segunda-feira, março 01, 2010

Esperança

 Juntos mas não demasiado perto
A olharmo-nos de frente mas sem tapar o rosto um do outro
A caminhar mas em estradas paralelas
é assim que deve ser
cada um é um individuo e não pode fundir-se no outro
não compreendo o caminho mas sigo em frente para te encontrar
algo pelo caminho atropela os sentidos
por vezes ficamos parados no meio do caminho
mas quando essa espera é demasiado longa
precisamos continuar e o que te tiver que nos acompanhar lá estará no próximo atalho
a vida não é feita em linha recta.
Tem paragens, tem desvios e por vezes nem vemos a direcção
o importante é não ter medo de seguir.
não nascemos para ficar no mesmo lugar
nascemos para trilhar caminhos e muitos não estão desenhado nem têm mapa
segue-se numa direcção
o importante é ainda não perder a nossa alma.
ouvi uma história que não sei dizer se ouvi ou se escrevi mas que tem a ver comigo:
"Um dia disse que os nossos corações se haveriam de encontrar e conversar sozinhos.
Hoje o que aconteceu foi o encontro das nossas duas almas.
Não imaginas o que conversaram.
A maior parte do tempo foi a minha que falou. Disse que não estava arrependida de nada pois foi sempre verdadeira contigo e que se entregou em plenitude. Quando assim é não há espaço para o arrependimento pois não houve falha alguma.
Falei tantas vezes do que sentia e da grandiosidadeque trazida amarrada ao meu coração.
Conversei tantas e tantas vezes contigo para que entendesses que aqui na tua frente estava alguém como nunca irás encontrar. Alguém disponível e entregue na totalidade.
Alguém que sabe o que é o amor no bem e no mal, no bom e no pior da vida, das vidas.
Compreendi tudo e todos os cenários que estavam na minha frente e ainda assim queria-os amar.
Descobri da forma mais cruel que todas essas conversas foram monólogos da minha voz para um buraco de onde apenas ouvia o seu eco.
Nunca foste tu que falaste, que fizeste coisa alguma.
Tudo foi entregue e dado ao vazio em que vive a tua alma.
Não sei o que o futuro te reserva mas a continuar como tens sido jamais te darás conta da oportunidade que não agarraste e, a ser diferente, a dares-te conta de alguma coisa, apenas terás tempo para te arrepender e lamentar o que não conseguiste ver no evidente.
Na tua frente não tinhas apenas um momento bom da vida mas algo único e irrepetível.
A minha alma resolveu todas as suas dúvidas. Falou-te de tudo. Mostrou-te a tua ausência da entrega, amizade e amor e acima de tudo de respeito.
Quem não respeita não pode esperar ser respeitado, e o resto da tua fugaz existência mostrar-te-a isso mesmo.
Tudo o que te dei - sim, tudo o que te dei não tem preço e jamais o conseguirás comprar em alguma parte do mundo: deste ou de outro.
A atrocidade que cometeste não tem medida porque nem ser amigo fiel conseguiste.
Não conseguiste ser verdadeiro e tudo o que enrolaste durante este tempo apenas serviu para te enrolar a ti e à tua alma num emaranhado do qual jamais te livrarás. És prisioneiro dessa forma de ser.
A minha alma e o meu coração apaixonaram-se por alguém que não és tu. Aparentaste ser mas com uma ou duas provas mostraste como falhavas nesse teu disfarce.
Entraste por engano na minha vida e eu vivi-o como se tratasse de uma verdade mas a mentira não dura sempre e a descoberta foi dolorosa.
Fez muito ruído no meu coração que de dia e de noite não sossegava.
Apenas agora, quando a conversa de almas aconteceu é que ele se acalmou.
De vez em quando ainda insinuas o acto mas como o teu papel é falso não representas bem.
Fiquei a conhecer-te melhor do que tu próprio pois escutei com serenidade cada acto da tua peça.
Olho e vejo que apenas representas e que pode ser que isso ainda te traga um ou outro momento razoável mas garanto-te que é fugaz e que se desfará num instante. Nunca te hás-de sentir pleno ou melhor tu não és capaz de sentir.
Não sei até onde querias levar esta farsa mas estou grata ao sofrimento que me mostrou que eu amava outra pessoa que não és tu.
Alavanquei-me na minha dor, no meu pesar mas acima de tudo na minha descoberta.
Esta não é a pessoa que eu quero para minha alma companheira pois o teu caminho não tem nada para ser percorrido.
Vives na mentira, no engano, na ilusão permanente. Se algum dia a claridade chegar ao teu coração apenas conseguirás morrer pois perdeste pelo caminho o que de mais valioso alguém pode desejar para os seus dias.
A minha alma calou-se por instantes e da tua nada saiu. Não podia. Não tem lá nada.
És uma alma vazia e apenas fazes eco. Tiveste bons momentos pois o que a minha alma falou para ti e te deu foram coisas magníficas e apenas, quando muito, conseguiste ouvir o eco que ressoavas.
Agora já nem isso te é permitido.
Tudo à tua volta está a desmoronar-se e é uma questão de tempo para cair e partir-se tudo.
Restarás apenas tu sózinho e vazio.
Não ouvi palavras de amor nem coisas doces. Não recebi mimos nem surpresas de tirar a respiração. Não podia.
Tu não tens nada para dar.
Criei uma pessoa e descobri que afinal era apenas criação minha. Não existe.
Revelaste um bocadinho desse vazio nas ultimas conversas horrendas e sem sentido.
Ocas e vazias de qualquer sentimento nobre.
Arrastas-te a cada dia mas pensas que estás a passear.
Vives num engano e enganaste dizendo que isso é viver quando isso nem sequer é sobreviver pois não tens a mínima noção de sentimento algum.
Não me tem custado mesmo nada viver estes dias após a conversa das nossas almas.
Não sinto falta de coisa alguma pois apercebi-me que afinal estes dias são iguais aos anteriores.
De ti não têm nada! Não acrescentaste nada à minha vida e todo este tempo vivi sozinha, por mim e comigo apenas. Tinha somente a mais a ideia de alguém que descobri que não existe e que por isso em nada modificou o meu dia de hoje, de ontem e o que há-de vir."
A vida não é para ilusões mas apenas e só para a verdade. Seja ela qual for.

5 comentários:

António disse...

O "Belo" da Filipa colmatado com a "Esperança" da Cláudia... que mais podemos pedir? Que belo post nos ofereces e que merece muita reflexão da minha parte....
beijinhos e obrigado

Anónimo disse...

Há resoluções importantes e definitivas...

Estás no bom caminho...

Força!

Anónimo disse...

Abre-te caminho para o novo rumo!

Claudia disse...

O rumo só poderá ser bom se formos nós o timoneiro do nosso barco. Já aprendi que deixar em mãos alheias não é seguro e além disso quase nunca cuida bem de nós.

Mimi disse...

Deu-me bastante prazer ler este teu post, não só pelo facto de estar bem escrito, mas principalmente porque representa a tua libertação.

Deixo-te um brinde, por essa tua capacidade em colocar um ponto final em algo te faz sofrer, em algo que não tem presente, e consequentemente muito menos futuro!

Um grande beijinho!