A sua cabeça imaginava e não a deixava dormir. Imaginava que no dia seguinte a mãe não iria trabalhar e iria fazer a ceia de Natal sem pressa, que o pai não iria tocar as Boas Festas com os amigos e com os irmãos, até de manhã, fazendo a mãe zangar-se durante uma semana, durante meses, durante toda a vida. Imaginava que o pai não iria implicar com tudo e que a mãe não iria gritar com elas, as filhas, com ele, com todos. Imaginava que haveria dinheiro suficiente para comprar presentes, que a mãe estaria menos triste e que o pai estaria menos ausente. Imaginava que viviam numa casa aquecida e com móveis bonitos e que teria roupa nova no sapatinho. Imaginava uma enorme árvore de natal e um presépio novo, com peças de porcelana brilhante e macia. Imaginava que o menino Jesus estaria intacto e não colado e com a face desfigurada.
Acabou por adormecer e, no dia seguinte, na véspera de Natal, correu a ver o presépio…
...continua...
2 comentários:
Começo a acreditar que a imaginação é essa aliada que ajuda na sobrevivência quando se está em ambientes menos adequados.
Ainda bem que a tua imaginação é fértil e obrigada por guardares o quarto enquanto eu ali estava ao lado.
Quando era pequena também imaginava formas de pessoas/objectos em algumas das coisas que via.
Normalmente fazia-o quando olhava para as nuvens que se moviam por causa do vento...
E pensava que só eu fazia isso :o)))))))))
Ao contrátio de ti, eu nunca queria dormir junto à porta! A minha irmã como era mais velha, deveria ter mais força e proteger-me caso alguém me quisesse fazer mal, pensava eu ...
Era uma menina ingénua eu :o)))))))))
Beijinhos,
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