sexta-feira, julho 18, 2008

Hoje Subscrevo!


Sempre fui uma boa aluna a filosofia. Vá-se lá saber porquê?
Interessava-me pela maior parte dos temas discutidos, ao contrário da maior parte dos meus colegas da época.
Numa das inúmeras aulas falávamos sobre um filósofo chamado Rousseau, ou melhor, Jean-Jacques Rousseau.
Despertou-me interesse por vários motivos, por ser um dos percursores do romantismo e ilusionismo em França, o meu país de origem, mas principalmente porque grande parte dos seus ideais políticos terem tido uma grande influência nas inspirações da grande Revolução Francesa.
Era assim em traços gerais e de uma forma mais sucinta, um anti capitalista, grande contestador no que diz respeito a desigualdade e a injustiça entre os homens.
Desigualdade e injustiça … aqui estão concentradas nestas duas palavras, atitudes e comportamentos que me indignam e tiram francamente do sério!
Com toda a certeza, foi esse o motivo pelo qual Rousseau captou a minha atenção.
Voltando um pouco atrás, e situando-me numa das muitas aulas de filosofia ouvi uma das suas célebres frases, que retive até hoje, que diz mais coisa menos coisa o seguinte:
“Todo o homem nasce puro, a sociedade é que o corrompe”.
Na altura confesso que achei que ela não fazia grande sentido.
Para mim existiam apenas dois grandes grupos de pessoas, as boas, correctas que cumpriam sempre os seus direitos e obrigações e as más ou incorrectas, que apenas se centravam nos seus direitos esquecendo a maior das vezes as suas obrigações.
Esses dois grupos eram divididos, para mim, não pelo seu percurso na sociedade mas sim pelos valores que lhes tinham sido incutidos pelos seus antepassados, pais, avos e familiares.
Digamos que era mais ou menos linear!
Assim nessa fase da adolescência, em que existia de certa forma muita ingenuidade e desconhecimento sobre muitas questões práticas da vida, eu incluía-me no primeiro grupo. No grupo das pessoas correctas que jamais em tempo algum pisariam o risco e passariam para o lado do segundo grupo.
Tinha sido educada com princípios e valores morais que nunca me permitiriam incumprir o que quer que fosse.
Distam hoje quase uma dezena de anos desses tempos em que de algum modo, o meu mundo era pintado somente no tom de rosa…
Aprendi que a justiça, a razão e o direito fenecem perante o desespero, e como tal, quando somos postos a prova e considerando que se luta muitas vezes de mãos nuas, e sem qualquer protecção, deixam de existir conceitos como a elegância, o correcto, o moral e a educação.
Esquecemos os valores apreendidos até então e concentramo-nos único e exclusivamente em sair com poucas maleitas e de preferência vivos da refrega!
Demorei alguns anos a perceber o sentido e a verdadeira dimensão desta frase … hoje subscrevo-a!

5 comentários:

Anónimo disse...

Todos somos moldáveis. Uns mais, outros menos. À familia, aos amigos, aos colegas, ao emprego, à sociedade...
Cabe a cada um definir o seu limite de maleabilidade e conseguir filtrar o que ela traz de positivo e de negativo.

Beijo. ;o)

Claudia disse...

Subscrevo, subscrevo, subscrevo!! Tal como tu, só recentemente é que me vejo obrigada a por de parte o elegante, correcto e a o dever de cumprir as regras pois estou a viver a impunidade de quem assim não é. E o pior é que o não cumprimento além de não se traduzir em pena alguma afecta em primeiro lugar quem não tem absolutamente culpa e apenas é ignorado e vitima disso mesmo.
Parebéns!! Com o teu post ajudaste-me a libertar um pouco da minha indignação... sim, porque isto de não podermos ser autênticos por motivos de força maior só nos pode trazer indignação.

Anónimo disse...

É verdade amiga. Não existem só os bons e os maus...mas os humanos. E os humanos são capazes de todas as atitudes quando em causa está defenderem aquilo que desejam, mesmo que os desejos vão contra principios que defendam...
Na vida oscilamos ao sabor dos nossos anseios e desejos, o importante, creio eu,é mantermos a espinha dorsal sempre bem direita...é o que eu tento sempre faze.
Bom fds.
Bejos

Anónimo disse...

Acredito na sociedade de valores, na sociedade da educação e do respeito pelo próximo, no entanto sei que esta crença não impede que muitas vezes se proteja quem não merece ou que não haja quem de uma sociedade assim estruturada se aproveite para passar impune ou conseguir os seus intentos.

Aí surge a lei e a justiça, que todos queremos acreditar que se faz-se respeitar e é respeitada, como na imagem cega do post temo que nem sempre as coisas sejam tão lineares assim. Quem tem poder, dinheiro, tempo a favor de si,..., enfim um sem número de condicionantes tem da lei resultados diferentes e por vezes imcopreensíveis.

Nessas situações entendo e defendo quem por vezes haja contra os seus principíos, contra aquilo em que acredita para a defesa de bens maiores, para se munir das mesmas armas que todos os intervenientes.

Anónimo disse...

Hoje cada vez mais subscrevo que a justiça é cega. Em todos os sentidos. Nem dá vontade de ir por essa via: temos uma justiça morosa, obsoleta e ultrapassada. Resta, em muitos casos, agir por sua conta e risco... Como podem ver, também nasci pura, a sociedade é que me corrompeu!