Dia 13 de Novembro estreia finalmente em Portugal o filme "Blindness" baseado na obra "Ensaio sobre a Cegueira" de José Saramago.
Estou expectante em relação a estreia deste filme, não só pelo facto de ter lido o livro mas porque a historia narrada me sensibilizou de algum modo.
Para quem nunca leu o livro, tudo começa quando uma praga repentina de cegueira se abate sobre a população. Aos poucos, um após o outro todos acabam cegos, e excepção da mulher de um medico, que aparentemente e sem razão especial é a única que não é afectada pela doença que deixa todos cegos.
É por ela e através dos olhos dela que tudo nos é narrado.
A cegueira é encarada inicialmente como uma epidemia, algo contagioso e como tal todos os que vão cegando são colocados de quarentena em condições desumanas.
É o começo do desmoronar completo da sociedade.
Os serviços mínimos deixam de funcionar, não há saúde, não há educação, não há comida, não há agua, não há luz, não há nada, todos se encontram perdidos e desesperados na sua própria escuridão e a historia passa a ser apenas um registo de sobrevivência de multidões, onde o ser humano é reduzido a sua verdadeira essência.
O livro não é somente uma história de cegos, é sim, o retrato cruel, chocante e impiedoso, por um lado, mas também de confiança, força, luta e coragem das relações entre os homens.
"Mais do que olhar, importa reparar no outro. Só dessa forma o homem se humaniza novamente"
E aqui reside a riqueza deste livro. Até onde somos capazes de ir para assegurar a nossa sobrevivência? Que valores conseguimos manter e quais perdemos de forma quase imediata? Como controlamos o nosso medo? Como vivemos sem esperança?
Concluindo, Ensaio sobre a Cegueira é um livro que eu recomendo mesmo aqueles mais cépticos em relação a forma de escrita de Saramago.
Deixo aqui alguns excertos deste livro:
"Quando o médico e o velho da venda preta entraram na camarata com a comida, não viram, não podiam ver, sete mulheres nuas, a cega das insónias estendida na cama, limpa como nunca estivera em toda a sua vida, enquanto outra mulher lavava, uma por uma, as suas companheiras, e depois a si própria."
"O medo cega, disse a rapariga dos óculos escuros, São palavras certas, já éramos cegos no momento em que cegámos, o medo nos cegou, o medo nos fará continuar cegos, Quem está a falar, perguntou o médico, Um cego, respondeu a voz, só um cego, é o que temos aqui. Então perguntou o velho da venda preta, Quantos cegos serão precisos para fazer uma cegueira. Ninguém lhe soube responder."
Estou expectante em relação a estreia deste filme, não só pelo facto de ter lido o livro mas porque a historia narrada me sensibilizou de algum modo.
Para quem nunca leu o livro, tudo começa quando uma praga repentina de cegueira se abate sobre a população. Aos poucos, um após o outro todos acabam cegos, e excepção da mulher de um medico, que aparentemente e sem razão especial é a única que não é afectada pela doença que deixa todos cegos.
É por ela e através dos olhos dela que tudo nos é narrado.
A cegueira é encarada inicialmente como uma epidemia, algo contagioso e como tal todos os que vão cegando são colocados de quarentena em condições desumanas.
É o começo do desmoronar completo da sociedade.
Os serviços mínimos deixam de funcionar, não há saúde, não há educação, não há comida, não há agua, não há luz, não há nada, todos se encontram perdidos e desesperados na sua própria escuridão e a historia passa a ser apenas um registo de sobrevivência de multidões, onde o ser humano é reduzido a sua verdadeira essência.
O livro não é somente uma história de cegos, é sim, o retrato cruel, chocante e impiedoso, por um lado, mas também de confiança, força, luta e coragem das relações entre os homens.
"Mais do que olhar, importa reparar no outro. Só dessa forma o homem se humaniza novamente"
E aqui reside a riqueza deste livro. Até onde somos capazes de ir para assegurar a nossa sobrevivência? Que valores conseguimos manter e quais perdemos de forma quase imediata? Como controlamos o nosso medo? Como vivemos sem esperança?
Concluindo, Ensaio sobre a Cegueira é um livro que eu recomendo mesmo aqueles mais cépticos em relação a forma de escrita de Saramago.
Deixo aqui alguns excertos deste livro:
"Quando o médico e o velho da venda preta entraram na camarata com a comida, não viram, não podiam ver, sete mulheres nuas, a cega das insónias estendida na cama, limpa como nunca estivera em toda a sua vida, enquanto outra mulher lavava, uma por uma, as suas companheiras, e depois a si própria."
"O medo cega, disse a rapariga dos óculos escuros, São palavras certas, já éramos cegos no momento em que cegámos, o medo nos cegou, o medo nos fará continuar cegos, Quem está a falar, perguntou o médico, Um cego, respondeu a voz, só um cego, é o que temos aqui. Então perguntou o velho da venda preta, Quantos cegos serão precisos para fazer uma cegueira. Ninguém lhe soube responder."
"Por que foi que cegámos, Não sei, talvez um dia se chegue a conhecer a razão, Queres que te diga o que penso, Diz, Penso que não cegámos, penso que estamos cegos, Cegos que vêem, Cegos que, vendo, não vêem."