um dia quando a ternura for a única regra da manhã
um dia, quando a ternura for a única regra da manhã,
acordarei entre os teus braços. a tua pele será talvez demasiado bela.
e a luz compreenderá a impossível compreensão do amor.
um dia, quando a chuva secar na memória, quando o inverno for
tão distante, quando o frio responder devagar com a voz arrastada
de um velho, estarei contigo e cantarão pássaros no parapeito da
nossa janela. sim, cantarão pássaros, haverá flores, mas nada disso
será culpa minha, porque eu acordarei nos teus braços e não direi
nem uma palavra, nem o príncipio de uma palavra, para não estragar
a perfeição da felicidade.
José Luís Peixoto
A criança em ruínas
3 comentários:
Tenho um selinho para vocês no meu blog! Espero que gostem...
Beijinhos!:)
Quero ler o resto dessa criança em ruinas. A avaliar por este pedacinho só pode ser um delicia de texto.
É maravilhoso ver em palavras a realidade dos sentidos.
Maravilhoso!
O dia pelo qual todos sonhamos..finalmente alguém o conseguiu colocar por palavras. Mas deu vontade de "...não dizer nem uma palavra para não estragar a perfeição da felicidade."
Beijinhos
Enviar um comentário