quarta-feira, abril 30, 2008

Diário de uma mãe - 1



Gustave Klimt, Mãe e filho


- Mãe, quero pedir-te uma coisa, mas já sei que não vais deixar. Esquece.
Alguns (poucos) minutos depois:
- Mãe, amanhã posso fazer um trabalho para Inglês com a Lipa e com a Patrick?
- Claro,- disse eu. E elas vêm cá a casa de tarde?
- Sim. E podemos ir almoçar à pizzaria?
- Sozinhos?
- Oh mãe, claro. Vamos os três. Dás-me dez euros, então?
- E vão a pé? Sozinhos?
-Oh mãe… Claro.
E pronto. Foi assim o teu primeiro almoço fora, com as amigas, sem a mãe. Com onze anos.
Sempre rodeado de meninas, gostas também de estar com os outros rapazes, mas pareces preferir as conversas das meninas e as suas brincadeiras. Os rapazes têm brincadeiras muito físicas (empurram-se, jogam futebol, correm imenso), enquanto as meninas são mais cerebrais, escutam-te, conversam, discutem.
Estavas tão ansioso com o almoço que até esqueceste a mochila da Educação Física na escola! Claro que te passei um raspanete brutal e ameacei-te de te castigar se a mochila não aparecesse! No dia seguinte, correste a escola, bateste todas as esquinas e, finalmente, encontraste-a numa sala onde tiveste aula de substituição de, precisamente, Educação Física! Recuperaste a alegria, pois julgaste que te tiraria o telemóvel, o Disney Channel, o MSN… As tuas diversões preferidas.
Estás a crescer tão depressa…Pré-adolescente, como gostas de te chamar. Corpo de rapazinho e mente de quase-adolescente! Que questiona, que gere conflitos interiores, que procura entender coisas difíceis… E as "coisas difíceis" da adolescência ainda mal começaram!

terça-feira, abril 29, 2008

Dúvida - 2




Parece que vou escrever um post sobre a dúvida!...



Viver a dúvida é tão natural como viver a alegria ou a tristeza. A dúvida é sempre um estado de alma doloroso, mas todos sabemos que quando a vivemos não estamos sozinhos. Muitos são os que a sentem, tal como nós, nalgum momento da vida, em relação a algo ou a alguém.

A questão é: como agir quando se têm dúvidas?

Quando há um crime, por exemplo, como se pode condenar se as dúvidas pairarem sobre as consciências? Deve-se deixar um criminoso impune e pronto a cometer outro crime se sair ileso, ou punir, condenando, apesar das dúvidas e de não haver certezas, correndo-se, assim, o risco de condenar um inocente?

Porque há tantas pessoas que parecem ter sempre a certeza de tudo e outras que nunca estão seguras de nada, que vivem na indecisão e dúvida constantes?

Será que a maturidade aumenta a nossa certeza e diminui a dúvida?... Quantos de nós, então, desejariam "crescer" mais depressa?...

Dúvida - 1

Quando as emoções transbordam do coração, só podemos deixá-las aflorar aos olhos em forma de lágrimas...

As palmas ressoaram estridentes e fortes no teatro. A jovem actriz abraçava a Diva que terminava a peça com as enigmáticas palavras: "Tenho tantas dúvidas..."


A plateia estava repleta e a emoção fervilhava no ar, eclodindo em palmas a carga acumulada dos minutos em que a respiração estava presa e os olhares suspensos na representação da velha senhora do teatro, do actor reconhecido e aclamado e da jovem e emocionada actriz que mal cabia em si de felicidade naquele último dia de espectáculo.



"Dúvida" era a peça. Eunice Muñoz, Diogo Infante e Isabel Abreu os actores principais.

segunda-feira, abril 21, 2008

Humanidade ou moda ?

Numa das minhas muitas idas ao supermercado e enquanto aguardava pacientemente pela minha vez na caixa, olhei para o lado e vi uma bancada cheia de revistas, as tais chamadas revistas cor-de-rosa.
Numa das capas, saltou-me a atenção um dos títulos que dizia mais coisa menos coisa " Sofia Alves vai adoptar uma criança".
Olha mais uma, pensei eu.
Sim porque nos tempos que correm já são mil e uma celebridades que adoptam crianças.
Ele é o Bradd Pitt e a Angelina, Madonna, Sheryl Crow, George Lucas (realizador da guerra das estrelas), Tom Cruise e Nicole Kidman e até a conhecida Ágata foi buscar uma criança brasileira de 8 anos na costa da Caparica!
Perdoem-me se estiver errada, mas diria eu que é mais uma moda, isto para não lhe chamar um capricho ou pior ainda, uma forma de promoção.
Confesso que este tema nunca me suscitou qualquer dúvida e sempre achei uma atitude nobre o acto de adoptar crianças que por contingências da vida não puderam crescer no seu seio familiar.
Acontece que um dia destes fui tomar café com varias colegas de trabalho e uma delas, mãe de 3 filhos, comentou casualmente que ela e o marido pretendiam adoptar uma criança.
Ao contrario das demais, fiquei um pouco a modos que baralhada e numa tentativa de perceber este novo fenómeno social, questionei-a sobre o que a levava a ela, mãe de 3 filhos e com uma vida atarefada, a querer adoptar uma criança.
A resposta foi muito simples, rápida e directa: “para dar um exemplo de humanidade aos meus filhos”.
Bem, depois da resposta fiquei ainda mais confusa e baralhada que no inicio da mesma.
Um exemplo de humanidade, mas que bem!
Estava a espera de muitas respostas do tipo:
- Temos vontade de ajudar e criar uma criança sem possibilidades, dar-lhe um lar e uma boa educação;
- Que os laços de pai e mãe vão muito para além do biológico, e cingem-se tão somente na capacidade de dar e receber amor;
Mas não, os motivos não eram de todo esses.
Como sofro de um defeito terrível chamado pensamento excessivo, não consegui terminar a conversa por ali e voltei de novo a carga.
Comecei por lhe dizer que a vida nem sempre era linear e nem sempre as palavras são suficientes para se alcançar o âmago das experiências.
Que para mim a adopção era concebida para dar uma família a uma criança, e não para dar uma criança a uma família.
Adopção não é, ou melhor não deveria ser um acto de humanidade ou de caridade.
Não se pode ser mãe ou pai por humanidade, é preciso muito mais.
Que achava mais que compreensível que casais sem filhos adoptassem crianças mas quando se tratava de casais com filhos, como era o caso, outras questões se impunham.
Seria capaz numa situação de crise de ser totalmente imparcial perante um dos filhos legítimos e o adoptivo? Amaria incondicionalmente esse filho adoptivo como os seus próprios filhos?
Não me soube responder a tais questões até porque segundo me disse nunca tinha reflectido sobre elas…
Eu quanto a mim falo, teria a capacidade para criar a amar uma criança mas nunca conseguiria iguala-la ao que sinto pelo meu filho. Assim sendo, não tenho condições para adoptar quem quer que seja…
Tenho uma parte mas falta-me o todo.
Num outro contexto diria que são Dualidades, dualidades de opiniões … por aqui resta-me dizer, que enfim …
Acontece!

domingo, abril 20, 2008

Laços

Tudo se resume a laços. Os outros são como nós. Somos tão parecidos, afinal!...
Apetece dizer que sem os laços que nos unem aos outros não tínhamos onde nos agarrar, viveríamos desgarrados da nossa essência. Laços que unem, não laços que prendem, nem amarram. Unem e envolvem sem asfixiar.
O que são os laços?... Como se pressente que entre duas pessoas existe um laço que as une e as alimenta e lhes dá vida? …
Sentir que há alguém, numa sala cheia de gente, com um brilho no olhar que nos diz algo especial; acabar a frase que alguém começou sem ter nada premeditado; rir ao mesmo tempo de algo a que mais ninguém achou graça; sorrir com a lembrança dessa pessoa; sentir que dela só parecem vir coisas boas, sensações de alegria e calor, serenidade e harmonia; sentir que tudo parece bem porque esse alguém está presente…
Calcorreamos o mundo à procura de laços destes e afinidades assim e, muitas vezes, o que encontramos são nós: nós cegos, nós castrantes, nós que afligem, que perturbam, que fazem secar a alma e endurecer o coração.
Encontrar laços, viver experiências com alguém que parece ser uma extensão de nós… Olhar para o horizonte e ver um arco-íris... Consegues vê-lo comigo?...

sexta-feira, abril 18, 2008

Este espaço está mais belo!

Agora somos três!... E mais os outros todos que gostam de partilhar pensamentos e emoções por aqui! A partir de agora, somos três a escrever o que dita o coração, a experiência, a razão!... Somos três para que este espaço seja mais perfeito, mais rico e mais envolvente!
Fiquei feliz com a sugestão da Cláudia e mais feliz ainda quando a Mimi aceitou o convite para enriquecer este lugar de encontro (ou desencontro), este lugar onde o sol nasce sempre! Estávamos a precisar de uma lufada de ar fresco vindo do sul! :)
Bem vinda Mimi!...

terça-feira, abril 15, 2008

Há um cantinho na minha sala...


Aquele sitio reune muitos dos meus sonhos... Não apenas sonhos mas também vida! A partir dali vejo apenas um pedacinho de mar mas o suficiente para sentir que quando olho para o horizonte não lhe vejo o fim. Do mesmo modo que não vejo o fim do meu pensamento...
Dali não se consegue definir onde se separa o Mar do Céu nem em que instante o Sol deixa de se ver no fim do dia. Daquele pequenino sitio muitas foram as ideias que iniciei e outras tantas às quais pus fim. É apenas um lugar mas que guarda já tanto do que vivi que sempre que ali estou algo se abala em mim. São apenas breve instantes mas intensos momentos...