quarta-feira, novembro 05, 2008

Quem esta pessoa que está ao meu lado?


Li recentemente a seguinte frase: "É necessário uma dose homeopática de masoquismo para viver em sociedade e tolerar aquele estranho que temos ao lado no metro, na fila do cinema, no trabalho e na cama".
Já muitas vezes ouvi comentar que era muito dificil estar ao lado de certas pessoas - isto já para não falar de conviver - quando não somos nós que as escolhemos para ali estar... mas hoje faz-me muito mais confusão estar ao lado de pessoas que escolhi erradamente e mais ainda quando é difícil, senão mesmo impossível, afastá-las de vez do meu caminho.
Um destes dias fiz um exercício que durante muitos anos o repeti sem nunca ter pensado desta maneira: por força das circunstâncias estive numa igreja em comunidade, a rezar ao lado de tanta gente que eu não escolhi (nestes locais nunca escolhemos as pessoas que ali estão). Achei muito estranho rezar, e ainda por cima em voz alta, em unissono com aquelas pessoas. Senti que foi muito dificil pois sentia cada frase que dizia de uma forma autêntica (as plavaras entravam em mim e faziam eco no meu coração) e estava a partilhar isso com todos os presentes.
Saí dali a questionar tudo o que se faz numa oração em comunidade, o seu sentido ou a falta dele do ponto de vista de tanta gente...e não pude deixar de me questionar sobre esta homeopatia de viver em sociedade.

2 comentários:

Unknown disse...

"É necessário uma dose homeopática de masoquismo para viver em sociedade e tolerar aquele estranho que temos ao lado no metro, na fila do cinema, no trabalho e na cama."

Frase interessante, particularmente a parte final: dose homeopática de masoquismo para tolerar aquele estranho que temos ao lado NA CAMA!
Na nossa cama... Um estranho?
Sim, não é tão absurdo assim! Quantas relações chegaram já a um ponto em que aquele que temos ao nosso lado é um perfeito estranho? Ou até seria melhor que fosse mesmo um estranho para podermos dizer: "OK, vai à tua vidinha que já cá não fazes mais nada que chatear!Allez! Calça lá as botinhas e põe-te a mexer!"

Deus me livre de sentir assim (de novo!)... Como diz o outro: Jamais Salomé! (Hoje estou muito francófona! Eu que até nem gosto nada de francezices!)

No trabalho, na sociedade, as coisas são mais fáceis. Eu cá não ando com vontade de fazer fretes a ninguém. Se não me apetece aturar alguém, arranjo uma desculpa ("Desculpa, tenho que ir fazer chichi... Tenho que ir ao cabeleireiro, tenho que ir dormir...) e desapareço. Nunca tive grande pendor para o masoquismo!
Agora só me apetece estar com quem me apetece. Ponto final.

Anónimo disse...

É difícil lidar muitas vezes com pessoas com as quais não temos a mínima afinidade.
A mim acontece-me muitas vezes quando mudo de projecto e me vejo de um dia para o outro ‘obrigada’ a ter de lidar com determinadas pessoas cuja futilidade raia o absurdo! Acho que essa é a única situação onde a presença dos outros me é imposta, isto é, apenas no meu horário laboral! Fora dele as coisas funcionam de outro modo…
Uma das coisas que o tempo me trouxe (para além da Flacidez! :o)))) foi a necessidade de aproveitar o meu tempo livre da melhor forma, e por isso, quando o programa ou a companhia não me agrada puro e simplesmente não vou. Recuso-me determinantemente a fazer fretes! O velho lema do “Fica bem ir/estar” ou “Fica mal” comigo não funciona.
Olhando para o comentário da Filipa que se remete em algumas partes ao relacionamento a dois, diria que sim, que de facto podemos um dia olhar para a pessoa ao nosso lado e ver um estranho.
A isso chama-se Mudança, característica intrínseca em todos nós. O importante nessas alturas é perceber o quanto isso nos afecta e até que ponto estamos dispostos a suportar o fardo que essa mudança impõe.
Beijinhos,