sábado, janeiro 09, 2010

Caixa de chocolates


“A vida é como uma caixa de chocolates, nunca sabemos o que nos vai calhar…”
Forrest Gump


A vida é… a vida é...

Às vezes parece que nunca há pedras suficientes para atirar às dores que entram na pele.
Às vezes parece impossível mudar as voltas trocadas do mundo e amar apenas quem se deve amar. O emaranhado do destino e das suas forças controlam a nossa existência ditatorialmente.

Ela tinha dito ao ar que à volta dela girava, que devia amar quem a amava e não ficar sentada na beira do caminho da vida à espera que o sorriso dele chegasse com os primeiros raios de sol. Esperar, esperar apenas não chegava. A vida é mais que isso, por isso ela deu instruções ao carteiro para que este lhe trouxesse a cor da escrita dele numa carta que ele nunca escreveu apenas por medo. Sim, medo. Ele tinha muito medo da vida. Ele tinha muito medo de aceitar o bater acelerado do coração, o sorriso abstraído nos lábios quando relembrava o toque da mão dela, o suspiro involuntário quando pensava no olhar preso no seu, naquela vez imaginária em que se encontraram numa noite de Inverno, sem que nada, a não ser a luz enfeitiçadora da lua, o tivesse previsto e o tivesse provocado. Mas encontraram-se, nos sonhos dele, nos sonhos dela. Encontraram-se.
E nada foi como imaginaram.
Nada foi como previram.
Foi como tinha de ser.
E ela, nessa noite imaginária, disse-lhe que lamentava. Disse-lhe muitas coisas sem sentido. Falou-lhe da luz que tinha visto nele quando abriu os olhos e na sua imaginação o reencontrou. Falou-lhe do abraço que não deram, do beijo esquecido, do sorriso preso em frases banais atadas a um esforço que doeu por dentro, somente por dentro porque ninguém mais percebeu, para que o calor da pele ficasse presa a ela e não chegasse a ele.
E ela pensou na frase, aquela que Forrest Gump dissera à sua amada eterna:

“I’m not a smart man but I know what love is…”

E ela compreendeu que o carteiro não tinha recebido a sua mensagem. E que carta nenhuma chegaria e que, por isso, iria dormir nessa noite gelada de Inverno enrolada na certeza de que tudo estava como tinha de estar.

Porque a vida é como uma caixa de chocolates. E há que o saber aceitar!

9 comentários:

António disse...

Ainda bem que a vida é como uma caixa de chocolates! Ainda bem que na vida podemos sempre tomar opções... e a vida é isso mesmo: "Uma tomada constante de opções".
Fico feliz por saber que finalmente conseguiste sair das "areias movediças" deixando fundeado o carteiro!
A inteligência na vida consiste em
saber dar a volta quando sabemos que optamos por um caminho sem saída...

Beijinhos

António disse...

...e não devemos ter nunca medo dos confrontos! Pois até os planetas chocam e dele resultam estrelas...lol

Claudia disse...

Eu fazia um chocolate quente com essa caixa de chocolates. Juro que essa é a minha vontade.

Claudia disse...

Eu fazia um chocolate quente com essa caixa de chocolates. Juro que essa é a minha vontade.

Anónimo disse...

a imagem do chocolate quente, fundindo todas as possibilidades num doce chocolate apenas é magnífica!

Claudia disse...

Eu sabia que ias apreciar bastante!!

António disse...

Realmente julgo ser "uma caixa" apetitosa :)...e nestas noites frias de inverno tudo bem mexido (mas não batido!)... e bem quente seria tentador! Vá Filipa toma um pouco do chá da Cláudia...mas atenção pois à 2ª já é a cobrar! Ahahahahahah
Deus só a "maninha" para me fazer soltar uma gargalhada hoje.....
beijinhos

Anónimo disse...

Ora, visão de engenheira é outra coisa: dá problemas chocolates de vários tipos e vários sabores? Bora lá derreter tudo e transformar num belo chocolate quente! Mai nada!

Acabaram-se os dilemas! Se a vida fosse assim mesmo, a mana era a vencedora da visão estratégica!

Quanto ao cházinho... A mana tem razão: até se oferece um cházinho, mas não vale abusar, porque a engenheira tem visão e não gosta de se deixar explorar! E mexer sim, mas não chocalhar demasiado lololololo... senão vai coalhar!!!

lololol

Claudia disse...

Ainda bem que só vi os vossos comentários hoje! Hoje sim é o dia para me partir ao meio a rir com essas ideias.
Pergunto-vos o que me andam a perguntar muito nestes dias: "porque é que sois assim?".
Beijos e boas gargalhadas.