sexta-feira, dezembro 17, 2010

Esperança

Acorda todos os dias com uma esperança.
Com a esperança que o dia de hoje seja melhor que o de ontem e pior que o amanhã.
Inventa maneiras de superar aquilo que sente.
Um vazio e uma dor como nunca antes sentira...
Todos lhe dizem que é forte e que o tempo, esse bendito, apaga tudo, suaviza e ajuda a aceitar e a entender aquilo que hoje não tem qualquer explicação.
Não acredita,ouve, mas não responde.
Sente-se amputada todos os dias. Parte de si morreu e debate-se por seguir em frente com essa limitação.
E engole em seco muitas vezes durante o mesmo dia. E chora em silêncio outras tantas.
Por um cheiro, por uma expressão, por uma memória, mas principalmente pela saudade.
Nunca gostou que os outros sentissem pena dela, que os olhares lhe recaíssem.
E por isso mesmo não fala do assunto com ninguém a não ser com ela própria.
Até porque já nada há para dizer e já ninguém a pode ajudar.
É definitivo,sem solução,sem retorno. Para sempre.
Perguntam-lhe diversas vezes o que queria este Natal.Apática, responde sempre o mesmo: nada...
Porque o seu desejo mais profundo era tão somente colocar mais um prato na mesa... e esse desejo, nem a estrela mais iluminada deste Natal, lhe irá conceder.

3 comentários:

Claudia disse...

Que esse amor que vos uniu ajude na aprendizagem que parece impossivel: viver apenas com o sentir e a recordação.

Anónimo disse...

Um querido amigo meu enviou-me umas palavras a propósito deste post. Diz ele que sabe exactamente o que sentes quando vê o lugar vazio na mesa, sobretudo no Natal... Diz ele que nessas alturas não se deve estar sozinho...

Nessas alturas, a intensidade da dor só consegue ser suplantada pela intensidade do amor: o amor que sentes pelos que cá estão... E então, segues em frente... mais um Natal, mais um ano, mais uma vida...
Beijo no coração.

Beatriz disse...

Selinho para vocês no meu blog :)