terça-feira, novembro 23, 2010

coisas boas e uns sapatos de verniz

Coisas mesmo boas: um pôr-do-sol à beira mar. Bem, não foi bem pôr-do-sol, o céu estava cinzento e as gaivotas descansavam nas rochas, indiciando tempestade no mar. Foi mais um entardecer a ver o mar revolto e a escutar a minha voz interior. Adoro estes momentos comigo. Sobretudo quando estou com bom humor e consigo aturar-me.
Outra coisa muito boa: um jantar em excelente companhia num restaurante italiano. Lasanha vegetariana e um jarro de sangria. Hummmm. Delicious… A seguir uma comédia semi-musical – “Encalhadas”! Hilariante, absolutamente fabulosa. Até tinha uma ex-miss Valongo (ou Balongo, como soar melhor). Ai como nos rimos… Se já estivesse na idade da incontinência iria ser complicado…
Para rematar a noite, outra coisa muito boa: um pé de dança num dos lugares do costume onde a música ainda é o que era. É sempre quando vou ao bar que me acontecem as abordagens imprevistas. Desta vez foi assim:
“Parabéns!” quase encostado ao meu ouvido. Despistada como sou, assustei-me. O homem tinha perto de 1.90m e riu-se. Perguntei-lhe porquê? Parabéns porquê, santa mãe de Deus… assustou-me a valer. Riu-se outra vez. “Pela sua beleza.” Encolhi os ombros e disse obrigada. Apetecia-me um vinho do Porto e não conversa da treta. Avancei em direcção ao bar. Pouco depois já na pista, de copo raso na mão (o barman foi muito simpático e encheu até transbordar) dou comigo a dançar menos para não entornar o precioso líquido e vejo o dito cujo a aproximar-se. Desta vez a tirada foi mais profunda: “Se olhar muito para si vou começar a ter de ler Braille…” AHAHAHA E ele continua: “Sim, porque ficarei cego.” Lembrei-me logo da outra frase: “És linda como o sol: nem te posso olhar de frente…” Enfim, os homens têm de passar por estes dramas em vários actos para poderem engatar. Costumo dizer que se fosse homem ia ser uma chatice. Jamais na vida faria uma ceninha destas. Iria acabar como o Clooney, solteiro aos 50. A mana diz que faria o mesmo que eles e muito pior, se fosse preciso. Eu cá, nem pensar. Sobretudo se levasse calçados uns sapatos de verniz, tamanho, digamos, 44,5 mais ou menos, e pior ainda, de bico. Sapatos de homem de bico são horrendos, segundo os meus ícones de beleza, mas mandam-me directamente para a cova se forem de verniz. O homem do Braille calçava um par deles do género. Deviam ser caríssimos, não duvido, mas perdi a compostura e desmanchei-me a rir. “É ainda mais bonita a rir, tem um sorriso lindíssimo…” Pronto, levantei-lhe a mão e disse: “Páre, não diga mais nada, por favor!” E lembrei-me da outra vez em que disse ao Italiano: “Parla, gosto de te ouvir!” Irra, sou mesmo mandona. Mas, quer um quer outro, obedeceram. É o que importa.

No dia seguinte, havia outra coisa muito boa: um convívio de família. Primos e primas que já não se viam há cerca de vinte anos, nalguns casos mais, resolveram juntar-se numa tarde gelada de Novembro à volta do churrasco e das castanhas e lembraram a infância e as brincadeiras, a juventude e as aventuras, os dramas, as alegrias, as conquistas, as lutas de cada um. Uns estavam quase na mesma, outros com uns valentes quilos a mais, outros ainda com menos cabelo, porque a testosterona circula em grandes doses na família e os homens não ficariam muito bem de cabelo comprido, se o tivessem. Os filhos de uns e outros que não conhecíamos, as contas de cabeça para adivinhar a idade de cada um. Ai como o tempo passa…

Carpe diem!… E muitas coisas boas, de preferência!

3 comentários:

Claudia disse...

O que eu me ri com aquela peça, ou melhor peças! A de teatro foi mesmo uma comédia e o dos sapatos de verniz apenas prolongou por mais um episódio o que se retratava naquele palco. O ser humano tem disto.

Claudia disse...

O convivio de familia foi uma agradável surpresa. É maravilhoso darmo-nos conta como somos parte de uma familia tão grande, diversificada e mesmo assim animadissima.
Para repetir :)

Mimi disse...

LOLOLOLOL

Sapatinho de verniz bicudo é do melhor que há !!! :o))))
De fugir !! Medoooooooooo :o)

Já vi que as vossas noites continuam bem animadas :o) E um bem-haja a estes cromos, porque a vida sem eles não tinha o mesmo sabor LOLOLOL