sexta-feira, maio 25, 2007

Mais uma Noite

Uma noite assolarada e quente, que toma conta da minha alma e a aquece com palavras que nos fazem lembrar sentimentos...
Ainda há pouco a expressão "vale de lágrimas", conhecida desde a infância sem a entender, passava a ter um significado carregado do que a vida nos trás e leva.
O dia de amanhã que nunca sabemos como vai ser ou acontecer é algo que não nos preocupa mas que a cada instante toma uma forma diferente.
A minha alma irradia calor e luz e mesmo estando uma enorme tempestade lá fora, essa força toma conta de mim.
São os cheiros e as coisas que nos rodeiam que marcam passo e nos levam para lugares onde queremos ficar...
E as pessoas? Essas entram nas nossas vidas e conduzem-nos a pequenos abismos e a grandes euforias.
Assim se vive mais um pedaço de vida sentida.

quarta-feira, maio 09, 2007

O que aconteceu

Presa num lençol abandonado, analiso os devaneios dos últimos momentos.
Emprestei aos meus sentidos um véu de cores, sabores e toques que me enlouqueceram. Só posso analisar o que aconteceu desta forma.
A cor desse olhar deteve-se no meu, apagado, desvanecido, deslavado, amarelado e traçou um caminho de pétalas esvoaçantes, perdidas ao vento, neuróticas, tresloucadas de tons quentes e mornos que enlevaram as minhas pupilas sedentas de horizonte e arco-íris.
O travo dessa boca agridoce tropeçou no rumor de sabor que saiu de mim, desgovernado, provocante e encantador, para deliciar momentos perdidos e tentadores.
O toque urgente dessa mão superou o receio inicial e entregou-se ao veludo perplexo do aconchego interior, que inaugurou o momento sublime do encontro alucinado.
Alucinação e loucura. Foi o que foi. Porque não te mexeste, não me olhaste, não me sorriste, não me tocaste. A mim é que me pareceu que sim. Para mim tudo foi real, porque padeço, enfim, de uma doença tremenda, avassaladora e, para o sujeito que a carrega, inaceitável e jamais reconhecida: a loucura.
Claro, só posso estar louca, só posso ter estado demente por longos momentos, pois nada restou de ti que prove ao meu espírito lúcido que foste real. Não sei como cristalizei na fugacidade do instante as sensações que me invadiram a aridez da alma e dos sentidos. Parece-me, agora, que isso só aconteceu porque ensandeci involuntária e temporariamente.
De regresso ao mundo insólito e objectivo, pude perceber que nunca exististe senão na minha mente cansada e deprimente.
Porque a loucura pode ser um paliativo e um escape à vida sedimentada em regras e imposições, constrangimentos e cadeados.
Dizem-me que libertar-me dessas regras, isso sim, seria uma verdadeira loucura. Porém, eu imagino que viver com elas a aprisionar-nos a alma é que nos tornará patetas acomodados e estéreis a fingirmo-nos de felizes, resignados com a ordem das coisas e com a mediocridade da lucidez.

sexta-feira, maio 04, 2007

A vida continua...

Virar a página... acabo de ler uma frase que diz "Eu vou envelhecer, mas nunca perderei o gosto pela vida porque a última curva da estrada será a melhor."
É com este objectivo que viro a página, acabo o livro, fecho esta porta de um resto de vida que acredito ser apenas um episódio com momentos dolorosos. A estrada da felicidade está mesmo diante de mim e é por aí que seguirei. Quanto ao que passou apenas posso dizer, citando uma vez mais, "não sei por onde vou, só sei que não vou por aí".