, pelo que no fim secas as mãos nas tuas calças – porque não vais gastar um lenço de papel para isso e sais… Nesse momento vês o teu namorado, ou marido, que entrou e saiu da casa de banho dos homens e ainda teve tempo para ler um livro de Jorge Luís Borges enquanto te esperava.
“Mas por que é que demoraste tanto?” - pergunta-te o idiota.
“Havia uma fila enorme” - limitas-te a dizer.
E é esta a razão pela qual as mulheres vão em grupo à casa de banho, por solidariedade: uma segura-te na mala e no casaco, a outra na porta e a outra passa-te o lenço de papel debaixo da porta, e assim é muito mais fácil e rápido, pois só tens de te concentrar em manter “a posição” e “a dignidade”.
Obrigada a todas por me terem acompanhado alguma vez à casa de banho e servir de cabide ou de agarra-portas! Passa isto aos desgraçados dos homens que sempre perguntam “querida, por que motivo demoraste tanto tempo na casa de banho?” …. IDIOTAS!
(desconheço a autora)


P.S. Os homens não são idiotas! O que se passa é que têm um, digamos, artefacto que lhes simplifica a vida... E depois custa-lhes a entender! Mas agora já devem estar esclarecidos ;)