terça-feira, junho 29, 2010


O autor do Principezinho faz hoje 110 anos!
Passados estes anos todos o Principezinho continua sem crescer e a sonhar agarrado às estrelas que cativou.
Também eu continuo agarrada às minhas estrelas que me guiam e mesmo que, de vez em quando, descubra que uma delas é uma estrela cadente continua a ser minha. Deixo-a solta para seguir esse caminho diferente do meu percurso mas continuo a senti-la parte de mim: "somos responsáveis pelo que cativamos" Antoine de Saint-Exupéry.
Continuo o meu sonho e a viagem continua a ser iluminada pelo brilho das estrelas que deixei que me cativassem.

sábado, junho 26, 2010

Os rebuçados da Avó



A Avó faz o almoço e chama todos para lá irem. Todos não, telefona às filhas (" E tragam os meninos! Fiz canja para o Afonso"). O filho ainda lá vive, não é preciso chamar... A Avó anda sempre acelerada, de um lado para o outro a ver se todos comem, se todos têm arroz ou um pedaço de lombo, ou salada, ou se falta pão, ou se o copo está cheio. Sempre acelerada. Tem artrozes nos ossos quase todos, mas anda sempre cheia de pressa, sempre atarefada. Quase não se senta e quando o faz levanta-se a custo. As articulações estão presas, as dores estão instaladas. Mas nem por isso abranda. E sai a sopa e sai o arroz e o assado e logo a seguir a sobremesa. Tem o hábito de descascar a fruta, porque a filha mais nova não come se não for assim (a filha mais nova é a mãe do Afonso que já passou dos 35 mas continua preguiçosa para comer, tal como o filho). A mais velha não precisa que descasque a fruta. Sempre comeu bem a fruta e os legumes. A mais nova não, essa consumiu-lhe sempre a cabeça com as esquisitices para comer. O Afonso também é assim, por isso, em casa da Avó quase só come canja. A canja da Avó é diferente, é melhor que as outras. Eu também acho que a canja é melhor e a sopa também. E o assado tem um sabor especial, porque a Avó deixa o assado cozinhar devagarinho e os sabores misturam-se e fica tudo mais apurado... A Avó não gosta de carne, por isso muitas vezes come sopa, legumes, arroz, batatas e ri-se, porque nem sempre lhe apetece peixe e nós rimo-nos, porque ela está sempre a dizer "Tira mais carne, está tenrinha, olha, olha como está boa!". Ela que nem a provou sabe que a carne está boa. E está mesmo! E para o Edgar é o frango, o peito, que o rapaz só gosta de carne branquinha e sem ossos...
"Avó, onde estão os rebuçados?", pergunta ele. Há uma lata dentro do velho armário que tem sempre guloseimas. O neto mais velho sabe. A Avó tem sempre rebuçados. E no final do almoço a lata aparece e de lá de dentro rebuçados de mil cores surgem nas mãos da avó que os espalha na mesa, com um sorriso no rosto! E antes de ir embora, enche os bolsos ao neto com mais alguns para o caminho! "Só em casa da Avó é que há rebuçados destes!"

domingo, junho 20, 2010

A promessa


Maria Rosa Amaro (03-03-1948 / 14-06-2010)

Hoje fui à tua missa do 7º dia.
Bem sabes que não gosto de missas, padres e igrejas.
Bem sabes que não acredito em Deus.
Bem sabes que só creio nos homens e nas suas capacidades de mover o mundo. De o fazer girar.
Tenho a certeza, que onde quer que estejas, os teus lindos olhos azuis não puderam deixar de sorrir, ao ver-me ali.
Sorrir alias, como sempre fizeram quando me viam. Um sorriso sincero, puro, doce, meigo e generoso. O sorriso de quem ama. O sorriso de uma mãe.
O teu sorriso! Indescritível, único e inigualável …
Sei que sabes que neste último mês mudei. Para melhor.
Que chorei em todo lado sem vergonha nem reservas, que me abracei, em busca de consolo a quem nem sequer conhecia.
Que sorri entre amigos, lavada muitas vezes em lágrimas. E também sabes que até pedi a Deus, a esse teu Deus em que acreditavas que me fizesse um milagre.
O milagre da vida. O milagre da salvação. O milagre que nunca chegou.
Sei que sabes que a dor nos muda, nos torna maiores, melhores e mais misericordiosos.
Connosco e com os demais.
Sei que sabes, melhor que ninguém que a vida, ao contrário do que eu supunha, não é um dado adquirido. Deve ser vivida na sua plenitude.
Confessaste ao pai que eu era a única pessoa a quem não conseguias dizer que ias partir.
Dizias que eu não aceitava. É verdade mãe. Não aceito!
Percebi, naquele dia em que me agarraste a mão que pretendias passar-me essa mensagem:
“Filha, desde pequena que sempre foste uma rapariga corajosa. E eu espero que tu nunca percas essa coragem.”
O meu coração estrangulado respondeu-te que sim.
E prometo continuar a sê-lo, mãe!
Por ti.
Por mim.
E por todos nós.


As palavras são eternas... o corpo, não... RIP José Saramago

“Por que foi que cegámos, Não sei, talvez um dia se chegue a conhecer a razão, Queres que te diga o que penso, Diz, Penso que não cegámos, penso que estamos cegos, Cegos que veem, Cegos que, vendo, não veem”

“O medo cega, disse a rapariga dos óculos escuros, São palavras certas, já éramos cegos no momento em que cegámos, o medo nos cegou, o medo nos fará continuar cegos, Quem está a falar, perguntou o médico, Um cego, respondeu a voz, só um cego, é o que temos aqui.”

“Lutar foi sempre, mais ou menos, uma forma de cegueira, Isto é diferente, Farás o que melhor te parecer, mas não te esqueças daquilo que nós somos aqui, cegos, simplesmente cegos, cegos sem retóricas nem comiserações, o mundo caridoso e pitoresco dos ceguinhos acabou, agora é o reino duro, cruel e implacável dos cegos, Se tu pudesses ver o que eu sou obrigada a ver, quererias estar cego, Acredito, mas não preciso, cego já estou, Perdoa-me, meu querido, se tu soubesses, Sei, sei, levei a minha vida a olhar para dentro dos olhos das pessoas, é o único lugar do corpo onde talvez ainda exista uma alma (...)”

José Saramago, Ensaio sobre a cegueira

terça-feira, junho 15, 2010

Luto


Hoje o dia amanheceu de LUTO...

Hoje o nosso coração chora contigo, Mimi...

Hoje o céu ganhou mais um anjo
Hoje o dia tem lágrimas e saudade e a certeza que não acabamos aqui
Hoje sabemos que na próxima vida estaremos juntos de novo
E que a tua MÃE faz parte das estrelas que nos iluminam à noite


Hoje o nosso coração chora contigo, Mimi...
Força, coragem e um abraço apertado com toda a nossa amizade e amor por TI...

sexta-feira, junho 11, 2010

Por uma noite



Porque há noites assim :)

terça-feira, junho 08, 2010

Desejo Profundo

Porque há dias em que uma imagem vale mais que 1000 palavras ...

segunda-feira, junho 07, 2010

Da Gente que Eu Gosto

Eu gosto de gente que vibra, que não tem de ser empurrada, que não precisa que se lhe diga que faça as coisas, mas que sabe o que tem que fazer.
E faz.
Gente que cultiva seus sonhos até que esses sonhos se apoderam de sua própria realidade.

Gosto de gente com capacidade para assumir as consequências das suas ações, de gente que arrisca o certo pelo incerto para ir atrás de um sonho, que se permite abandonar os conselhos sensatos, deixando as soluções nas mãos de Deus.

Gosto de gente que é justa com sua gente e consigo mesma, de gente que agradece o novo dia, as coisas boas que existem em sua vida, que vive cada hora com ânimo, dando o melhor de si, agradecida por estar viva, por poder distribuir sorrisos, de oferecer suas mãos e ajudar generosamente sem esperar nada em troca.

Gosto de gente capaz de me criticar construtivamente e de frente, mas sem me lastimar ou me ferir.
De gente que tem tacto.
Gosto de gente que possui sentido de justiça.
A estes chamo de meus amigos.

Gosto de gente que sabe a importância da alegria e a practica.
De gente que por meio de piadas nos ensina a conceber a vida com humor.
De gente que nunca deixa de ser animada.
Gosto de gente que nos contagia com sua energia.

Gosto de gente sincera e franca, capaz de se opor com argumentos razoáveis a qualquer decisão.
Gosto de gente fiel e persistente, que não descansa quando se trata de alcançar objetivos e ideias.
Encanta-me a gente com critérios, que não se envergonha em reconhecer que se equivocou ou que não sabe algo.
De gente que, ao aceitar seus erros, se esforça genuinamente por não voltar a cometê-los.
De gente que luta contra adversidades.
Gosto de gente que busca soluções.

A sensibilidade, a coragem, a solidariedade, a bondade, o respeito, a tranquilidade, os valores, a alegria, a humildade, a fé, a felicidade, o tacto, a confiança, a esperança, o agradecimento, a sabedoria, os sonhos, o arrependimento, e o amor para com os demais e consigo próprio são coisas fundamentais para se chamar GENTE.

Mario Benedetti