sexta-feira, janeiro 15, 2010

Nascer...Viver




O processo de nascer é por si só turbulento. A natureza prepara durante nove meses um ser e carrega-o de imensidão de possibilidades. No ventre materno tudo acontece muito rápido para que o novo ser humano esteja preparado para o momento do nascimento.
Mas nem sempre acontece assim. Desta vez a interferência externa fez com que parecesse urgente nascer. Uma queda maternal leva a volta apressada que tudo precipita.
Ainda não era o momento ou estaria aí também algo novo? O momento passou a ser agora, já.
Nasceu a bebé. Apressada.
Era urgente mudar de estado e deixar o conforto do útero para desbravar o mundo de cá de fora.
A poeira daquele chão não era de certeza o lugar ideal para a bebé gatinhar. Colocar término á vida de morte.
Seria essa a urgência?
Será que aquele sonho trocado por instantes tinha mesmo que acontecer e tornar-se nesta forma de vida tão concreta?
Fazia cada descoberta da mesma maneira. De forma rápida como deixava a poeira que ficava pela apressada passagem.
Um mundo inteiro de coisas para aprender, outro tanto para sentir e sempre e uma vez e outra tudo acontecia depressa.
Que significado teria esta corrida?
Não admira a inquietação que fica, o não saber lidar, quando o que agora rodeia o mesmo bebé - Chão áspero em demasia para gatinhar - não acontece á mesma velocidade. Inúmeras vezes escuta: “preciso de tempo”; “ainda não tenho a alegria de uma festa latina” e assim permanecem um bocadinho e outro e outro ainda.
O som do mar e a imensidão dos sentidos. Aqui volta a paz e parece que se volta ao princípio da vida ao estado uterino. Sossega-se um pouco a alma e renasce-se com outra força para inventar a poeira que fica pela apressada passagem.
Um novo caminho, uma mudança mais permanente, outra corrida.
Uma vontade de concretizar e eliminar depressa o lixo.

1 comentário:

Anónimo disse...

Limpar o lixo, reciclar o coração e prepará-lo para ser preenchido de novo... É assim que se renasce. Ou, usando uma metáfora ainda melhor, derreter os chocolates e fazer um doce e reconfortante chocolate quente!

E brindemos! Brindemos!
Quero ver-te de novo com o coração leve e cabeça despreocupada!