Quando amamos alguém e vemos que o caminho escolhido leva ao precipício, devemos intervir, alertar, fazer compreender... Mas o que custa, não é esta intervenção, esta orientação que pensamos ser a melhor para a pessoa a quem queremos bem. O difícil é proteger sem sufocar, é ajudar, orientar, esclarecer sem impôr uma alternativa. O que é penoso é dar apenas a mão sem arrastar o outro connosco. O que custa verdadeiramente é dizer a alguém que nos é querido e que amamos com todo o coração: "Sei que estás no caminho errado, mas deixo-te ir porque tu queres que assim seja, porque TU é que decides o teu destino e eu só posso ficar a assistir..." O que temos de mais sagrado é esta liberdade individual para podermos fazer com a nossa vida o que quisermos, mesmo sem escutar ninguém, sem ouvir os outros, esta liberdade para errar e crescer com os erros (ou ser destruido por eles). Mas também uma das coisas que mais custa é assistir ao desabar do mundo de alguém que amamos infinitamente e não ter podido fazer nada, precisamente devido a essa liberdade.
Não puder guardar todos os que amamos numa redoma de vidro e protegê-los dos precipícios da existência!...