terça-feira, novembro 23, 2010

As meias

Os dias começaram a arrefecer. Rápido demais para o meu gosto e para os meus sentidos.
Bastou dizer isto à mãe para ela prontamente resolver o meu problema."Eu faço-te umas meias quentinhas, queres?"
E, sem meias medidas, as meias apareceram prontas."Vê lá se estão bem para eu poder ajustá-las se for o caso". E lá me explicou como se faz quando o tamanho não está certo.
Tudo deveria ser assim de fácil resolução.
- Não serve? Traz cá que eu ajeito. Desmanchas aqui deste lado e acrescentas ou retiras o que for preciso. Deveria ser assim.
Sei que a minha mãe faz assim com quase tudo. Só não ajeita aquilo que é para uso dela pois para ela está sempre bem.
Mas não foi preciso. As meias estão perfeitas e bem feitinhas tanto pelo direito como do avesso. A minha mãe ensinou-me o que é a perfeição assim desta forma simples:
- Viras do avesso e está igualzinho ao direito. Se não for assim é coisa de gente trapalhona.
Eu diria antes que se não for assim é de gente trapalhona e que vive de aparências e apenas repara no que se vê pelo lado direito das coisas.
Certinhas no tamanho, com os detalhes de acabamento para não fugirem pelos pés (tantas coisas que gostava que saissem pelos pés!).
Estava gelada e só mesmo estas meias para me aquecerem os pés nestas noites frias que me gelam até a alma.
O carinho com que as fizeste para mim torna-as especialmente cómodas e aliviam até o que o coração ainda sente falta. Durmo com a companhia do carinho e amor de mãe.
E melhor que um par de meias só mesmo o que me deste a seguir: outro par, para que nunca durma de pés frios!

2 comentários:

Anónimo disse...

coisas únicas que só nós sabemos...

Mimi disse...

Foi impossível ler este teu post sem deitar umas lágrimas ...

A minha mãe tinha muito jeito para costurar. Eu como sempre fui vaidosita, assim que compro umas calças levo-as logo para casa e toca a fazer a bainha :o))

Mas diga-se de passagem que eu ao contrário da minha mãe, não tenho jeitinho nenhum para a costura e aquilo por dentro ficava uma coisa esperta :o)))

E lá iam as calças, passado uns tempos (quando já tivesse saciado a vaidosice de andar com elas), para a minha mãe as arranjar.

Sempre que as virava do avesso, sorria... da mesma forma como eu muitas vezes sorrio quando vejo o Gonçalo nas trapalhices.

Coisas de Mãe ! ;o)

Bejinho grande amiga e continua a dormir bem aconchegada, porque não existe melhor aconchego que o carinho a amor de mãe ...