quarta-feira, novembro 07, 2007

Como um rio

Pesam-me os braços, as pernas, todo o corpo que está a mim agarrado me pesa como um fardo absurdo e incontornável. Cansaço, cansaço....
E a cabeça como um rio que leva, que escorre a sanidade, que arrasta para longe o fio de lucidez…
A cabeça como um rio que arrasa a calma, que exaure a serenidade, que me deixa de olhar inerte, presa ao ruído, à alucinação. Sem nada lá dentro, só o absurdo resta. Não entendo o que me leva e traz, o que me empurra, o que me arrasta.
Um peso no peito, uma fadiga brutal instalada em todas as células do meu corpo. Deixo-me compelir pelas horas, pelos minutos, pelas obrigações que me chamam, pelo paradoxo de saber da inutilidade das coisas, do sem sentido dos compromissos, da iniquidade da rotina que mata tudo o que tem significado.
E a cabeça como um rio, sempre, todos os dias igual. Um rio sem margens, sem princípio nem fim, um rio que tudo arrasta, que tudo leva, só não leva este cansaço de mim.

2 comentários:

Alexandre disse...

Sentir que as margens que ladeiam o nosso rio, são o abraço caloroso dos que nos amam, dos que suportam o nosso trajecto até ao imenso mar da felicidade!

Claudia disse...

Não, não é cansaço... é a intensidade com que a tua bela pessoa vive que torna tudo à tua volta parte de ti.E a isso não és nem serás nunca indiferente.
Não é do vazio que se trata mas de um caminho que se começa a traçar e que exige de ti o teu coração...
Pára um pouco e espera e depois "vai onde te leva o coração".